Caminhos de Transformação: Narrativas de Vida no IFPB Campus Picuí.
Uma caminhada pelas trilhas
do conhecimento que transformaram a vida de ex-alunos do Campus Picuí.
A pesquisa “A
história da memória: narrativas de vida de estudantes egressos do IFPB – Campus
Picuí”, que resultou em livro lançado pela Editora IFPB, foi uma
experiência muito rica para todos nós, docentes dessa Instituição. Essa
unidade de ensino está localizado no Seridó paraibano, distante 250 km da
capital paraibana, com suas peculiaridades que vão desde ser uma cidade que
sofre com o clima semiárido, quente e seco, uma vegetação típica da caatinga,
até o povo que ali habita: generoso, hospitaleiro e sofrido, cheio de planos e
sonhos, sendo um desses poder oferecer uma boa educação para os filhos.
Nesse cenário do Seridó
paraibano, a pesquisa nos mostrou fatos que, como professores participantes do
cotidiano escolar do IFPB Campus Picuí, já nos eram previsíveis. Mas, também,
revelou-nos novos aspectos sobre os sujeitos/alunos(as) e suas existências que
não conhecíamos.
Com base nessa experiência
proporcionada por meio da pesquisa, podemos vislumbrar esses sujeitos como um
grupo de passageiros que juntos iniciaram uma viagem. Todos saíram de um lugar
(não necessariamente um lugar físico, mas, um lugar-comum em termos de
escolarização, às vezes, com realidades distintas) e se encontraram nesse novo
espaço coletivo, o IFPB Campus Picuí, e juntos seguiram rumo a um novo lugar,
definido a partir da expectativa que cada um tinha sobre a educação de
qualidade e o que é uma vida mais digna.
Nessa viagem, eles fizeram
muitos deslocamentos, a exemplo: o aumento do gosto pelos estudos, o contato
com outros estudantes (muitos deles oriundos de outras cidades e estados), o
amadurecimento acadêmico a partir da pesquisa e da extensão, a aproximação com
a tecnologia, para alguns uma ressignificação e autodescoberta.
Esses deslocamentos os levaram
a um outro lugar, antes apenas presente na imaginação, mas que passaram a
ocupar com muito orgulho e competência. Esses passageiros/sujeitos periféricos,
às vezes, vítimas de segregação racial, de gênero, cultural, social, agora se
moveram para um lugar de sujeitos de luta, de saberes e de consciência de si,
do outro e do mundo. São seres históricos que não pararam em qualquer lugar,
mas sim, em um lugar escolhido.
Diante dessa pesquisa, não
tem como não pensar em outro grupo de passageiros que, concomitantemente ao
primeiro, estava ali também: os docentes. Os sujeitos docentes exerceram um
papel humanizador e libertador junto aos discentes, criando um ambiente
educativo que favoreceu o despertar da consciência de cada um(a), do saber
científico, social e político.
Assim, estamos,
cotidianamente, fazendo uma viagem com nossos discentes, ajudando-os a
encontrarem os seus caminhos. Mas será que nessa jornada estamos conscientes de
nosso real papel na formação desses estudantes? Será que nossas escolhas pedagógicas
estão pautadas na consciência a respeito de quem são esses
passageiros/discentes e do que eles esperam de nós? Nós professores devemos
estar sempre atentos a essas indagações e para elas e buscarmos respostas.
Concluímos que essa pesquisa
já nos mostrou um pouco sobre qual é o nosso papel no processo de formação dos
nossos alunos(as). Fica evidente, pelas falas nas narrativas, que o processo de
ensino-aprendizagem nunca é um processo neutro, mas sim, carregado de um
entrelaçamento de histórias de vidas que, ao se cruzarem, vão sendo construídas
novas formas de pensar, de agir, de viver e de ver o mundo, com olhos mais
vivos, mais abertos às certezas e às incertezas da vida.
E somos nós, os professores
e as professoras, quem acompanha os alunos nesse processo de formação pessoal e
acadêmica, como um farol que, em alguns momentos, joga uma luz no caminho para
que todos possam fazer novas viagens, sabendo o rumo a seguir e como fazer para
alcançarem seus objetivos de vida.
A obra também pode ser acessada na Plataforma Google Livro
* Por Ana Cláudia e Hertha Cristina - professoras do IFPB
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