CAÇADOR DE TESOURO NO SERTÃO: Potiguar usa hastes de cobre para localizar água no subsolo.
Rubem Diniz, de 72 anos, mora em
Caicó e utiliza instrumentos para indicar a locais ideais para perfuração de
poços.
Se a água é o bem mais precioso
no sertão, é como se Rubem Diniz, de 72 anos, fosse um caçador de tesouros. O
aposentado que mora em Caicó, no Seridó potiguar, trabalha há quase 30 anos com
radiestesia - uma técnica não comprovada cientificamente, mas usada ao longo
dos séculos na região.
Tratado como uma ciência por
produtores rurais, o método consiste em utilizar varas e pêndulos para indicar
locais ideias para a perfuração de poços.
O trabalho requer sensibilidade.
Como num ritual em busca da água, seu Rubem anda pela propriedade com duas
hastes de cobre na mão até identificar o ponto certo do poço.
De acordo com ele, é possível
identificar onde existe uma fenda no subsolo, o que significa a presença de
água. Segundo ele, usando as mesmas ferramentas, dá para saber até a
profundidade em que é possível encontrar o líquido.
“Essa medição se faz onde existe
uma linha de campo magnético. Aqui entram os elétrons e eles se atraem. Na hora
que eu uso os instrumentos, um encontra o outro, e há essa atração. Agora só
existe isso se existir água. Se não existir água, não funciona”, diz.
A técnica é bastante utilizada no
interior do Nordeste. Mais que uma profissão, encontrar água no sertão se
transformou numa satisfação pessoal para seu Rubem.
“Eu me sinto bem mesmo com esse
trabalho. E me sinto melhor em ajudar as pessoas que estão com falta d’água. A
gente não sabe a alegria de um povo quando encontra água. É uma coisa
emocionante. Eu já fui em canto que o povo não tinha nada, não tinha água. Até
os animais saiam na carreira quando sentiam o cheiro da água. Uma coisa de
arrepiar mesmo”, conta.
O trabalho chamado de locação de
poços feito por seu Rubem custa, em média, R$ 300. O produtor rural Milton
Araújo foi um dos últimos contratantes do serviço de radiestesia oferecido por
seu Rubem. Na propriedade dele, sítio Caboclos, na zona rural de Caicó, já
tinha um poço, mas ele queria perfurar outros no terreno.
“Eu chamei o Rubem sabendo que
ele loca poço pra ele vir aqui fazer o levantamento de algo e ele locou três
poços. Todos os três deram muita água e boa. Um já deu 6 mil litros de água e o
outro 1600 litros de água, tudo mineral. Eu acho que ainda vamos locar outros
três a quatro poços”, conta o produtor.
O trabalho de Rubem começou em
1993 e segue ao longo desses anos, se intensificando na última década por causa
da seca prolongada na região. Ele já chegou a ser convidado também para fazer a
locação de poços em outros estados, como Paraíba e Ceará.
Ele calcula que até hoje já
identificou mais de 1700 poços artesianos. A experiência e a sensibilidade
ajudaram o radiestesista a aprimorar a técnica, sendo capaz, segundo ele, de
saber se a água subterrânea é doce ou salobra, com a ajuda dos equipamentos.
“O pêndulo é quem dá essa
informação. Eu tenho a sensibilidade e ele vai me dando a informação. Mas para
eu chegar nisso, eu estudei muito o passo a passo”, garante.
Rubem montou uma espécie de
laboratório em casa, onde diz que aprimorou as técnicas utilizando experimentos
com água armazenada, semelhante à água presa embaixo da terra. Ele também se
formou em eletrotécnica no IFRN.
E se depender de seu Rubem, o
trabalho deve continuar por muito mais tempo. “Ontem mesmo eu recebi um vídeo
da serra em Belém, na Paraíba, que o menino disse que o poço era mais de 20 mil
litros. Então o povo vai chamando e conhecendo esse trabalho. Mas não quer
dizer que eu sou o salvador da pátria, não. Eu vou procurando ver o que deu errado
e corrigir e assim eu cheguei ao que estou fazendo hoje”, diz o aposentado.
Por Hugo Andrade, Inter TV Costa Branca
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