INSS fará pente-fino nos benefícios e cortará auxílio, aposentadoria e BPC; veja como será.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O
Ministério do Trabalho e Previdência Social prepara um novo pente-fino nos
benefícios por incapacidade pagos pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro
Social), o que inclui auxílio-doença e aposentadoria por invalidez.
A revisão, que consta em portaria
publicada no Diário Oficial da União nesta quinta-feira (22), poderá ser feita
também nas demais aposentadorias e no BPC (Benefício de Prestação Continuada),
além de outros benefícios previdenciários, assistenciais, trabalhistas e até
tributários, embora o documento não detalhe quais são eles.
Devem ser revisados auxílios e
aposentadorias por invalidez que não passam por perícia há mais de seis meses,
não têm alta programada nem indicação de reabilitação ao segurado. No caso do
BPC, o pente-fino vai se concentrar nos que não são revisados há mais de dois
anos.
O BPC é pago a idosos e pessoas
com deficiência carentes, com renda mínima por pessoa da família de até um
quarto do salário mínimo (R$ 303 hoje). Para receber, é preciso estar inscrito
no CadÚnico (Cadastro Único).
A idade do segurado e o tempo em
que está recebendo o benefício também serão considerados para a convocação.
Quanto mais novo for o beneficiário, mais chances tem de ser chamado. No caso
do tempo de manutenção, quanto mais antigo for o benefício, mas chances há de
passar por revisão.
O programa de revisão terá
validade de até 180 dias (cerca de seis meses).
Não foi informado como os
segurados serão convocados, mas quem recebe o aviso do INSS para passar por
revisão deve agendar a perícia. Caso não faça isso no prazo estipulado, tem o
benefício cortado.
Atualmente, a fila da perícia
médica do instituto está em cerca de 1 milhão de agendamentos. O acúmulo se
deve à pandemia, quando as agências ficaram fechadas por sete meses, a greves
de servidores e peritos médicos e falta de servidores.
Os peritos que optarem por
participar do programa poderão receber cerca de R$ 62 por perícia, segundo a
ANMP (Associação Nacional dos Médicos Peritos). Será possível fazer até 15
perícias extras por dia de trabalho, além dos exames já agendados e que fazem
parte da rotina do profissional.
Quando houver mutirão, no
entanto, o médico poderá realizar até 30 perícias de revisão em um único dia, o
que pode lhe render um acréscimo de R$ 1.860 no salário. A participação no
programa de revisão, no entanto, é facultativa. A Previdência tem hoje cerca de
3.500 peritos.
Segundo o vice-presidente da
ANMP, a categoria está de acordo com o pente-fino, especialmente porque
trata-se de um programa em que se pode optar por participar ou não. "A
gente está de acordo porque, agora, ele será optativo. O perito que se achar
apto a fazer o pente-fino vai se cadastrar e realizar", afirma.
O QUE FAZER SE FOR CONVOCADO PARA
O PENTE-FINO
A Previdência e o INSS ainda não
definiram como será a convocação dos segurados para a revisão de benefícios. No
entanto, o beneficiário que for convocado deverá apresentar documentos que
comprovem o direito à renda.
Além dos documentos pessoais, é
preciso ter laudos médicos e exames que provem a doença, acidente ou
incapacidade. O laudo médico deve ser assinado por profissional com registro no
CRM (Conselho Regional de Medicina).
Caso a doença tenha se agravado,
é necessário levar exames, receitas e laudos comprovando o avanço, para que o
benefício não seja cortado.
O advogado Rômulo Saraiva,
especialista em Previdência e colunista da Folha, afirma que os seguradores
precisam ficar atentos, por se tratar de um pente-fino muito abrangente, cujas
regras ainda não estão tão claras. Para ele, é necessário que se esclareça
quais são os benefícios trabalhistas e tributários que entram mira da
Previdência.
Embora a revisão esteja aprovada,
ainda deverá haver a publicação de instrução normativa com orientações aos
segurados.
Em 2019, logo após assumir a
Presidência, o governo Bolsonaro publicou medida provisória implantando
pente-fino nos benefícios por incapacidade e no BPC. O foco, na época, era
cortar R$ 9,8 bilhões em benefícios pagos de forma indevida.
Estavam na mira 5,5 milhões de
aposentadoria e auxílios e 2,5 milhões de BPCs.
Por CRISTIANE GERCINA/FOLHAPRESS/Via ClickPB
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