Em 14 dias, Governo Federal entrega mais de 75 toneladas de mantimentos e medicamentos em território Yanomami.
Trabalho logístico é
coordenado pelo Ministério da Defesa e executado pela Força Aérea Brasileira.
Diversos ministérios contribuem para enfrentar a crise humanitária de saúde que
envolve o povo indígena em Roraima.
Diante da crise de
desassistência sanitária na Reserva Indígena Yanomami em Roraima, o Governo
Federal já garantiu a entrega de mais de 75 toneladas de mantimentos e
medicamentos à população da região até 3 de fevereiro. O número é referente a
3.785 cestas básicas.
O trabalho é coordenado pelo
Ministério da Defesa e executado pela Força Aérea Brasileira (FAB), que
transporta os suprimentos desde 21 de janeiro, diariamente para aldeias
Yanomami – o maior território indígena do país. A montagem, preparação e
entrega dos suprimentos fazem parte de um trabalho conjunto com o Exército
Brasileiro.
Os kits estão sendo enviados
por cinco aeronaves (C-98 Caravan, C-97 Brasília, C-105 Amazonas, C-130
Hércules e KC-390 Millennium), que realizam os lançamentos aéreos com
paraquedas, em função do difícil acesso à região, e helicópteros, em especial o
H-60 Black Hawk.
Neste período, a FAB
viabilizou, também, 37 evacuações aeromédicas com indígenas em situação grave
de saúde. Os militares já realizaram mais de 600 atendimentos médicos e
acumulam mais de 340 horas de voo em trabalho de ajuda humanitária.
HOSPITAL DE CAMPANHA - A FAB
instalou um Hospital de Campanha ao lado da Casa de Saúde Indígena (Casai) em
Boa Vista (RR), a fim de auxiliar o Ministério da Saúde no apoio à crise da
região. Desde 27 de janeiro, houve 600 atendimentos a indígenas Yanomami.
O hospital conta com equipe
multidisciplinar e já foram empregados mais de 300 militares médicos, com
especialidades em ortopedia, cirurgia geral, pediatria, radiologia, ginecologia
e patologia. A estrutura também tem capacidade de realizar exames
laboratoriais, ultrassonografias e dispõe de leitos de estabilização. Pacientes
em estados mais graves são encaminhados para outros hospitais de Boa Vista.
MEDIDAS – Diante das
denúncias de um quadro crítico de desnutrição, de dezenas de casos de malária e
de insegurança alimentar e social na Terra Indígena Yanomami, o presidente da
República, Luiz Inácio Lula da Silva, viajou com uma comitiva a Boa Vista (RR)
em 21 de janeiro e visitou a CASAI. O presidente editou um decreto que cria o
Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária
das populações em território Yanomami. Ficou determinado que os ministros de
diversas áreas adotassem medidas de enfrentamento à grave crise dos povos
Yanomami.
A ministra da Saúde, Nísia
Trindade, assinou uma portaria que declara Emergência em Saúde Pública de
Importância Nacional diante da necessidade de ação urgente. O ministro da
Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou a abertura de inquérito
policial para apurar o crime de genocídio e crimes ambientais no território
indígena. A Polícia Federal ficou responsável por apurar responsabilidades e
punir culpados.
O Ministério dos Direitos
Humanos e da Cidadania, por sua vez, enviou comitiva para levantar informações
e fazer diagnósticos sobre a tragédia humanitária. Uma nova equipe estará em
campo nesta próxima semana. Estão previstas visitas de campo a aldeias que
integram o território Yanomami em Surucucu. Demandas locais e denúncias de
violações serão colhidas pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos.
Uma comitiva com integrantes
do Ministério dos Povos Indígenas também está em campo em Roraima, com previsão
de atividades de campo, reunião na CASAI neste sábado e visita a Surucucu no
domingo.
Representantes do Ministério
do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS)
articularam o envio de cestas de alimentos e tiveram reuniões com
representantes do estado e do município para avaliar as condições de prestações
de serviços em assistência social na região.
