Raio-x mostra bala alojada em cérebro de bebê de 1 ano na PB: 'nenhum sinal de sequela', diz médico.
Bebê evolui bem ao tratamento,
após retirada de bala do cérebro. Jovem de 19 anos morreu após os disparos.
Suspeito teria matado Ramon por rixas antigas.
Imagens de raio-x divulgadas pelo
Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa mostram a bala alojada no
cérebro da menina de um ano e dois meses, filha de Ramon Vagner da Silva
Nascimento, que foi morto a tiros na última terça-feira (27). Um homem de 25
anos foi preso na quarta-feira (28), suspeito de invadir a casa da vítima e
atirar contra o jovem de 19 anos e a filha dele, no bairro do Alto do Mateus,
em João Pessoa.
A bebê deu entrada no Hospital de
Emergência e Trauma de João Pessoa por volta das 19h da terça-feira. Ela passou
por procedimentos de urgência e foi submetida a uma cirurgia para retirada do
projétil, que atingiu o cérebro dela. Até a quarta-feira (28) ela estava
internada em estado grave na UTI infantil do hospital, porém o estado de saúde
dela avançou.
Em entrevista ao Bom Dia Paraíba,
às 7h desta quinta-feira (29), o diretor geral do Hospital de Trauma, Laécio
Bragante, explicou que a menina está reagindo bem ao tratamento, e que apesar
de ainda estar na UTI, agora está em estado regular.
“A criança está bem, estive com
ela no início da manhã, está sentada na cama, aceitando a dieta oral e já
interagindo de forma positiva, sem nenhum sinal de sequela”, disse o diretor.
A menina foi atingida na cabeça e
a bala penetrou o crânio e chegou a atingir o cérebro, no lobo frontal. “O
ferimento por projétil de arma de fogo, além do ferimento em si, provoca outras
lesões secundárias relacionadas às ondas de choque e também pelo calor do
projétil. Mesmo assim, todo o tratamento cirúrgico foi feito imediatamente e
ela está apresentando uma evolução surpreendentemente boa”, explicou.
Ainda conforme Laécio, se
continuar a evolução, ela deve ficar mais uns três ou quatro dias na UTI, em acompanhamento.
“Ela permanece na Unidade de Terapia Intensiva pois é onde se pode dar a maior
assistência possível. Mesmo com essa evolução, há a possibilidade de alguma
lesão secundária se expressar depois, por isso essa conduta de prevenção. Mas a
princípio, ela não apresenta sequelas”, completou.
Entenda o crime
Um homem de 25 anos foi preso na
quarta-feira (28), suspeito de invadir uma casa e atirar contra um jovem de 19
anos e a filha dele, de um ano, no bairro do Alto do Mateus, em João Pessoa, na
terça-feira (27).
Ramon Vagner da Silva Nascimento
foi atingido por pelo menos quatro tiros e foi socorrido para o hospital, mas
não resistiu. A bebê segue internada no Hospital de Emergência e Trauma de João
Pessoa.
O crime aconteceu na noite da
terça. Ramon estava no quarto da casa, se arrumando para ir à igreja, quando o
suspeito invadiu a residência. Uma menina de sete anos estava na sala junto com
outras crianças e foi surpreendida pela invasão. Ela correu para chamar o pai,
quando o suspeito atirou e baleou a bebê de um ano. Em seguida, ele foi até o
quarto e atirou várias vezes contra Ramon, fugindo em seguida.
Segundo a Polícia Civil, o
suspeito do crime é Wesley Lohan Quirino do Nascimento, de 25 anos, que usava
tornozeleira eletrônica durante a prisão. Ele foi detido no mesmo bairro onde
ocorreu o crime, após tentar reagir à prisão.
“A vítima foi morta na frente de
cinco crianças, onde a maior tem sete anos e a menor tem apenas dois meses. O
executor do crime trajava um casaco branco e o suspeito que foi conduzido está
com um casaco semelhante ao narrado [por testemunhas] como sendo usado pelo
atirador no momento do crime”, disse a delegada Josenise de Andrade.
Conforme a delegada, a motivação
do crime pode estar relacionada a rixas antigas envolvendo facções criminosas.
“A vítima já havia feito parte da facção criminosa a qual o suspeito faz parte.
Há algum tempo houve uma dissidência e ele [Ramon] foi para a facção rival. A
família fala que há cerca de um ano ele estava afastado do mundo do crime, estava
na igreja evangélica, mas ainda recebia recorrentes ameaças de morte. Inclusive
a casa da vítima tem várias marcas de tiros que não foram feitos no dia de
ontem. São anteriores, onde a vítima já havia sido alvo de uma tentativa de
homicídio também praticada pelo suspeito”, explicou Josenise.
Wesley foi levado para a
carceragem da Central de Polícia Civil, onde aguarda audiência de custódia a
ser realizada nesta quinta-feira (29). Ele não confessou o crime e, segundo a
delegada, disse que só ia responder em juízo.
Mãe da vítima chegou a ouvir os
tiros
A mãe de Ramon, Josefa Maria da
Silva, estava em uma casa próxima do local onde aconteceu o crime, e chegou a
ouvir os tiros que atingiram o filho dela.
“Eu estava em casa, botando meu
filho de um ano para dormir, aí escutei o primeiro disparo. Então teve outro
tiro, e teve mais outro e eu corri e não vi mais nada. Só vi minha nora saindo
correndo com minha neta no colo, gritando, a menina ensanguentada. Eu entrei
correndo à procura do meu filho e ele estava caído”, relatou. Tanto Ramon
quanto a filha foram socorridos e levados para o Hospital de Trauma de João
Pessoa, mas o jovem não resistiu e morreu na unidade hospitalar.
Ainda de acordo com Josefa, a
vítima tentava mudar de vida.
"Ele já foi envolvido [com
facções criminosas], aí saiu já faz um ano e três meses. Eu não sei se foram os
inimigos que ele tinha no passado, não sei dizer. Ele estava tentando outra
vida, mas quem entra nessa vida, o mal sempre vem para cobrar o que fica lá
atrás”, completou.
Por g1 PB
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