SARAMPO: Primeira morte em 2022 chama atenção para importância da vacinação.
A morte ocorreu em Rondônia,
na última quarta-feira. Depois de ficar livre do sarampo em 2016, Brasil
registrou novos surtos e luta para erradicar a doença. Campanha de vacinação
vai até o dia 3 de junho.
A primeira morte por sarampo em
2022, registrada na última quarta-feira (4), em Rondônia, chama atenção para a
importância da vacinação contra a doença. A idade e o gênero da vítima não
foram divulgados pelos gestores estaduais, por questão de sigilo. O óbito
ocorreu em meio à campanha nacional de vacinação contra o sarampo, mobilização
que acontece em todo o Brasil, e na esteira de um cenário em que estados e
municípios patinam para bater as metas de imunização.
Levantamento recente do projeto
VAX*SIM, do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), revela que,
em 2021, nenhum estado brasileiro atingiu a meta preconizada pelo Ministério da
Saúde, de vacinar 95% das crianças contra o sarampo. Na esfera municipal,
apenas 660 municípios - ou cerca de 12% das prefeituras - alcançaram essa taxa,
no ano passado.
Segundo o estudo, em 2021, de
cada três crianças brasileiras que tomaram a primeira dose do imunizante, uma
não voltou para completar o esquema vacinal, de duas doses.
“Não temos uma causa para a queda
da cobertura vacinal, mas [a queda] começou a acontecer em 2016. E tivemos
vários surtos significativos no Brasil, em 2018. E, em 2019, [o Brasil] a gente
perdeu esse selo de erradicação do sarampo”, remonta a coordenadora do projeto,
Patricia Boccolini.
Ainda de acordo com o estudo do
VAX*SIM, em 2020, o país bateu o recorde de 10 mortes de crianças menores de 5
anos por sarampo. Entre 2018 e 2021, 26 crianças nessa faixa etária morreram
pela doença. Segundo o observatório, esses dados são um "retrocesso em um
país que entre 2000 e 2017 havia registrado uma morte, no ano de 2013".
Patricia Boccolini ressalta ainda
que a vacinação infantil é uma das ações "mais importantes para prevenir
mortes evitáveis de crianças de até 5 anos, com um excelente
custo-benefício".
Falta de informação
A diretora do Departamento de
Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cássia Rangel,
explica que além da questão do horário de funcionamento dos postos, muitas
vezes incompatível com a rotina de pais e responsáveis, a falta de informação
sobre a atual situação da doença no país pode ter contribuído para a queda na
cobertura vacinal contra o sarampo.
"As principais causas
relacionadas a essa queda de cobertura são o sucesso das coberturas de vacinação
ao longo dos anos, o que pode causar uma falsa sensação de que não há
necessidade de se vacinar. Muitas doenças já foram eliminadas e as pessoas não
têm lembrança da ocorrência dessa doença. E também o conhecimento individual
sobre a importância dessas vacinas ofertadas gratuitamente pelo SUS, e até
mesmo uma baixa percepção de risco dessas doenças que são Imunopreveníveis”,
explica a diretora.
Hospitalizações
O número crescente de
hospitalizações por sarampo também preocupa. Entre 2018 e 2021, o levantamento
aponta que 1.606 crianças foram hospitalizadas com a doença no Brasil. Nos
quatro anos anteriores, entre 2014 e 2017, o país havia registrado um total de
137 hospitalizações infantis por sarampo.
Cássia Rangel alerta para a
necessidade da imunidade de rebanho, que só é alcançada quando se vacina cerca
de 95% do público alvo, e para a importância de a criança completar o esquema
vacinal, com as duas doses, já que as complicações podem ser graves.
“As principais complicações de
sarampo, as mais comuns, são a otite média, diarreia, pneumonia e a
laringotraqueobronquite. Em alguns casos, por causa dessas complicações
causadas pelo sarampo, podem levar à hospitalização, especialmente crianças
desnutridas e imunocomprometidas”, destaca.
Campanha nacional de vacinação
De acordo com dados do Ministério
da Saúde, notificados até a última terça-feira (3), no Localiza SUS, 1,3 milhão
de crianças entre 6 meses a menores de 5 anos tomaram a dose da vacina contra o
sarampo. A estratégia de vacinação contra a doença acontece em todo o Brasil ao
mesmo tempo em que é realizada a campanha de vacinação contra a influenza, que
já aplicou 1 milhão de doses nesse público.
Segundo a pasta, a vacinação
pretende “interromper a circulação do sarampo no Brasil”. A segunda etapa
começou na última segunda, 2 de maio, e vai até o dia 3 de junho em quase 50
mil pontos de vacinação espalhados por todo o País.
Fonte: Brasil 61 -
Nenhum comentário