Congresso promulga PEC da Transição. Sessão solene foi realizada na noite desta quarta.
A Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) da Transição foi promulgada na noite desta quarta-feira (21)
pelo Congresso Nacional em sessão solene semipresencial realizada no plenário
do Senado, cerca de 15 minutos após a aprovação da PEC no Senado. Com a promulgação,
as mudanças propostas no texto passam a fazer parte da Constituição por meio da
Emenda Constitucional 126/2022.
O presidente do Congresso,
senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse, no discurso da promulgação, que a
proposta foi alvo de intensos debates no Senado e na Câmara, sendo que nesta
última Casa passou por “aprimoramentos” que demandaram seu retorno ao Senado,
onde a PEC inicialmente foi votada, e agradeceu empenho dos parlamentares.
Pacheco destacou que a
proposta levou um período de 23 dias de sua apresentação até a promulgação, o
que impediu que as famílias beneficiárias do Auxílio Brasil, que voltará a se
chamar Bolsa Família, deixassem de receber um benefício de R$ 600 já em janeiro
de 2023. Para o presidente do Congresso a Emenda Constitucional garante “a
todos os brasileiros e brasileiras patamares minimamente aceitáveis de
dignidade humana e de exercício da cidadania”.
A promulgação da PEC permite
que a Comissão Mista de Orçamento (CMO) vote a Lei Orçamentária Anual na
reunião da comissão marcada para as 10h desta quinta (22). Na avaliação
relator-geral do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), o
Orçamento da União para o próximo ano apenas seria viabilizado com a aprovação
da PEC da Transição.
Mudanças
Com a promulgação da PEC, o
novo governo terá R$ 145 bilhões para além do teto de gastos, dos quais R$ 70
bilhões serão para custear o Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa
Família em 2023) de R$ 600 com um adicional de R$ 150 por criança de até 6
anos.
Os outros R$ 75 bilhões
podem ser destinados para as despesas como políticas de saúde (R$ 16,6
bilhões), entre elas o programa Farmácia Popular e o aumento real do salário
mínimo (R$ 6,8 bilhões). A PEC também abre espaço fiscal para outros R$ 23
bilhões em investimentos pelo prazo de um ano.
A validade desses gastos
extra-teto é de um ano. A proposta inicial aprovada pelo Senado era de dois
anos. A Câmara reduziu para um.
A emenda constitucional
também alterou a destinação dos recursos do chamado orçamento secreto, as
emendas de relator, consideradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal
Federal (STF). Acordo entre líderes partidários definiu que os recursos serão
rateados entre emendas individuais e programações de execução não obrigatória
pelo Executivo. A Câmara ficará com 77,5% do valor global das emendas
individuais; e o Senado, com 22,5%.
Regra de ouro
A emenda constitucional
dispensa a “regra de ouro” em relação à necessidade de que o Poder Executivo
solicite ao Congresso Nacional autorização para emitir títulos da dívida
pública para financiar despesas correntes no montante de R$ 145 bilhões no
próximo ano. Os recursos ficarão de fora ainda da meta de resultado primário.
Também estão retiradas as
limitações do teto de gastos em doações recebidas por universidades federais,
recursos para o auxílio-gás em 2023, transferência de recursos dos estados para
União executar obras e serviços de engenharia. Ficam fora da limitação as
doações para projetos socioambientais relacionados às mudanças climáticas.
No caso dos restos a pagar,
que são as despesas para as quais existe comprometimento de pagamento por parte
do governo e referentes a exercícios anteriores, o texto aumenta de 0,6% para
1% da receita o montante total que pode ser considerado para execução das
emendas parlamentares. A referência também será a receita corrente líquida do
exercício anterior ao do encaminhamento do projeto de Lei Orçamentária.
A emenda constitucional
também determina que o presidente da República encaminhe ao Congresso Nacional,
até 31 de agosto de 2023, um projeto de lei complementar com o objetivo de
instituir um novo regime fiscal “sustentável para garantir a estabilidade
macroeconômica do País e criar as condições adequadas ao crescimento
socioeconômico”.
* Colaborou Wellton Máximo e Heloísa Cristaldo | Agência Brasil
Nenhum comentário