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Variante Delta chega ao Brasil e especialistas defendem medidas restritivas.

Cepa proveniente da Índia é mais transmissível e já se tornou predominante em diversos países europeus; no Brasil, preocupação é que ela cause um novo surto de infecções e internações.

A variante Delta da Covid-19 já causa preocupação ao redor do mundo, e agora no Brasil, por conta da sua alta transmissibilidade, além do grau de infecção, que também é maior. Especialistas alertam que esta variante pode se tornar a dominante no mundo em pouco tempo e, com isso, surgem as dúvidas sobre o que pode ser feito para evitar que ela cause um novo surto de infecções e internações no Brasil.

Essa variante do coronavírus já é considerada predominante em pelo menos mais quatro países além da Índia, onde ela foi descoberta. Reino Unido, Israel, México e Bélgica já lidam com a Delta de maneira objetiva. E, além deles, essa nova mutação do vírus, detectada em outubro de 2020, já chegou até agora em pelo menos outros 90 países.

E o Brasil, como fica nessa história? Por aqui, um boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, que inclui informações até o dia 26 de junho, registrou 11 casos da variante Delta no país em cinco estados: Goiás (1 caso), Maranhão (6), Minas Gerais (1), Paraná (2) e Rio de Janeiro (1).

Além disso,  São Paulo também já identificou seu primeiro caso desta variante, que, segundo dados preliminares, é mais transmissível do que outras cepas, além de gerar maior risco de hospitalização e reinfecção. Essa mutação também sugere que os sintomas podem ser um pouco diferentes dos tradicionais, porque causa mais dor de cabeça que e menos tosse.

"Nós temos essa variante que já está circulando no nosso meio em pessoas que não tiveram históricos de viagens ou que tiveram contato com alguém que esteve, por exemplo, na Índia, e dessa forma, nós temos que ter uma atenção especial", afirmou o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, em coletiva na última quarta-feira (7).

Em números, se acredita que a variante Delta seja de 30% a 60% mais transmissível que outras cepas do coronavírus. No Reino Unido, por exemplo, ela já se tornou dominante, respondendo por 90% dos novos casos da doença no país.

“Dentre as quatro variantes de preocupação, essa mais recente, a Delta, já vem se espalhando no mundo inteiro e tem uma alta taxa de transmissibilidade. As variantes se tornam preocupantes justamente por conta delas ficarem mais fortes”, afirma o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri.

Ele ainda diz que o cenário no Brasil ainda é incerto, porque o país já tem outras variantes circulando, diferentemente de países europeus, que não tinham. “Aqui no Brasil, a gente não sabe se ela vai competindo com a P.1 nossa. Ela entrou em países onde não tinha uma outra cepa circulando muito, mas aqui (no Brasil) nós temos uma forte concorrente”.

E completa: “Talvez ela (variante Delta) não encontre aqui um campo fértil para conseguir se instalar de maneira tão preponderante, já que tem uma outra e elas vão competir geneticamente”, afirma Kfouri.

O coordenador do Centro de Contingência da Covid-19 de São Paulo, Paulo Menezes, concorda que a variante Delta pode ter uma dificuldade maior de se instalar no país por conta da concorrência com as outras cepas.

“A variante Delta entra aqui, mas ela encontra uma concorrente poderosa, que é a variante Gama, que rapidamente se espalhou e agora a gente está conseguindo controlar (...) eu acho que quanto menos monitoramento e medidas que reduzam a transmissão, os estados perdem a capacidade de limitar o avanço das variantes, não só da Delta, mas também de outras variantes”, diz o coordenador.

O que pode ser feito para a Delta não se tornar um problema maior?

Os especialistas são unânimes: manter os cuidados pessoais, como o uso de máscaras e o distanciamento social, mesmo para quem já tomou as duas doses da vacina contra a Covid-19, são essenciais e o ponto chave para que esta variante não crie uma nova alta nos casos e internações.

“O que a gente pode fazer para isso não se tornar um problema é o de sempre: se vacinar, usar máscara, manter o distanciamento (...) aparentemente, as vacinas disponíveis não tem nenhuma perda importante em relação à eficiência contra a variante”, diz Renato Kfouri.

A primeira e principal medida é vacinar todas as pessoas que podem ser vacinadas o mais rápido possível, porque mesmo que essa variante tenha um pouco mais de penetração para pessoas vacinadas, como a gente viu em alguns países, as vacinas dão proteção sim. Outro ponto é manter as medidas que nós já temos por aqui, como o uso de máscaras”, afirma Paulo Menezes.

Ele ainda diz que um ponto que pode ter contribuído para a predominância da variante Delta em alguns países da Europa foi a flexibilização no uso de máscaras e distanciamento social. Em contrapartida, o Brasil ainda mantém as medidas, o que pode ajudar na questão da propagação do vírus.

“A gente está vendo na Europa, em Israel, a variante se espalhar rapidamente, mas eles já suspenderam essas medidas há algum tempo (máscaras) e tiveram que voltar atrás. Então eu acho que esse é um diferencial que a gente tem, porque mantivemos essas medidas e temos que manter até termos mais clareza da segurança de poder também flexibilizar essas medidas”, completa.

 

Por Felipe Freitas/Portal iG

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