MPF pede afastamento imediato de diretor-geral da PRF
Justiça negou afastamento
alegando que Vasques está de férias
O Ministério Público Federal
(MPF) pediu ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) o afastamento
imediato do diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei
Vasques, por 90 dias. O pedido foi feito na sexta-feira (25). Antes, no mesmo
dia, o MPF moveu uma ação civil contra Vasques por improbidade administrativa e
pediu o afastamento do diretor-geral da corporação. O juiz federal José Arthur
Diniz Borges deu prazo para defesa de Vasques e negou seu afastamento, sob
alegação de que se encontra de férias até o dia 6 de dezembro.
O MPF reiterou o pedido,
argumentando que “a relação hierárquica tem uma dimensão intersubjetiva e
social que não se restringe ao ambiente físico de trabalho. Em outras palavras,
o diretor-geral não deixa de ser diretor-geral porque está em férias; não deixa
de ter ascendência sobre seus comandados, especialmente numa organização
policial fardada; não deixa de ter o poder de causar temor reverencial”.
Ação
Na ação do MPF, o órgão
disse entender que Vasques utilizou do cargo púbico para fazer campanha eleitoral
para o então candidato à reeleição presidencial Jair Bolsonaro, entre agosto e
outubro deste ano. No inquérito, o Ministério Público atesta que o
diretor-geral da PRF, desde o começo das eleições, fez postagens em redes
sociais com mensagens de cunho eleitoral. No dia 29 de outubro de 2022, véspera
do segundo turno das eleições, na conta pessoal no Instagram, Vasques pediu
explicitamente voto para Bolsonaro, segundo o MPF.
Para o MPF, a postura de
Vasques está relacionada com a conduta da PRF no dia do segundo turno, quando
vários ônibus, sobretudo no Nordeste (onde o adversário de Bolsonaro tinha
número superior de eleitores, segundo pesquisas), foram parados por agentes em
operações policiais questionadas pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), ministro Alexandre de Moraes. A "inação [da PRF] durante os
bloqueios" rodoviários promovidos por eleitores descontentes com o
resultado das eleições, também foi lembrada na ação do MPF.
“Não é possível dissociar
que as condutas do requerido, especialmente na véspera do pleito eleitoral,
tenham contribuído sobremodo para o clima de instabilidade e confronto
instaurado durante o deslocamento de eleitores no dia do segundo turno das
eleições e após a divulgação oficial do resultado pelo TSE”.
PRF
Em nota após primeira ação
do MPF, a Polícia Rodoviária Federal informou que acompanha com naturalidade a
determinação de citação ao diretor-geral, “uma vez que é o procedimento normal
após representação formulada pelo órgão ministerial”.
“Saliente-se que o
magistrado não acatou o pedido formulado pelo órgão ministerial de afastamento
imediato do diretor-geral, sem a manifestação da parte contrária, determinando
a citação do requerido para apresentação de contestação no prazo de 30 dias”,
diz a nota.
Até aquele momento, a PRF
não sabia informar se Vasques foi notificado da decisão, uma vez que ele se
encontra de férias.
Agência Brasil
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