ALERTA: Percentual de bebês vacinados contra hepatite B é um dos menores da história.
Estudo do Observa Infância
considerou doses aplicadas em crianças menores de 1 ano e o número de nascidos
vivos naquele mesmo ano.
O Brasil nunca esteve em
patamares tão baixos de proteção contra doenças imunopreveníveis, desde que as
campanhas começaram a ser realizadas em larga escala. Este é o caso, por
exemplo, da vacina contra a hepatite B. O Brasil fechou o ano de 2021 com
apenas 76% das crianças menores de 1 ano imunizadas contra a doença. Dados
preliminares de 2022 registraram queda ainda mais acentuada no último ano:
75,2% de crianças vacinadas.
Os dados são de estudo feito pelo
Observa Infância, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Centro
Universitário Arthur Sá Earp Neto (Unifase). A pesquisa levou em conta as doses
aplicadas em menores de 1 ano - faixa etária ideal para aplicação da vacina,
logo após o nascimento - e o número de nascidos vivos naquele mesmo ano.
A sequência de baixas na proteção
vem desde 2019, ano em que o percentual de vacinados foi de 72,6% ante quase
86% registrados em 2018. Confira abaixo os percentuais dos últimos cinco anos:
👉2018: 86%;
👉2019: 72,6%;
👉2020: 83,4%;
👉2021: 76,2%;
👉2022: 75,2% (dados preliminares).
De acordo com a pesquisadora e
coordenadora do Observa Infância, Patrícia Boccolini, a insegurança alimentar é
um dos fatores que tem levado à queda da vacinação nos últimos anos e não só
contra a hepatite B, mas também contra outras doenças. “O que vimos nos últimos
anos foi o aumento da vulnerabilidade da população. Então se torna mais urgente
pra família o que eles vão almoçar ou jantar e, com isso, a vacinação acaba se
tornando uma preocupação secundária”, alerta a pesquisadora.
“Imunização não é um assunto que
deve ser só do Ministério da Saúde. Envolve também a educação e o
desenvolvimento social, por exemplo, pela necessidade de busca ativa. As
escolas têm um papel fundamental nesse resgate das altas coberturas, porque
elas devem ser não só um lugar de educação em saúde, mas um polo de
vacinação", destaca a pesquisadora.
Patrícia também reforça a
necessidade de o Brasil voltar a priorizar a atenção básica, com o
fortalecimento das equipes de Saúde da Família. “Nos últimos anos foi trilhado
o caminho inverso, com enfraquecimento, redução de financiamento e
desmobilização de equipes. O agente comunitário nunca teve tanta importância.
Precisamos mais do que nunca deles para aumentar a cobertura vacinal dos
municípios”, diz.
Declínio na região Norte
A maior região em extensão
territorial do Brasil é a mais afetada pela baixa nos índices de vacinação
contra a hepatite B em bebês, de acordo com o estudo da Fiocruz. Em 2019, já em
cenário de queda, era de 70% o número de imunizados contra a hepatite B no
Norte. Em 2020, houve redução para 66,4%. Em 2021, nova baixa levou o índice para
63,4%. Em 2022, a região apresentou leve alta, com 67,5% de menores de 1 ano
imunizados contra a doença. Os dados do ano passado, no entanto, ainda são
preliminares.
Programa Nacional de Vacinação de
2023
Frente ao cenário de risco de
reintrodução de doenças no Brasil, o Ministério da Saúde inicia, no próximo dia
27 de fevereiro, uma série de campanhas de vacinação. As etapas e fases da
campanha foram organizadas de acordo com os estoques existentes, as novas
encomendas realizadas e os compromissos de entregas assumidos pelos fabricantes
das vacinas.
ClickPicuí com informações de Nathan Victor | Ministério da Saúde
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