Enfermagem: julgamento sobre piso salarial da categoria será retomado na sexta-feira (16).
Pedro Ventura/Agência Brasília/Divulgação
Ministro Gilmar Mendes devolveu pedido de vista da ação que
avalia piso da categoria, setores público e privado demonstram preocupação com
a medida.
O Supremo Tribunal Federal vai retomar o julgamento do piso
salarial da enfermagem nesta sexta-feira (16). A expectativa agora é que o
referendo seja analisado até o dia 23 de junho, caso não haja novo pedido de
vista ou destaque. A ação acontece após o ministro Gilmar Mendes devolver o
pedido de vista da medida cautelar ADI 7.222, que avalia a constitucionalidade
do piso da enfermagem.
O tema entrou em plenário virtual dia 19 de maio e o ministro
pediu vista no dia 24 do mesmo mês. Neste formato de julgamento os votos são
depositados em uma página eletrônica do tribunal, sem necessidade de uma sessão
presencial ou por videoconferência
A advogada especialista em Direito da Saúde Rebecca
Paranaguá, sócia do escritório Bento Muniz Advocacia, comenta o que é esperado
desse julgamento. “A expectativa do setor, eu vou falar especialmente em
relação aos hospitais privados, é de que ou haja uma alteração no entendimento
do STF, que a gente realmente tem que aguardar porque o julgamento ainda está
ocorrendo, ou então que pelo menos se mantenha a decisão do relator, que é mais
razoável, considerando que ele possibilitou a realização de negociações
coletivas em valores inferiores ao piso”, explicou.
Segundo a decisão individual do ministro Luís Roberto
Barroso, que está em vigor, a remuneração deve ser feita dentro dos limites da
verba repassada pela União. Já nas unidades particulares, o ministro previu a
possibilidade de negociação coletiva, suspendendo trecho da lei que impedia
esse procedimento.
Como forma de reduzir esse impacto financeiro, a especialista
comenta que o governo poderia adotar medidas como a desoneração da folha de
pagamento. Ainda sobre a repercussão do novo piso, agora no setor dos planos de
saúde, a Unimed do Brasil afirmou em nota que “as medidas vigentes até o
momento não identificam fontes permanentes para custeio ou compensação da nova
remuneração, em especial no setor privado, com impacto direto para os clientes
dos planos de saúde”.
Municípios
O novo piso salarial tem causado apreensão também aos
municípios. Em reunião sobre o tema realizada na sede da Confederação Nacional
de Municípios (CNM) em Brasília, com a presença de gestores municipais de todo
o país, o presidente da Confederação, Paulo Ziulkoski, expressou que, embora
não sejam contra o reajuste do piso, a exigência de que as prefeituras
financiem esse aumento pode trazer mais dificuldades para os orçamentos
municipais.
"Acho que todo mundo tem que ganhar bem e os enfermeiros
têm que ganhar. Agora, tem que ter dinheiro para pagar. Nesse período, faltando
um ano e meio para terminar o mandato, os municípios brasileiros já estão
ultrapassando o limite de gastos em todas as áreas, com conta no vermelho. O
que pode ser feito? Se um piso deste entrar em vigor, aprofunda essa
crise", afirma.
Em agosto do ano passado, o ex-presidente Jair Bolsonaro
sancionou a Lei 14.434/2022, que instituiu o piso salarial nacional de
enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e parteiras. Segundo a norma,
enfermeiros da administração pública ou privada devem receber ao menos R$
4.750. Já os técnicos de enfermagem, R$ 3.325, enquanto auxiliares de
enfermagem e parteiras, no mínimo R$ 2.375.
Entre as propostas defendidas pelos prefeitos para viabilizar
o pagamento está a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 25/2022 que, entre
outros pontos, visa ampliar o repasse em 1,5% do Fundo de Participação dos
Municípios (FPM) no mês de março de cada ano e garantir uma fonte permanente
para custeio do piso da enfermagem. A medida solucionaria o impacto de R$ 10,5
bilhões, apenas aos Municípios, com o pagamento do piso.
Fonte: Brasil 61 -
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