Seca leva mais de 500 municípios do Nordeste a decretar situação de emergência.
No estado do Ceará, por exemplo,
os reservatórios estão, em média, com 24% da capacidade.
A crise hídrica que castiga parte
da região Nordeste já levou mais de 500 municípios a decretar situação de
emergência.
É só o carro-pipa começar a
abastecer a caixa d´água comunitária para ter início o vaivém dos baldes e a
disputa por espaço nas torneiras.
“Até a última gota, porque ele
passa três, quatro dias sem vim. Todo mundo pega água. Quem pegou, pegou. Quem
não pegou, fica sem pegar", diz a agricultora Gilvanilza Pinheiro da Paz.
A não ser quando um comerciante
generoso deixa água do próprio poço à disposição dos moradores.
Já faz dois meses que os
moradores de Pedra Branca, a quase 300 quilômetros de Fortaleza, enfrentam esta
situação em plena área urbana.
Com a chuva insuficiente no
começo do ano, o único açude que abastece a cidade ficou totalmente inviável
para o fornecimento de água. Os mais de 18 bilhões de litros que ocupavam uma
área de oito quilômetros, agora se resumem a isso, e os carros-pipa têm que
buscar água a mais de 150 quilômetros do local.
As opções diminuem conforme a
seca se prolonga. Em todo o estado do Ceará, os reservatórios estão, em média,
com 24% da capacidade.
"A palavra de ordem é
economizar, e aguardar o próximo período chuvoso. Principalmente a partir de
fevereiro, que é quando, em algumas regiões do estado, começam os reservatórios
a ter aporte. Mas, sobretudo, em março e abril", afirma Francisco
Teixeira, secretário dos Recursos Hídricos do Ceará.
Até lá deve aumentar a quantidade
de municípios em situação de emergência no Nordeste. Já são 537, quase um terço
de toda a região que, em 2021, recebeu quase R$ 600 milhões do Ministério do
Desenvolvimento Regional.
Apesar da situação de emergência
decretada, Santa Quitéria, no sertão do Ceará, só tem três carros-pipa para
atender toda a área rural - que já contou com 18 em anos anteriores.
"Os carros-pipa botam na
cisterna, mas aí quando acaba, que demora pros carros vir, a gente vai pegar
nos barreiros", relata Antônia Mesquita Batista, agricultora.
Barreiro é lugar de água turva,
como um no município de Irauçuba. É onde Dona Francisca vai diariamente, quando
não tem nenhuma outra fonte para abastecer a casa.
"O carro-pipa coloca uma
'carrada' por vez, mas aí às vezes seca, passam oito dias, nove dias, pra eles
poderem voltar e botar de novo. A gente é esquecido aqui", desabafa
Francisca Garcia Batista, agricultora.
Sobre o município de Santa
Quitéria, o Ministério do Desenvolvimento Regional afirmou que deu instrução
para o Exército iniciar a operação carro-pipa. Os caminhões que atendem a área
rural da cidade atualmente são contratados pelo próprio município.
Por Jornal Nacional
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