Mais 12 pessoas viram rés em processo no RN que apura lavagem de dinheiro do tráfico de drogas com fazendas e igrejas.
Segundo Ministério Público
do RN, grupo ligado a número 2 de organização criminosa teria movimentado mais
de R$ 23 milhões. Número de réus chega a 19.
A Justiça acatou mais duas
denúncias do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) contra 12 pessoas
pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa. O grupo é
investigado na operação Plata, deflagrada no dia 14 de fevereiro em 9 estados do
país.
A ação apura lavagem de
dinheiro do tráfico de droga por meio da compra de fazendas, rebanhos, além de
abertura de igrejas.
A suspeita é de que o grupo
tenha lavado mais de R$ 23 milhões, segundo o MP.
A Justiça já tinha acatado
denúncia contra sete pessoas em março. Com a nova denúncia, chega a 19 o número
de réus na ação.
Segundo as investigações do
MPRN, entre 2009 a 2021, os denunciados ocultaram e lavaram dinheiro oriundo do
tráfico de droga comandado por Valdeci dos Santos, apontado como a segunda
maior liderança do Primeiro Comando da Capital (PCC), fora do sistema
penitenciário, enquanto estava foragido, e seu irmão.
Valdeci é da região Seridó
potiguar e atualmente está preso na Penitenciária Federal de Brasília.
Ainda de acordo com a denúncia,
a atual companheira de Valdeci dos Santos também possui papel importante na
organização criminosa, como intermediária financeira. Ela teria atuado, segundo
o MP, na compra bens, no recebimento depósitos e dissimulação da origem dos
recursos. Nos anos de 2010 a 2021, ela teria movimentado R$ 3.695.975,63.
A investigação do MPRN ainda
aponta que a mulher não possui qualquer registro sobre empregos, ou outras
rendas declaradas junto à Receita Federal, porém possui um estilo de vida
luxuoso.
Em 2020, a companheira de
Valdeci adquiriu um veículo R$ 110.400,00 à vista. Já no ano de 2022, adquiriu
outro carro de luxo por R$ 295.126,00 e dissimulou e ocultou a origem de, pelo
menos, R$1.169.016,05 em créditos.
Investigação
A investigação financeira
realizada pelo MP do Rio Grande do Norte aponta que pessoas com nenhuma ou
quase nenhuma renda declarada movimentaram milhões de reais, sem justificativa
aparente.
Provas colhidas pelos
investigadores teriam revelado que os envolvidos discutiam em grupos de WhatsApp
como manter um dos “negócios” de lavagem de valores ativo após a prisão de um
dos investigados por uso de documento falso.
Outras denúncias
Em 2020, Valdeci chegou a
ser denunciado por organização criminosa e lavagem de dinheiro, tendo sido
apontado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo como um dos gerentes do
tráfico de drogas da facção.
Na denúncia daquele ano, o
MPSP descreve que “Valdeci” tinha uma ativa participação no tráfico de cocaína
do PCC, o que se constata pelas reiteradas referências ao ressarcimento de
valores de drogas, frete e armazenamentos constatado nas planilhas do setor
financeiro, destacando a relevância do investigado na organização criminosa.
Além disso, ele e outros
denunciados “participavam também da movimentação financeira do PCC, seja como
remetente de valores oriundos do tráfico de drogas, seja como destinatários de
valores que seriam posteriormente empregados no desenvolvimento das atividades
da organização criminosa”.
Na oportunidade, também foi
atribuída a Valdeci a construção de casas cofres e a participação na tomada de
decisões relacionadas à movimentação dos valores da organização criminosa.
Segundo a denúncia, o homem foi responsável pela movimentação de
aproximadamente R$ 2 milhões de reais em apenas dois meses.
Operação Plata
A operação Plata cumpriu
sete mandados de prisão e outros 43 de busca e apreensão nos Estados do Rio
Grande do Norte, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina,
Bahia, Ceará e Paraíba, e ainda no Distrito Federal.
No RN, os mandados de prisão
e de busca e apreensão foram cumpridos nas cidades de Natal, Jardim de
Piranhas, Parnamirim, Caicó, Assu e Messias Targino. Houve ainda cumprimento de
mandados nas cidades paulistas de São Paulo, Araçatuba, Itu, Sorocaba,
Tremembé, Votorantim e Araçoiaba da Serra; em Brasília, Fortaleza (Ceará),
Balneário Camboriú (Santa Catarina), Picuí (Paraíba), Espinosa (Minas Gerais) e
em Serra do Ramalho e Urandi, ambas na Bahia.
Segundo o MP, as
investigações que culminaram na deflagração da operação Plata foram iniciadas
em 2019, para apurar o tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas,
além do crime de lavagem de dinheiro comandado por Valdeci.
O esquema de lavagem de
dinheiro, de acordo com as investigações do MPRN, já perdura por mais de duas décadas.
Valdeci foi condenado pela Justiça paulista e atualmente está preso na
Penitenciária Federal de Brasília.
No Rio Grande do Norte,
Valdeci tem como braço-direito um irmão dele, Geraldo dos Santos Filho, também
já condenado pela Justiça por tráfico de drogas. Pastor Júnior, como é
conhecido, foi preso em 2019 no Estado de São Paulo fazendo uso de documento
falso. Geraldo estava cumprindo a pena em regime semiaberto.
Valdeci Alves dos Santos e
Geraldo dos Santos Filho são investigados nessa operação ao lado de pelo menos
mais outras 22 pessoas. A Justiça determinou o bloqueio e indisponibilidade de
bens até o limite de R$ 23.417.243,37.
Além do bloqueio de contas
bancárias, a Justiça determinou o bloqueio de bens e imóveis, a
indisponibilidade de veículos e a proibição da venda de rebanhos bovinos.
Por g1 RN
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