FPM: prefeituras receberão repasses extras em julho, setembro e dezembro.
Especialista em Orçamento diz que recursos representam uma
oportunidade para o gestor municipal se programar diante de gastos extras que
municípios terão no 2º semestre.
Levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM)
prevê que as prefeituras brasileiras vão receber repasses adicionais de 1% do
Fundo de Participação dos Municípios (FPM) nos próximos meses de julho,
setembro e dezembro. Os recursos são conquistas permanentes do movimento
municipalista encabeçado pela entidade e fundamentais para minimizar as
adversidades enfrentadas pelos gestores.
De acordo com as projeções da Confederação, com base em
informações oficiais divulgadas pelo Relatório de Avaliação Fiscal e
Cumprimento de Metas do Governo Federal, o repasse de 1% do FPM de julho deve
ser de R$ 7,5 bilhões. O valor dividido entre as prefeituras no adicional de
setembro deve chegar a R$ 1,8 bilhão.
No entanto, conforme informações da CNM, esse montante foi
calculado em cima do percentual de 0,25%. Ou seja, os municípios só vão receber
0,25%, neste ano, do repasse extra de setembro. Depois, o percentual sobe para
0,5% em 2024, até chegar a 1% a partir de 2025 - conforme previsto na Emenda
Constitucional 112/2021.
Já a previsão para o 1% do mês de dezembro deve ser R$ 7,6
bilhões.
De acordo com o especialista em orçamento público César Lima,
o cálculo desses recursos extras é feito a partir de 1% do FPM do acumulado do
Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrados
nos últimos 12 meses. “Isso torna esses valores expressivos, que entrarão no
caixa das prefeituras em boa hora”, destacou.
“É uma oportunidade de o prefeito se programar para os gastos
extras que as prefeituras têm no meio e no final do ano, em relação ao décimo
terceiro do funcionalismo público”, aconselhou o consultor. “É uma época onde
os impostos mais representativos para os municípios já não estão mais sendo
arrecadados, como IPTU e IPVA, causando um decréscimo nas contas das
prefeituras”, alertou César Lima, para concluir em seguida: “Considerando a
época do ano, nas contas do município, esses valores extras vêm bem a calhar”.
Vitórias
Os repasses extras são frutos de importantes conquistas da
CNM e do movimento municipalista. Ao longo dos anos, ouvindo as necessidades
dos gestores, a entidade atuou no Congresso Nacional para aprovar os repasses
adicionais de julho, setembro e dezembro que se concretizaram, respectivamente,
por meio das EC 84/2017, 112/2021 e 55/2007.
Essas emendas aprovadas pelo Congresso Nacional alteraram o
art. 159 da Constituição Federal e elevaram, gradativamente, os recursos
repassados pelo governo federal. Os repasses extras de julho, setembro e
novembro foram solicitados pelo movimento municipalista por esses meses
registrarem as maiores quedas nos repasses do FPM.
Segundo informações divulgadas pela CNM, de acordo com a
redação de todas as emendas, esse tipo de transferência constitucional não
incide a retenção do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e devem ser aplicados em
Manutenção e Desenvolvimento de Ensino (MDE).
O que é o FPM
O Fundo de Participação dos Municípios é uma das principais
fontes de receita das prefeituras do Brasil. Conforme dados da CNM, esses
repasses representam a maior fonte de recursos para cerca de 60% dos municípios
do país. Quando cai a arrecadação, a maioria das prefeituras enfrenta grandes
dificuldades para manter as contas em dia.
Trata-se de um “fundo” que representa 22,5% da arrecadação da
União Federal, com os valores do Imposto de Renda recebidos pela Receita
Federal e o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). São três
transferências de recursos por mês, feitas a cada dez dias (por isso, tem o
nome “decêndio”). Se a data cair no sábado, domingo ou feriado, o repasse é
antecipado para o primeiro dia útil anterior. O dinheiro das prefeituras é
creditado pelo Banco do Brasil.
Como funciona
Os percentuais de participação de cada município são
calculados anualmente pelo TCU, de acordo com o número de habitantes de cada
cidade e a renda per capita dos estados. Os municípios são divididos em três
categorias: capitais, interior e reserva. As capitais dos estados e Brasília
recebem 10% do FPM.
Os demais municípios brasileiros são considerados de
interior, e embolsam 86,4% do fundo. Já os municípios de reserva são aqueles
com população superior a 142.633 habitantes e recebem – além da participação
como município de interior – uma cota adicional de 3,6%.
Fonte: Brasil 61 -
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