Testes de segurança de urnas eletrônicas começam em novembro.
TSE recebe número recorde de
interessados
O Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) recebeu, este ano, um número recorde de inscrições de
interessados em participar do processo de avaliação da segurança do sistema
eletrônico de votação que será usado nas eleições municipais de 2024.
Segundo o secretário de
Tecnologia da Informação da Corte, Júlio Valente, entre os 85 pré-aprovados
para participar do Teste Público de Segurança da Urna, há 56 interessados que
se inscreveram em 15 grupos, além de outros 29 investigadores inscritos
individualmente.
“Tivemos um número bem maior
de pré-inscritos que nas edições anteriores do teste”, informou Costa, nesta
sexta-feira (15), na primeira audiência pública que integra o cronograma do
processo de testagem. A relação dos pré-aprovados está disponível no site do
TSE.
Dos 85 pré-selecionados, 67
são homens e 18 mulheres. Em 2021, quando a Justiça Eleitoral submeteu ao
escrutínio de especialistas o sistema usado nas últimas eleições presidenciais,
39 pessoas foram aprovadas a participar do processo de análise, individual ou
coletivamente.
Conforme Costa destacou
durante a audiência desta manhã, a possibilidade de contribuir para a correção
de eventuais falhas ou fragilidades do sistema não se limita aos investigadores
selecionados pelo TSE.
A resolução que trata da
realização periódica do Teste Público de Segurança estabelece que cabe ao TSE
convidar membros da comunidade acadêmica, especialistas em segurança da
informação, além de um representante do Ministério Público Federal (MPF); da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); da Polícia Federal (PF); do Congresso
Nacional; da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e do Conselho Federal de
Engenharia e Agronomia (Confea) para integrar a comissão avaliadora responsável
por homologar os resultados da fase de testes.
“Se somarmos todas as
instituições [aptas a participar do processo], chegaremos, certamente, à casa
da centena de entidades que têm a possibilidade de vir ao TSE fiscalizar o
desenvolvimento e inspecionar o código-fonte dos sistemas eleitorais”, disse Costa,
assegurando que a participação também é garantida a representantes de partidos
políticos e coligações partidárias, que acompanharam as seis edições do teste
sem apontar qualquer problema no sistema eletrônico de votação e apuração capaz
de interferir no resultado final das urnas.
“Inclusive, é preciso dizer,
que durante a fase de testes, o código-fonte das urnas é aberto a qualquer
cidadão brasileiro, maior de 18 anos [aprovado para participar do processo].
Para as entidades representativas da sociedade, a abertura do código-fonte
ocorre um ano antes de cada nova eleição. Neste momento, ele já está aberto a
inúmeras entidades que representam a sociedade, incluindo os partidos e as
coligações”, disse o secretário, contrapondo-se a alegações de que os investigadores
e demais participantes do processo não teriam acesso ao conjunto de instruções
que condicionam o funcionamento do sistema.
“O código-fonte não é
secreto”, garantiu Costa, destacando que, nesta edição, serão testados os
modelos mais recentes de urnas eletrônicas, de 2020 e 2022, os mesmos que serão
empregados durante as próximas eleições, além da versão do software [programa]
que está sendo desenvolvida especialmente para 2024. Quanto ao fato de urnas de
2015 não passarem por novos testes, mesmo sendo usadas no próximo pleito, o
secretário assegura que elas operarão com os mesmos parâmetros de segurança das
mais recentes, além de já terem sido submetidas a testes anteriores, sem que
qualquer vulnerabilidade tenha comprometido o funcionamento.
Plano
O teste do sistema que será
empregado nas eleições municipais do próximo ano está previsto para acontecer
de 27 de novembro a 1º de dezembro, na sede do TSE, em Brasília. Caso os
investigadores selecionados apontem alguma vulnerabilidade ou falha que coloque
em risco a integridade do voto ou o anonimato dos eleitores, a Justiça
Eleitoral buscará corrigir o problema até maio de 2024, quando os
investigadores voltarão a participar de uma nova rodada de testes a fim de
confirmar se o eventual defeito foi sanado.
Antes disso, porém, os 85
inscritos pré-aprovados terão que apresentar, entre 9 de outubro e 3 de
novembro, seus planos de teste, sem os quais não poderão participar do
processo.
“Os pré-inscritos devem
elaborar seus planos de teste, definindo o que e como executarão. Só assim
podemos garantir a posterior reprodução dos testes validados conforme os
critérios do edital”, explicou Costa.
Para o juiz auxiliar da
presidência do TSE Cesar Mecchi Morales, os testes públicos de segurança são
importantíssimos por permitir que a sociedade civil participe ativamente do
aperfeiçoamento do sistema de votação eletrônica. Tendo atuado na ponta, como
promotor eleitoral entre 1986 e 1990, Morales garante que o sistema eletrônico
brasileiro é “excepcional, seguro e rápido”.
“Todos que tiveram a
experiência de atuar na Justiça Eleitoral na época em que a votação era
exclusivamente manual sabem que o sistema anterior, com votação em cédulas
individuais de papel, contagem manual e totalização praticamente feita à mão, tinha
diversas fragilidades. São conhecidas, na história do Brasil, situações de
fraudes eleitorais. Felizmente, com a votação eletrônica, que é muito mais
segura e confiável, isso ficou no passado”, disse o juiz.
Agência Brasil
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