Lula e Bolsonaro vão ao 2º turno em disputa pela Presidência.
Ex-presidente e atual chefe do
Executivo foram os dois mais bem votados neste domingo (2); segundo turno entre
dois nomes que já comandaram o país está previsto para 30 de outubro.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) foram os dois candidatos mais
bem votados neste domingo (2) e disputarão o segundo turno da eleição para
presidente da República no próximo dia 30.
Pela primeira vez, o pleito será
decidido entre dois nomes que já comandaram o país. Será, ainda, o sétimo
segundo turno em nove eleições presidenciais diretas desde a redemocratização.
Para que a disputa tivesse se
encerrado neste domingo, o primeiro colocado precisaria ter obtido 50% dos
votos válidos mais um, o que não ocorreu.
Desde março de 2021, pesquisas
mostram Lula e Bolsonaro à frente da disputa. À época, segundo o levantamento
XP/Ipespe, o atual mandatário tinha 27% das intenções de voto, e o petista,
25%. Foi a primeira sondagem após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)
restabelecer os direitos políticos de Lula.
No mês seguinte, o petista
ultrapassou o atual presidente e, desde então, ambos permanecem nas respectivas
posições na série histórica do Ipespe.
O agregador de votos
CNN/Locomotiva apontava, neste domingo, que o petista tinha 48% das intenções
de voto. A ferramenta considera as pesquisas divulgadas até sábado (1º).
Segundo pesquisa Quaest de sábado
(1º), Lula registrava 49%, e Bolsonaro, 38%. Na última pesquisa da série do
Ipespe antes da votação, divulgada no mesmo dia, o petista também tinha 49%,
contra 35% do atual mandatário. O Datafolha mostrava que Lula tinha 50%, e
Bolsonaro, 36%. Já o Ipec apontava Lula com 51%, e Bolsonaro, com 37%.
Ex-presidente constrói “frente
ampla”
Lula chega ao segundo turno com o
apoio de nove partidos. Além do PT, integram a coligação PSB, Solidariedade,
PCdoB, PSOL, Avante, PV, Rede e Agir. O ex-governador de São Paulo Geraldo
Alckmin (PSB), seu antigo adversário político, é o candidato a vice-presidente
em sua chapa.
O petista voltou a se tornar
elegível em 8 de março de 2021, quando o ministro do STF Edson Fachin anulou
todos os atos processuais da Lava Jato que envolviam o petista.
Fachin entendeu que a 13ª Vara Federal
de Curitiba não deveria ter sido designada para conduzir os casos ligados ao
petista, porque, segundo o ministro, eles não tinham relação direta com a
Petrobras. O entendimento foi confirmado pelo plenário da Corte em 15 de abril,
por 8 votos a 3.
Além disso, o Supremo considerou
suspeito o ex-juiz Sergio Moro, responsável por julgar e condenar Lula.
O ex-presidente permaneceu por
580 dias na prisão, em Curitiba, até novembro de 2019, após ter sido condenado
sob acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na ação envolvendo o
triplex do Guarujá. Segundo o Ministério Público, ele teria recebido propina da
OAS em troca de favorecimento em contratos com a Petrobras. O pagamento teria
sido feito, segundo a acusação, com a reserva e reforma de um apartamento na
cidade do litoral paulista.
Durante esse período, foi
impedido de disputar a eleição presidencial de 2018. À época, o PT chegou a
anunciar a candidatura de Lula, mas ela foi barrada pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa.
Após a sequência de vitórias na
Justiça, o ex-presidente buscou atrair apoio de aliados e até ex-adversários
políticos para criar uma “frente ampla” em torno da sua candidatura.
O maior símbolo desse movimento é
a presença de Geraldo Alckmin como vice na chapa de Lula. Em 2006, quando o
ex-governador de São Paulo estava no PSDB, eles disputaram o segundo turno à
Presidência em um pleito que ficou marcado por embates e trocas de acusações
entre os candidatos.
Em setembro, oito ex-candidatos à
Presidência declararam apoio a Lula em evento com o petista.
Bolsonaro tenta reeleição após
governo marcado por pandemia
O presidente conseguiu atrair os
partidos que formam a base governista em busca da reeleição. Além do PL,
Republicanos e PP apoiam a sua candidatura.
Em seu primeiro ano à frente do
Executivo, o presidente e seus ministros conseguiram aprovar a reforma da
Previdência no Congresso.
A partir de fevereiro de 2020,
Bolsonaro teve que lidar diariamente com o aumento no número de casos e mortes
provocados pelo coronavírus e com os impactos econômicos da pandemia.
Em articulação com o parlamento e
com os votos da oposição, o governo aprovou um auxílio de R$ 600 a
trabalhadores de baixa renda, o auxílio emergencial. O benefício foi postergado
mais de uma vez e, mais tarde, transformado em um auxílio permanente, o Auxílio
Brasil.
Na área econômica, o governo
Bolsonaro também conseguiu aprovar a privatização da Eletrobras.
Além do desgaste em decorrência
das mortes provocadas pelo coronavírus, Bolsonaro enfrentou investigações de
corrupção contra integrantes de seu governo, como o então ministro da Educação,
Milton Ribeiro, acusado de direcionar repasses da pasta a prefeituras indicadas
por pastores sem cargo oficial. Ele nega irregularidades.
Bolsonaro ainda precisou lidar
com os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia e com o aumento nos preços dos
combustíveis e alimentos provocados pelo conflito.
O presidente teve uma série de
atritos com ministros do STF e TSE, levantando suspeitas sobre a lisura do
processo eleitoral.
Campanhas retornam na segunda (3)
De acordo com o calendário do
TSE, os candidatos podem voltar a fazer campanha às 17h da segunda-feira (3),
24h após o encerramento da votação do primeiro turno. As campanhas podem pedir
voto até o dia 28.
No próximo dia 7, a propaganda
eleitoral gratuita no rádio e na TV também retornará à programação e ficará no
ar até o dia 28.
Quem são os candidatos no 2º
turno
O 35º presidente do Brasil, Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) nasceu em Caetés – à época do seu nascimento, o
município chamava-se Garanhuns. Iniciou sua carreira política como presidente
do Sindicato do Metalúrgicos do ABC, entre os anos 70 e 80. Depois, fundou o partido
dos trabalhadores (PT) e foi eleito deputado federal, em 1986, pela sigla.
Disputou as eleições presidenciais de 1989, 1994 e 1998 – terminando todas na
segunda colocação – até ser eleito, enfim, em 2002 e reeleito em 2006.
O 38º presidente do Brasil, Jair
Bolsonaro (PL), nasceu em Glicério (SP). Ele se formou pela Academia Militar
das Agulhas Negras (AMAN) e se tornou capitão do Exército Brasileiro. Bolsonaro
iniciou a sua iniciou a sua carreira política em 1988, como vereador do Rio de
Janeiro. Dois anos depois, foi eleito deputado federal pelo estado do Rio de
Janeiro, permanecendo na Câmara Federal por sete mandatos consecutivos. O
Bolsonaro foi eleito presidente em 2018.
Daniel Reis da CNN
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