Doação de sangue: mitos e verdades. Clique aqui e saiba mais.
Doar faz mal para a saúde?
Quem pode ou não doar? E os vacinados? Hematologista esclarece o que é mito e o
que é verdade quando o assunto é doação de sangue.
As doações de sangue tiveram
uma queda de mais de 10% no Brasil com a chegada da pandemia. De acordo com o
Ministério da Saúde, em 2019, foram realizadas 3.271.824 coletas. Até o
momento, as doações continuam estáveis em relação ao mesmo período do ano passado.
De janeiro a junho deste ano, o número de bolsas de sangue coletadas foi
1.505.784. Em 2021, foram 1.511.192, e em 2020, 1.444.113.
O sangue é essencial e
insubstituível para a vida humana. Além de tratar terapeuticamente pacientes
com doenças crônicas, como a leucemia e a anemia falciforme, ele é utilizado
diariamente no tratamento de pessoas que vão passar por procedimentos médicos e
cirúrgicos. Com uma única doação é possível salvar até quatro vidas.
Mas apesar de a maioria dos
brasileiros conhecerem a importância da doação de sangue, ainda há muita
desinformação e tabus que acabam afastando as pessoas do ato. Afinal,
doar sangue faz mal para a saúde do doador? Pessoas que tiveram Covid-19 podem
doar? E os vacinados podem contribuir?
O portal Brasil61.com
conversou com a hematologista do Hospital Anchieta de Brasília, Marina Aguiar,
e a Coordenação-Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, para
esclarecer todos os mitos e verdades quando o assunto é doação de sangue.
“Doar sangue faz mal para a
saúde”
Entre os mitos mais
comentados sobre a doação de sangue é que o procedimento pode engrossar ou
afinar o sangue e até mesmo prejudicar a saúde do doador.
De acordo com a
hematologista Marina Aguiar, a afirmação é falsa. A especialista explica que a
doação não representa nenhum risco à saúde. Ela afirma que estudos comprovam
que doar reduz a viscosidade do sangue, tornando o doador menos propenso a
desenvolver doenças cardíacas e câncer.
“Isso ocorre porque, durante
esse processo, há uma espécie de limpeza sanguínea, porque o nosso sangue é
produzido na medula óssea e renovado a cada três meses. Essa doação vai
promover uma renovação das células sanguíneas e, com isso, as células velhas
serão renovadas”, explica a médica.
“O organismo demora para
repor o sangue doado”
Mito! O volume coletado não
ultrapassa 15% da quantidade de sangue que o doador possui. Esse volume é
reposto naturalmente pelo organismo em até 72 horas após a doação. “Essa
quantidade retirada não afeta a saúde porque a recuperação é imediata após a
doação. Então, é pouco para a pessoa que doa, mas muito para quem vai receber”,
diz a hematologista.
“Quem teve Covid-19 não pode
doar sangue”
Isso é um mito! Quem teve
Covid-19 pode, sim, doar sangue. No entanto, segundo a especialista, é preciso
aguardar um mês, após recuperação clínica completa, para poder fazer a doação.
“Ou seja, a doação só é permitida se não houver nenhum sintoma ou sequela
depois de 30 dias que a pessoa já se recuperou”, esclarece Marina.
Vale lembrar que os
vacinados contra o novo coronavírus também precisam esperar um período para
poder doar sangue. Segundo a Coordenação-Geral de Sangue e Hemoderivados do
Ministério da Saúde, o prazo vai depender da marca do imunizante. Em relação à
vacina contra a gripe, o tempo de inaptidão é de 48 horas.
“Quem recebeu transfusão de
sangue pode ser doador de sangue”
Verdade. Quem recebeu
transfusão de sangue pode doar sangue, mas precisa esperar um ano para fazer a
doação. “Esse impedimento temporário é necessário para que se tenha certeza de
que a transfusão não transmitiu nenhuma doença infecciosa à pessoa que está
pretendendo doar o sangue”, explica a médica.
