18 de Maio: MPPB alerta pais e profissionais sobre sinais apresentados por crianças e adolescentes vítimas de violência sexual.
A cada dois dias, uma
criança ou adolescente é vítima de violência sexual na Paraíba, de acordo com
dados do Disque 123. O dado é apenas uma amostragem, diante do fato de que
muitos casos ainda não são denunciados e que se trata, apenas, de um dos canais
de denúncia existentes. Para estimular pais, educadores, médicos, conselheiros
tutelares e outros profissionais que lidam com o público infantojuvenil a
ficarem atentos, identificarem e ajudarem vítimas de abuso e exploração sexual,
o Ministério Público da Paraíba (MPPB) está divulgando peças nas redes digitais
da instituição que podem ajudar no reconhecimento desse problema. A ação é em
alusão ao 18 de Maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de
Crianças e Adolescentes.
Segundo a coordenadora do
Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa da Criança e do
Adolescente, a promotora de Justiça Juliana Couto, um dos motivos da
subnotificação dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes se
deve ao fato de, na maioria das vezes, o agressor ser alguém que mantém vínculo
afetivo ou de confiança com a vítima e que vive na mesma família.
Ela lembrou também que o
contexto da pandemia da covid-19 (que levou à necessidade do isolamento das
famílias, ao fechamento de escolas e ao funcionamento precário de serviços de
proteção de crianças e adolescentes) agravou esse problema. “Muitas crianças e
adolescentes têm convivido com situações de abuso e exploração sexual. Essas
violências trazem sérias consequências para o desenvolvimento cognitivo,
afetivo e social das vítimas e de sua família. Precisamos ter um olhar mais
atento a isso, sobretudo no contexto da pandemia e a data alusiva ao 18 de Maio
é um importante alerta para que envolvemos as nossas atenções a esse público
que é prioridade absoluta”, disse.
Confira os sinais
apresentados por crianças vítimas de violência sexual:
Sinais corporais ou provas
materiais:
> Enfermidades
psicossomáticas, sem causa clínica (dor de cabeça, erupções na pele, vômitos…)
> Doenças sexualmente
transmissíveis, coceira na área genital, infecções urinárias, corrimento ou
outras secreções vaginais e penianas e cólicas intestinais;
> Dor, inchaço, lesão ou
sangramento nas áreas da vagina ou ânus, causando dificuldade em caminhar e
sentar;
> Baixo controle dos
esfíncteres, constipação ou incontinência fecal;
> Roupas íntimas rasgadas
ou manchadas de sangue;
> Traumatismo físico ou
lesões corporais por uso de violência física.
Sinais no comportamento ou
provas imateriais:
> Medo, pânico ou
sensação de desagrado em relação à certa pessoa;
> Medo do escuro ou de
lugares fechados;
> Mudanças extremas,
súbitas e inexplicadas no comportamento, como retraimento e extroversão;
> Mal-estar pela sensação
de modificação do corpo e confusão de idade;
> Regressão a
comportamentos infantis (choro sem causa aparente, urinar na roupa, chupar
dedos…);
> Tristeza, abatimento ou
depressão crônica; comportamento autodestrutivo ou suicida;
> Baixo nível de estima
própria e excessiva preocupação em agradar os outros;
> Vergonha excessiva,
inclusive de mudar de roupa diante de outras pessoas;
> Culpa e autoflagelação;
> Ansiedade,
comportamento tenso, sempre em estado de alerta, fadiga;
> Comportamento
agressivo, raivoso contra irmãos e um dos pais não incestuosos.
Sexualidade
> Interesse ou
conhecimento súbitos e não usuais sobre questões sexuais;
> Expressão de afeto
sensualizada, grau de provocação erótica inapropriado para uma criança;
> Desenvolvimento de
brincadeiras sexuais persistentes com amigos, animais e brinquedos;
> Relato de avanços
sexuais por parentes, responsáveis ou outros adultos;
> Desenhar órgãos
genitais com detalhes e características além de sua capacidade etária.
Hábitos, cuidados corporais
e higiênicos
> Abandono de
comportamento infantil, dos laços afetivos, dos hábitos lúdicos, das fantasias;
> Mudança de hábito
alimentar (perda ou excesso de apetite);
> Padrão de sono
perturbado (pesadelos frequentes, agitação noturna, gritos, suores…);
> Aparência descuidada e
suja pela relutância em trocar de roupa;
> Resistência em
participar de atividades físicas;
> Frequentes fugas de
casa;
> Prática de delitos;
> Envolvimento em
situação de exploração sexual;
> Uso e abuso de
substâncias como álcool, drogas lícitas e ilícitas.
Frequência e desempenho
escolar
> Assiduidade e
pontualidade exageradas (chega antes, reluta em voltar para casa após a aula);
> Queda injustificada na
frequência na escola;
> Dificuldade de
concentração e aprendizagem resultando em baixo rendimento escolar;
> Não participação ou
pouca participação nas atividades escolares.
Fonte: Childhoom Brasil:
Guia de Referência: Construindo uma Cultura de Prevenção à Violência Sexual -
4ª edição.
MPPB
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