Presidente Lula sanciona lei que cria transição para municípios se adequarem ao novo Censo.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Texto da nova Lei foi construído no Congresso em parceria com
a Confederação Nacional de Municípios (CNM) e objetiva evitar queda brusca de
repasses do FPM
O presidente Lula sancionou nesta quarta-feira (28) o projeto
aprovado pelo Congresso Nacional que prevê transição de dez anos para que os
municípios se enquadrem nos novos índices populacionais do Censo do IBGE,
segundo os quais deve haver nova distribuição de recursos do FPM (Fundo de
Participação dos Municípios), de acordo com critérios de população e
renda.
A ideia, desenvolvida pelos parlamentares em conjunto com a
Confederação Nacional de Municípios (CNM), busca atenuar gradativamente o risco
fiscal para cerca de 800 municípios brasileiros que, segundo dados do Censo
2022, tiveram suas populações reduzidas, desde o último Censo.
Ou seja: o objetivo é evitar a queda brusca nos repasses do
Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para as cidades que tiverem redução
populacional. Alguns analistas chegaram a afirmar que Lula deveria vetar o
projeto porque, segundo eles, o texto seria inconstitucional.
A regra, de agora em diante, será regida pela nova Lei
Complementar 198, de 2023. A Presidência da República mandou publicar o texto
no Diário Oficial da União (DOU) na quarta-feira (28). E trata da parcela
conhecida como FPM-Interior, que corresponde a 86,4% do total do Fundo. O
restante do dinheiro vai para as capitais (10% do total) e para uma “reserva”
destinada a cidades interioranas com mais de 142.633 habitantes (3,6% do
total).
Histórico
O texto é resultado do projeto de lei complementar (PLP)
139/2022, aprovado neste mês pelo Senado, depois de ter tramitado pela Câmara
dos Deputados com o acompanhamento de milhares de prefeitos de todo o Brasil. A
iniciativa foi apresentada pelo então deputado federal e hoje senador Efraim
Filho (União-PB). O relator da proposta foi o senador Rogério Marinho (PL-RN).
A norma
De acordo com a Agência Senado, o cálculo para a fixação dos
coeficientes individuais de participação dos municípios é feito com base em
duas variáveis: a população de cada cidade e a renda per capita de cada estado.
Ambas são calculadas e divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Com menos população, os municípios poderiam sofrer redução
no repasse de recursos federais.
Aos municípios com população entre 10.189 e 13.584 se atribui
o coeficiente 0,8. Àqueles com população entre 13.585 e 16.980, o coeficiente
1. Os coeficientes aumentam 0,2 ponto a cada faixa até atingir o valor 4,
atribuído às cidades com 156.217 ou mais habitantes.
A distribuição do FPM-Interior é proporcional ao coeficiente:
municípios com coeficientes 1,8, por exemplo, recebem 80% a mais do que aqueles
com coeficiente 1. As cotas-partes dos municípios situados em estados
diferentes podem diferir mesmo que os coeficientes sejam idênticos, a depender
da quantidade de municípios criados desde 1990 — quanto maior o número de entes
criados, menor é a cota-parte.
Tema complexo
O professor de Economia do Ibmec Brasília, William
Bagdhassarian, observa que a maioria dos municípios do país dependem dos
repasses do FPM para pagar suas principais despesas, como folha de funcionários
e serviços de emergência e saúde. Segundo o especialista, o tema é complexo e
exige muita atenção.
“Esse é um tema bastante complexo, porque pelas regras do FPM
não se trata de um critério de distribuição muito claro e as pessoas não
percebem que, muitas vezes, elas estão perdendo. O que acontece: como os
impostos sobem de valor a cada ano, então o bolo a ser distribuído é maior”,
explicou o professor, acrescentando : “Então, mesmo que às vezes você tenha
caído um pouquinho do seu percentual, como o bolo é maior, você tem a sensação
de que você teve um aumento, quando na verdade você teve uma diminuição dos
valores que seriam devidos a você”.
“É como se eu pensasse assim: um pedaço de um certo bolo
representa 20%. 20% de um bolo maior é um valor maior; você vai estar ganhando
mais. Mas você continua com os mesmos 20%”, concluiu...
Fonte: Brasil 61 -
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