“Quem doa sangue uma vez é
obrigado a doar sempre”
Mito! De acordo com a
hematologista, doar sangue não cria dependência no organismo da pessoa e é um
ato voluntário, que só depende da vontade de quem doa. Basta aguardar o prazo
mínimo de espera. “O retorno é o entendimento de que só nós somos a única fonte
de sangue, por isso a importância dessa doação, mas é um ato totalmente
voluntário”, afirma Marina.
“Grávidas não podem doar
sangue”
Verdade! Segundo a
Coordenação-Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, mulheres
grávidas e em resguardo não podem doar sangue. “Mas após o período gestacional,
em casos de parto normal, a mulher pode doar depois de três meses; em caso de
cesariana, após seis meses. Se estiver amamentando, a mulher deve aguardar 12
meses após o parto”, informa o órgão.
“Pessoas com tatuagens e
piercings são impedidas de doar”
Mentira. A especialista
explica que quem tem tatuagens e piercings - desde que não seja em locais como
área genital ou cavidade oral -, pode doar sangue. “Mas é preciso aguardar um
ano após o procedimento para poder fazer a doação. Depois desse período ela [a
pessoa] pode ser doador tranquilamente”, esclarece a hematalogista.
“Quem está fazendo regime
para emagrecer não pode doar sangue”
Isso é um mito! De acordo
com a Coordenação-Geral de Sangue e Hemoderivados, dietas para emagrecimento
não impedem a doação de sangue, desde que a perda de peso não tenha
comprometido a saúde do doador.
"Fumantes podem doar
sangue"
Sim! Os fumantes de cigarro
comum podem doar sangue. “Mas é recomendável um intervalo sem fumar de pelo
menos 2 horas antes da doação” explicou a coordenação.
“Homossexuais não podem doar
sangue”
A afirmação é falsa. Em
2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) passou a permitir a doação de sangue por
homossexuais, o que, até então, era proibido.
“Antigamente, existiam
discursos de que as DST’s eram transmitidas por homossexuais e que esse grupo
gerava risco ao processo de doação, mas isso é um princípio inconstitucional,
pois fere a lei de igualdade”, afirma a médica do Hospital Anchieta.
A importância da doação de
sangue
Segundo o Ministério da
Saúde, aproximadamente 1,4% da população brasileira doa sangue. Isso representa,
em média, 14 doações a cada mil habitantes. O Sistema Único de Saúde (SUS)
recebe mais de três milhões de doações por ano. O governo federal, por meio do
órgão, incentiva todos os brasileiros a doarem sangue frequentemente, gesto que
pode salvar vidas.
“O sangue, ao longo do
tempo, simboliza a vida. E, nesse sentido, é importante a doação regular de
sangue. Doe sangue regularmente. Com a nossa união, a vida se completa”,
destacou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Onde doar sangue e medula
óssea
Os voluntários à doação de
sangue e medula óssea podem procurar os hemocentros e hemonúcleos regionais,
unidades de coleta e transfusão que ficam mais próximas do seu município.
Quem pode doar sangue e
medula óssea
De acordo com a
Coordenação-Geral de Sangue e Derivados do Ministério da Saúde, o procedimento
para doação de sangue é simples. Primeiro se faz o cadastro, aferição de sinais
vitais, teste de anemia, triagem clínica, coleta de sangue e depois o lanche. Isso
tudo leva em média 40 minutos.
Para doar sangue é
necessário ter entre 16 e 69 anos de idade e pesar no mínimo 50 quilos.
Mulheres podem doar até três vezes ao ano com intervalo de três meses entre as
doações. Já os homens podem doar até quatro, com intervalo de dois meses entre
as doações. A doação é voluntária e uma bolsa de apenas 450mL de sangue pode
ajudar até quatro pessoas.
Candidatos à doação de
medula óssea devem ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado de saúde e não
apresentar doença infecciosa ou incapacitante. Segundo o Redome, algumas
complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisado caso a
caso.
Doar sangue e medula é
seguro! No dia da doação, será preciso apresentar documento de identificação
com foto. Para saber onde doar sangue ou se cadastrar para doar medula óssea,
acesse redome.inca.gov.br.
Fonte: Brasil 61 -
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