Exército impediu a remoção de acampamento em frente ao QG de Brasília, diz Ibaneis em depoimento.
Governador Ibaneis Rocha - Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília |
A CNN obteve com
exclusividade o depoimento de Ibaneis Rocha para a Polícia Federal (PF).
Segundo a âncora da CNN
Daniela Lima, o governador disse a PF que o Exército impediu a remoção de
acampamento em frente ao QG de Brasília.
O governador afirmou que
determinou a retirada do acampamento no dia 29 de dezembro, dois dias antes da
posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, segundo
Ibaneis, o exército se opôs à retirada. O presidente Lula sabia dessa oposição.
“Indagado a respeito de
medidas inicialmente adotadas para conter os acampamentos, o declarante afirmou
que a área é sujeita a administração do comando do Exército, contudo o GDF
manteve contato com os comandantes militares para organizar a retirada pacífica
dos acampados”, disse o governador.
“Foi definida a data de
29/12/2022 e iniciado o procedimento de remoção, mas este foi sustado logo o
início por ordem do comando do Exército. Algumas barracas chegaram a ser
retiradas, mas o DF Legal, auxiliado pela Polícia Militar, não conseguiram
terminar todo o trabalho de retirada em razão da oposição das autoridades
militares”, completou.
De acordo com ele, a
Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal estava responsável
integralmente em fazer a segurança dos atos do dia 8 de janeiro.
O governador apontou que
quem recebia as informações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) era a
secretaria de segurança pública, e que ele não recebeu essas informações.
“Recebia informes sobre as
questões de segurança do DF e nenhuma dessas tratou de possíveis ações radicais
que estavam sendo organizadas polos acampados. Eventuais relatórios de
inteligência ficavam restritos à secretaria de segurança, e apenas chagava ao
governador o que realmente importava para suas decisões”.
“A Secretaria de Segurança
Pública estava encarregada integralmente de fazer o planejamento para garantir
a segurança dos atos que se anunciavam para o dia 08 de janeiro”, disse
Ibaneis.
O governador disse que havia
um protocolo de ações de segurança, e que não cabia a ele examinar “em
minúncias questões operacionais de segurança”.
“Tem conhecimento da
formalização de um protocolo de ações integradas. Além dos orgãos do DF, também
participaram do protocolo os seguintes entes responsáveis pela segurança:
Senado Federal, Câmera dos Deputados STF, MRE, e PRF. No plano consta que a
Polícia Militar deveria utilizar o contingente necessário conforme planejamento
próprio da instituição. Não cabe ao governador do DF examinar em minúcias
questões operacionais de segurança”.
O governador afirmou que
recebeu uma mensagem do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino,
na noite do dia 6 de janeiro, relatando preocupações com a chegada de ônibus
com manifestantes.
Ibaneis disse ter falado com
Anderson Torres, que havia acabado de chegar aos EUA. O governador disse ter
sido tranquilizado pelo secretário interino de segurança pública, Fernando de
Souza Oliveira, que informou que os manifestantes agiam pacificamente.
“Às 23:30 horas, salvo
engano, do dia 06/01/2023, mas lido somente na manhã do dia seguinte, dia
07/01/2023, recebeu uma mensagem por WhatsApp do ministro Flávio Dino,
relatando preocupação com a chegada de vário ônibus com manifestantes.
Imediatamente entrou em contato telefônico com o secretário de segurança, Dr.
Anderson Torres, mas ele havia acabado de chegar nos Estados Unidos, repassando
imediatamente o telefone do Sr. Fernando de Souza Oliveira, secretário interino
de segurança pública, com quem fez contato e o tranquilizou, afirmando haver
informes que os manifestantes estavam chegando pacificamente ao QG do Exército
para a manifestação do dia 08/01/2023″.
Ibaneis relatou algumas
vezes ter recebido mensagens de Fernando de Souza, afirmando na mensagem que a
situação estava tranquila. Todas essas mensagens eram encaminhadas ao ministro
Flávio Dino.
O governador, ao assistir
pela televisão o início do tumulto no Congresso Nacional, ordenou que todas as
forças de segurança fossem para a rua.
“Às 15:39 horas, ao
acompanhar pela TV o início de um tumulto próximo do Congresso Nacional,
determinou ao secretário de segurança em exercício “coloca tudo na rua” e na
sequência ainda disse “tira esses vagabundos do Congresso de prendam o máximo
possível”;”
CNN - (Publicado por Gabriel Ferneda com informações de Daniela Lima)
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