Faleceu em Picuí o senhor Etiene Moreno, o índio de nossos carnavais.
Etiene Moreno - O índio de nossos carnavais
Nesta terça-feira (15), faleceu em Picuí o senhor Etiene
Moreno. No período carnavalesco, o mesmo se fantasiava de índio e percorria várias
ruas da nossa cidade.
A professora Sandra Ney, usou seu perfil numa rede social para
falar sobre o “índio” e de outras cidadãos que marcaram os carnavais Picuiense.
Reproduzimos a seguir:
Hoje a cultura popular picuiense ficou mais pobre, com a
passagem do eterno índio, Etiene. Figura marcante dos antigos carnavais de rua
de Picuí, Etiene resistiu o quanto pode à morte lenta e gradual de um carnaval
que já foi dos melhores da região, até meados dos anos noventa. Com a chegada
dos "dispositivos da modernidade"- melhores estradas e transportes,
sistemas de comunicação mais eficientes, entre outros dispositivos -
possibilitaram que a mobilidade turística levasse os foliões para outros
espaços geográficos, desta feita o litoral das capitais nordestinas, como
Recife (e também Olinda), Salvador, Natal ou Fortaleza, bem como o Rio de
Janeiro...
Enquanto isso, o nosso índio, com nome de origem francesa,
Etiene via, pouco a pouco, os seus companheiros de carnavais irem embora:
Antonio de Bina, Zé Faustino, Delmiro; os músicos da filarmônica Antônio
Xavier: Agrião, Lili, Milani, Nino Costa, Neguinho da barbearia, Juscelio [...]
há menos tempo, João Costa e tantos outros que já se foram e que contribuíram
enormemente com nossa cultura. Mas Etiene continuava ali, resistindo e
resistindo, na solidão e persistência que só os fortes conseguem, como se soubesse
caber a ele, cumprir a missão de mostrar ao mundo que ninguém tem o direito de
deixar morrer o que nasce da alma do povo. E Etiene resistiu e cumpriu sua
missão até hoje, e talvez tenha plantado sua semente em algum menino ou menina
que tantos carnavais ele fez sorrir.
Vá em paz Indio Etiene!
Aos familiares, meus sinceros sentimentos!
Por Sandra Ney
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