Vacina brasileira contra covid-19 pode ter testes em humanos em 2023
Em experiências com animais,
SpiN-TEC tem apresentado bons resultados.
A vacina contra covid-19
desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e
da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) pode ter os primeiros testes em humanos no
início do ano que vem, segundo expectativa dos cientistas envolvidos no
projeto. O imunizante SpiN-TEC vem obtendo bons resultados em laboratório e nos
testes com animais, e o estudo em voluntários depende, neste momento, do envio
de resposta às últimas exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).
A vacina começou a ser
desenvolvida em março de 2020 pelo CTVacinas da UFMG, em parceria com a Fiocruz
Minas, e recebeu apoio do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações. No fim
de julho de 2021, os pesquisadores deram início ao pedido de autorização para a
realização de testes em humanos, e, desde então, discutem com a Anvisa como
deve ser o protocolo de testes e as exigências que precisam ser atendidas.
"A Anvisa tem realizado
reuniões técnicas para orientar os pesquisadores na instrução do processo e
para o cumprimento integral dos requisitos faltantes e necessários para a
avaliação da proposta de pesquisa clínica", disse a Anvisa à Agência
Brasil. "Neste momento, a Anvisa aguarda a apresentação dos documentos e
informações faltantes pelos desenvolvedores para que o processo de autorização
da pesquisa clínica possa ser concluído. O status atual do processo é 'em
exigência técnica'."
Já aprovaram os testes com a
vacina o Conselho de Ética de Experimentação Humana da UFMG e o sistema
CEP/Conep, formado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e pelo
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). A Conep
é a instância máxima de avaliação ética em protocolos de pesquisa com seres
humanos, e essa aprovação é essencial para que a pesquisa siga adiante.
Os testes realizados até o
momento confirmaram que a vacina confere proteção contra o agravamento de casos
de covid-19 sem causar efeitos colaterais relevantes em camundongos e primatas
não humanos. Em um artigo publicado no último dia 17 na revista Nature
Communications, os pesquisadores apresentam dados que indicam que a SpiN-TEC
induz uma resposta robusta dos linfócitos-T contra as variantes tradicional e
Ômicron do Sars-CoV-2.
O pesquisador do CT Vacinas da
UFMG e coordenador do estudo, Ricardo Gazzinelli, argumenta que, apesar de
grande parte da população já estar vacinada, o imunizante ainda pode contribuir
para o controle do cenário epidemiológico no Brasil.
Agência Brasil
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