Senadores apresentam pedido de CPI para apurar assédio eleitoral cometido por empresários e prefeitos.
Imagem ilustrativa - Foto: Jefferson Rude/Agência Senado
Requerimento apresentado por
Alexandre Silveira (PSD-MG) tem 28 assinaturas, uma a mais que o exigido. CPI
tem que ser lida em plenário; Pacheco diz aguardar parecer da Advocacia do
Senado.
Senadores protocolaram nesta
terça-feira (25) pedido de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) para apurar denúncias de assédio eleitoral praticado por empresários e
prefeitos.
O assédio ocorre quando donos de
empresas, por exemplo, ameaçam os funcionários ou prometem benefícios para que
esses votem em determinado candidato.
O requerimento, apresentado pelo
senador Alexandre Silveira (PSD-MG), reuniu nesta terça 28 assinaturas de apoio
– uma a mais que o exigido para que o pedido seja formalmente protocolado.
Para começar a funcionar, a CPI
ainda precisa ser lida em plenário e depois instalada. O presidente do Senado,
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já afirmou que a Casa só analisará solicitações de
CPI após as eleições, cujo segundo turno acontecerá no próximo domingo (30). Há
outros pedidos de comissão na fila.
Na sessão desta terça, Silveira
pediu que Pacheco lesse o requerimento. O presidente do Senado dissse, no
entanto, que vai adotar o "rito de praxe" e aguardar parecer da
Advocacia do Senado – que analisará se o pedido cumpre todas as regras
necessárias.
"Havendo os requisitos, será
lido o requerimento", disse Pacheco.
Segundo o requerimento, o
objetivo da CPI será o de "apurar denúncias de assédio eleitoral por parte
de empresários, gerentes de empresas e até mesmo prefeitos municipais que
ameaçam trabalhadores e trabalhadoras, exigindo ou induzindo a que votem no
presidente Jair Bolsonaro, ou ainda oferecendo prêmios ou recompensas para quem
assim o fizer".
De acordo com o pedido, o assédio
configura dois crimes eleitorais: impedir o exercício do voto; e usar de
violência ou ameaça para coagir alguém a votar. A pena do segundo crime pode
chegar a prisão (reclusão) de até quatro anos e pagamento de multa.
O Ministério Público do Trabalho
já registrou 1.176 denúncias de assédio eleitoral, número cinco vezes maior que
o da última eleição geral, em 2018, em que 212 casos foram relatados.
Silveira pede que um episódio
específico, que ocorreu em Betim (MG), seja investigado. Na ocasião, um frigorífico
obrigou funcionários a vestirem camisetas com o número do candidato à reeleição
à Presidência, Jair Bolsonaro, e a participarem de um evento de apoio à
candidatura.
"Houve, inclusive, a
promessa de um pernil para o funcionário que trouxesse o comprovante de votação
na segunda-feira após a eleição, caso Jair Bolsonaro seja reeleito", citou
o senador no documento.
O Ministério Público do Trabalho
informou que Minas Gerais é o estado onde mais reclamações desta natureza foram
registradas, 316 no total.
O parlamentar sugeriu que a CPI
seja composta por 11 titulares e sete suplentes, funcione durante 90 dias e
tenha um gasto previsto de R$ 110 mil.
Por Sara Resende e Vinícius Cassela, TV Globo e g1 — Brasília
Nenhum comentário