Universidades federais dizem que governo bloqueou orçamento e estão com atividades em risco.
Governo anunciou
contingenciamento de R$ 2,6 bilhões no Orçamento da União, mas ainda não
detalhou as áreas que foram afetadas. Institutos federais também reclamaram de
bloqueio.
Universidades federais afirmaram
nesta quarta-feira (5) que o governo federal formalizou um bloqueio de recursos
no Ministério da Educação, o que vai afetar as atividades das instituições.
O governo anunciou, no fim de
setembro, um bloqueio no Orçamento da União de R$ 2,6 bilhões, mas ainda não
detalhou quais ministérios sofreram o contingenciamento.
Agora, a Associação Nacional dos
Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), disse que
foi informada pelo Ministério da Educação que o bloqueio total para a educação
foi de R$ 1 bilhão. Especificamente para a educação superior, é de R$ 328
milhões.
"Este valor, se somado ao
montante que já havia sido bloqueado ao longo do ano, perfaz um total de R$ 763
milhões em valores que foram retirados das universidades federais do orçamento
que havia sido aprovado para este ano", explicou a Andifes.
Em razão do novo bloqueio de
recursos, a diretoria da Andifes convocou uma reunião extraordinária de seu
conselho pleno para esta quinta-feira para debater as ações e providências.
"A diretoria da Andifes, que
já buscava reverter os bloqueios anteriores para o restabelecimento do
orçamento aprovado para 2022, sem os quais o funcionamento das universidades já
estava comprometido, aduziu que este novo contingenciamento coloca em risco
todo o sistema das universidades", acrescentou.
Por fim, a Andifes diz lamentar
que o novo bloqueio tenha sido imposto quase no final do ano, "mais uma
vez inviabilizando qualquer forma de planejamento institucional, quando se
apregoa que a economia nacional estaria em plena recuperação".
"E lamentamos também que
seja a área da educação, mais uma vez, a mais afetada pelos cortes
ocorridos", concluiu.
Entidades de ensino técnico
também afirmam que sofreram contingenciamento que pode inviabilizar os
trabalhos dos institutos federais.
Em nota, o Ministério da Educação
informou que se adequou ao bloqueio, em conformidade com o decreto do governo.
A pasta disse ainda que, em dezembro, os valores serão desbloqueados.
"O MEC realizou os estornos
necessários nos limites de modo a atender ao Decreto, que corresponde a 5,8%
das despesas discricionárias de cada unidade. Segundo informações do Ministério
da Economia, consoante ao que também determina o próprio decreto, informamos
que os limites serão restabelecidos em dezembro", disse o Ministério da
Educação.
O g1 questionou o Ministério da
Economia sobre o novo bloqueio de recursos na educação e aguardava uma resposta
até a última atualização desta reportagem.
Institutos federais
Em nota divulgada também nesta
quarta, Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica
reclamou de bloqueios no orçamento de instituições como os institutos federais.
De acordo com a nota, o novo
contingenciamento da rede técnica é de R$ 147 milhões. Ao longo de todo ao ano,
o valor chega a R$ 300 milhões.
"Serviços essenciais de
limpeza e segurança serão descontinuados, comprometendo ainda as atividades
laboratoriais e de campo, culminando no desemprego e na precarização dos
projetos educacionais, em um momento de tentativa de aquecimento econômico e
retomada das atividades educacionais presenciais no pós-pandemia",
escreveu a entidade do ensino técnico.
Bloqueio de R$ 2,6 bilhões
O bloqueio de R$ 2,6 bilhões no
orçamento de 2022 foi anunciado em 22 de setembro. O objetivo, segundo a área
econômica, foi o de cumprir a regra do teto de gastos — pela qual a maior parte
das despesas não pode subir acima da inflação do ano anterior.
Os ministérios objeto dos cortes
não foram divulgados naquele momento. Um decreto presidencial, editado em 30 de
setembro, trouxe as tabelas com os contingenciamentos por áreas. Entretanto, ao
contrário do que é habitual, o Ministério da Economia não divulgou explicações
detalhando o contingenciamento por áreas.
Com o novo bloqueio no orçamento
deste ano, o total de recursos contingenciados (considerando as limitações
anteriores) avançou de R$ 7,9 bilhões para R$ 10,5 bilhões.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília
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