SAÚDE – Novos voluntários da
Força Nacional do SUS começam a desembarcar em Boa Vista (RR) neste fim de
semana. Ao todo, 40 profissionais chegam até domingo (5/02)— entre
nutricionistas, farmacêuticos, assistentes sociais, médicos e enfermeiros -
habilitados no programa do Ministério da Saúde, vão compor nove equipes
multidisciplinares focadas nos atendimentos prestados na Casa de Saúde Indígena
(Casai) e percorrer três polos de atendimento nos territórios indígenas de
Auaris, Surucucu e Missão Catrimani.
Os novos voluntários vão
integrar equipes para atuar na busca ativa de pacientes. Para isso, vão passar
por treinamentos específicos para casos de desnutrição e malária. “Com a
dificuldade de deslocamento nas regiões, muitas vezes os doentes só procuram atendimento
em estágio muito grave, o que aumenta o risco de óbitos”, a coordenadora do
Centro de Operações Emergenciais (COE), Ana Lúcia Ponte, médica sanitarista e
pesquisadora da Fiocruz.
O Brasil conta com 34
Distritos Sanitários Especiais Indígenas, os Dseis. Dentro deles funcionam os
polos de saúde indígena, normalmente compostos por agentes de saúde indígena e
unidades básicas de saúde indígena (UBSI). No Dsei de Yanomami, em Roraima,
deveriam funcionar 31 polos, com 37 UBSI, abrangendo a população de 30 mil
indígenas. Entretanto, com avanço da ocupação ilegal de garimpeiros nesses
territórios e a desassistência em saúde, quatro polos foram fechados e os
demais tiveram as estruturas e funcionamento comprometidos nos últimos anos.
Ao longo desta semana, mais
de 33 mil profissionais de saúde se inscreveram para participar da Força
Nacional do Sistema Único de Saúde de forma voluntária. A FN-SUS é um programa
de cooperação criado em novembro de 2011 e voltado à execução de medidas de
prevenção, assistência e repressão a situações epidemiológicas, de desastres ou
de desassistência à população quando é esgotada ou insuficiente a capacidade de
resposta do estado ou do município.
CESTAS ADAPTADAS – O Governo
Federal estabeleceu uma série de especificações para alimentos e insumos a
serem distribuídos na Terra Indígena Yanomami. A Nota Técnica com as diretrizes
é assinada pela Funai e Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do
Ministério da Saúde. A proposta de cesta alimentar padrão de 21 quilos inclui, por
exemplo, leite em pó, carne seca, goma de tapioca, arroz e farinha de milho
flocada, entre outros.
A demanda mais urgente é por
distribuição de alimentos saudáveis e culturalmente adequados, os quais são
indispensáveis para a recuperação nutricional das crianças. Para definição dos
itens, foram consultadas lideranças das organizações indígenas do povo Yanomami
e especialistas em nutrição humana. A padronização também é importante para
garantir uma distribuição equitativa às famílias atendidas e para facilitar o
cálculo logístico.
ACESSO RESTRITO – Além
disso, após reunião dos ministros da Casa Civil, Rui Costa, da Secretaria de
Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e do governador de Roraima, Antônio
Denarium, na quinta-feira (02/02), ficou estabelecido que será constituído um
grupo de trabalho para enfrentar a crise humanitária. A proposta é que, sob
coordenação do Governo Federal e participação do estado e dos municípios, sejam
adotadas estratégias que garantam atendimento ainda mais rápido aos Yanomami.
Para garantir a segurança do
Povo Yanomami, uma portaria assinada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas
(Funai) estabeleceu procedimentos de acesso à Terra Indígena Yanomami durante o
período de vigência da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional. O
ingresso será coordenado a partir das ações prioritárias definidas no Centro de
Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-Yanomami).
O objetivo é garantir o
resguardo e respeito aos povos indígenas. Entre as exigências de acesso estão
comprovante de esquema vacinal completo, comprovante de teste de Covid-19
negativo realizado 24 horas antes da data prevista de ingresso na Terra
Indígena e um atestado de avaliação médica que comprove a não existência de
doença infectocontagiosas.
Por Assessoria
Nenhum comentário