Fazenda e governadores fecham acordo e compensação de perdas do ICMS em 2022 será de R$ 26,9 bilhões.
Imagem Ilustrativa - Reprodução/Internet
Reparações aos estados
ocorrerão até 2026, sem comprometer o resultado fiscal da União.
O ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, anunciou nesta sexta-feira (10/3) a implementação de acordo firmado
entre o governo federal e todos os estados da Federação, além do Distrito
Federal, para a reposição das perdas resultantes de mudanças estabelecidas no
ano passado na cobrança do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS) sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e transportes. Em
decisão unânime, os agentes envolvidos na negociação acertaram em R$ 26,9
bilhões o valor das compensações referentes à renúncia de ICMS pelos estados em
2022.
A decisão foi anunciada em
pronunciamento do ministro à imprensa realizado no Ministério da Fazenda, em
Brasília. Também participaram o governador do Piauí, Rafael Fonteles
(coordenador do grupo dos governadores das 27 unidades da Federação na
negociação) e o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron. “Esse acordo
unânime marca a história das relações federativas do país e foi possível devido
ao empenho de todos os Poderes da República”, destaca comunicado do Ministério
da Fazenda aos veículos de comunicação.
“Foi muito injusto o que
aconteceu ano passado”, disse o ministro da Fazenda. “Isso é parte dos R$ 300
bilhões de problemas que o governo anterior nos legou, mas é uma etapa vencida.
É importante para a sustentabilidade fiscal para os estados e, portanto, para
as contas públicas nacionais. Estados saudáveis significam contas públicas
saudáveis”.
Haddad reforçou ainda que o
acordo com os estados não afeta as projeções do Ministério da Fazenda para este
ano, nem para o futuro, em referência ao conjunto de medidas para recuperação
fiscal anunciadas em janeiro.
O ministro criticou a fragilidade
da regra editada pelo governo anterior com os parâmetros da compensação, o que
levou a grandes incertezas sobre o valor total da contrapartida. As estimativas
de reparação estavam oscilando entre R$ 18 bilhões e R$ 45 bilhões. Com o
acordo, o valor da compensação foi unanimemente pactuado em R$ 26,9 bilhões,
dando fim ao impasse.
ABATIMENTO NAS DÍVIDAS - As
mudanças na cobrança do ICMS foram fixadas pelas Leis Complementares nº 192 (de
março de 2022) e nº 194 (de junho de 2022), gerando impactos nos caixas
estaduais. Do total acordado agora, cerca de R$ 9 bilhões já foram compensados
por meio de liminares concedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a estados
devedores da União no âmbito do Grupo de Trabalho criado pela corte.
Os valores restantes serão
abatidos das parcelas da dívida que os estados tenham com a União, ou serão
pagos diretamente — aportes — aos estados que não têm dívidas com o governo
federal. O cronograma vai até 2026.
Rogério Ceron, secretário do
Tesouro Nacional, explicou que o total de compensação, em 2023, será da ordem
de R$ 4 bilhões. “O restante será diluído ao longo dos próximos exercícios, até
2026”. Estados que têm a receber até R$ 150 milhões contarão com 50% do valor
em 2023 e 50% em 2024, com recursos do Tesouro Nacional. Estados que têm entre
R$ 150 e R$ 500 milhões a receber contarão com 1/3 do valor em 2023 e 2/3 em 2024.
Para quem tem mais de R$ 500 milhões a receber, a compensação será distribuída
ao longo de três anos: 25% em 2023, 50% em 2024 e 25% em 2025. Já para os
estados em Regime de Recuperação Fiscal (Rio de Janeiro, Goiás e Rio Grande do
Sul), valem as regras anteriores, porém o adicional de R$ 900 milhões será
compensado na dívida em 2026.
“Junto com os 27 estados, vamos
levar [o acordo] ao Supremo Tribunal Federal e, também, ao Congresso Nacional,
assim como o ministro Fernando Haddad apresentar para o presidente Lula”,
explicou Rafael Fonteles, governador do Piauí. “Ou seja, a conclusão do acordo
envolverá os demais Poderes, com homologação pelo STF.
“Esse diálogo — continuou ele —
aconteceu de maneira muito receptiva de parte a parte e acho que isso também
vai contribuir para a nova etapa que vem adiante, que é a discussão da Reforma
Tributária. Sem sombra de dúvida, os estados estão muito interessados nessa
questão, até porque o tributo mais complexo é o ICMS, que precisa ser reformado
de fato”, concluiu Fonteles.
ClickPicuí com Secretaria de Comunicação Social
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