'Me matou por dentro', diz jovem tatuada à força com nome de ex-namorado no rosto em Taubaté, SP.
Em sua primeira entrevista a
jovem disse que foi sequestrada, mantida em cárcere e teve o rosto tatuado pelo
ex, que não aceitava o fim do relacionamento. Mãe de Tayane fez a denúncia e
Gabriel Coelho foi preso e levado ao Centro de Detenção Provisória.
Tayane Caldas, de 18 anos, teve o
rosto tatuado à força pelo ex-namorado, Gabriel Henrique Alves Coelho, que não
aceitou o fim do relacionamento. Nesta segunda-feira (23), em sua primeira
entrevista, a jovem disse que foi sequestrada e mantida em cárcere no fim de
semana, quando teve o rosto tatuado com o nome do ex (assista acima).
“Quando eu olhei, não era mais
eu, não sou eu com isso aqui. Para mim, ele me matou por dentro, acabou comigo
com uma forma de me marcar e dizer que eu sou propriedade dele”, disse Tayane.
Gabriel Coelho foi preso e levado
ao Centro de Detenção Provisória após a mãe da jovem denunciar o caso. Thayane
disse que era vítima de violência doméstica e em outras duas vezes, o ex já
tinha marcado com o nome dele tatuagens em seu seio e na virilha (leia detalhes
mais abaixo).
O g1 tenta localizar a defesa de
Gabriel Coelho desde o sábado, mas nenhum advogado do jovem foi encontrado para
falar sobre o assunto.
Como aconteceu
Thayane contou que saía de casa
na sexta-feira (20) para ir a um curso, quando ele a abordou e obrigou que
seguisse em seu carro com ele. Ela foi levada até a casa de Gabriel, onde
passou por uma sessão de tortura, com agressões e ofensas.
Em um momento das agressões,
Gabriel disse que faria uma terceira tatuagem nela com seu nome, mas agora no
rosto.
“Logo depois das agressões, ele
amarrou os meus dois braços e falou que ia tatuar meu rosto. Eu chorei,
implorei. Eu pedi para ele não fazer isso porque ia destruir a minha vida e ela
disse que faria mesmo assim. E enquanto eu gritava, ele me batia. Eu só vi a
tatuagem pronta depois e só conseguia chorar”, disse.
Thayane tinha uma medida
protetiva contra Gabriel e a mãe acompanhava a rotina da filha, que não saía
sozinha de casa, com medo de que fosse pega pelo ex. Quando soube do sequestro,
a mãe tentou conversar com o jovem que a encaminhou um áudio dizendo que não
adiantava ela pedir, que nada ia mudar.
No sábado (21), a jovem conseguiu
fugir da casa onde era mantida em cárcere e foi acolhida pela mãe com hematomas
e a tatuagem cobrindo a lateral do rosto com o nome do ex-namorado. A mãe
procurou a polícia e ele foi preso por descumprimento de medida protetiva que a
jovem tem contra ele.
Versão de Gabriel
Na delegacia, o agressor
apresentou um vídeo em que Tayane dizia permitir a tatuagem e com isso alegou o
consentimento da jovem. A versão é investigada pela polícia, já que a jovem
conta que esteve sob ameaça e amarrada durante a gravação.
O caso foi encaminhado à
Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), que vai investigar. O agressor segue preso
após passar por audiência de custódia.
Relacionamento abusivo
A vítima contou que eles se
conhecem há seis anos e começaram a namorar há dois anos, quando ela tinha 16.
Os primeiros meses do relacionamento começaram tranquilos, segundo Thayane, mas
ao longo do primeiro ano ele passou a ter comportamentos possessivos, até que
começaram as agressões.
“Ele começou impedindo que eu
usasse uma roupa, depois de andar com meus amigos e quando eu vi já estava me
batendo. Eu acabei contando para a minha mãe e terminamos. Oito meses depois,
ele me disse que ia mudar e eu aceitei, foi o meu maior erro”, conta.
Após reatarem, eles foram morar
juntos, quando Thayane passou a ser vítima de constantes agressões, teve o seio
e a virilha tatuada com o nome do jovem e só conseguiu sair de casa fugida.
"Eu pedi uma protetiva
depois disso, consegui um emprego e estava levando a minha vida. Ele me
ameaçava, eu já não tinha mais rede social, celular, até que ele me pegou na
rua e disse que iria cumprir a ameaça que tinha, de tatuar a minha cara com o
nome dele".
Após a agressão, Tayane reconhece
que estava em um ciclo de violência.
"Eu só quero que as pessoas
que estão vendo o meu rosto assim, me vendo, não tenham medo. Não pode ter
medo, precisa denunciar, porque tudo fica pior", disse.
Por Poliana Casemiro, g1 Vale do Paraíba e Região
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