Vítima de feminicídio conseguiu medida protetiva uma semana antes do crime e foi ameaçada até ao fazer BO: 'Vou deixar sua filha sem mãe e sem pai'
De acordo com o boletim de ocorrência, o homem enviou
mensagens afirmando que venderia os móveis de casa para comprar a arma do
crime.
Oberto Nóbrega de Barros Oliveira, conhecido como Betinho
Barros, ameaçou e perseguiu a ex-esposa Rayssa Sá antes de matá-la, na noite
dessa quinta-feira (21), no município de Belém, no Agreste da Paraíba. Segundo
o boletim de ocorrência registrado pela vítima na semana anterior ao
feminicídio, ele enviou mensagens afirmando que estava vendendo os móveis da
casa para comprar uma arma e cometer o crime.
Rayssa Kathylle de Sá Silva, de 19 anos, denunciou e pediu
medidas protetivas contra Betinho Barros no dia 13 de setembro, na Delegacia
Especializada em Atendimento à Mulher de Guarabira. Ela relatou que o acusado
não aceitava a separação e a perseguia com recorrentes telefonemas e mensagens
de texto.
No registro, a vítima relatou que ele enviou mensagens
ameaçando tirar sua vida, com xingamentos e planejava comprar a arma do crime.
"Vou matar você e deixar sua filha sem mãe e sem pai.
Vou na sua universidade pegar você lá. Estou vendendo os móveis da casa para
comprar uma arma e lhe matar. Estou ficando descontrolado", registrou o
documento.
A vítima recebeu ligações e mensagens com ameaças até mesmo
durante o registro da denúncia. O investigador que estava colhendo o depoimento
interveio, atendeu um dos telefonemas e avisou para Betinho Barros que não
deveria manter mais nenhum tipo de contato com a vítima, porque se
desobedecesse, o servidor pediria também a prisão preventiva do acusado.
Apesar da ligação, o acusado continuou enviando mensagens de
texto. “Tu tá aonde? Diga a ele que pode pedir a prisão. Mostre a foto de onde
você está. Tu acha que eu caio nessa? Agora tu espera, não tem mais volta,
estou vendendo as coisas já”.
A medida protetiva de urgência solicitada por Rayssa foi
atendida no dia seguinte, dia 14 de setembro. O juiz determinou o afastamento
do acusado do lar ou local de convivência da vítima, proibindo que ele se
aproximasse da vítima e estabeleceu um limite mínimo de 200 metros. Betinho
Barros também foi proibido de manter contato com a vítima por meio de ligações
telefônicas e envio de mensagens por celular (SMS), e-mail e outras.
As denúncias à polícia e a medida protetiva não impediram que
Betinho a matasse a tiros, na casa da mãe dela, e em seguida tirasse a própria
vida, na noite desta quinta-feira (21).
O acusado era ouvidor e público e Secretário de Comunicação
da prefeitura do município de Belém, no Agreste da Paraíba. O casal estava em
processo de divórcio, mas já estavam vivendo separado, e a polícia ainda não
sabe como ele teve acesso à casa.
Por g1 PB
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