CPMI do 8 de janeiro pede indiciamento de Jair Bolsonaro.
Colegiado aprovou relatório por 20 votos a 11 e uma abstenção
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que
investigou os atos antidemocráticos de 8 de janeiro aprovou nesta quarta-feira
(18) o pedido de indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de mais 60
pessoas, todos acusados de tentativa de golpe de Estado durante a invasão das
sedes dos Três Poderes.
Com 20 votos a favor e 11 contrários, o colegiado aprovou o
relatório da senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Houve uma abstenção.
Entre os listados estão o ex-presidente Jair Bolsonaro; os
generais Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Luiz Eduardo Ramos, Paulo Sérgio
Nogueira, Marco Antonio Freire Gomes, Ridauto Lúcio Fernandes, Carlos Feitosa
Rodrigues e Carlos José Penteado; o ex-comandante da Marinha, almirante Almir
Garnier Santos; o tenente-coronel Mauro Cid; o ex-ministro da Justiça Anderson
Torres; e o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques.
O relatório pede que o ex-presidente Jair Bolsonaro seja
indiciado pelos crimes de associação criminosa; tentativa de abolição violenta do
Estado Democrático de Direito; tentativa de depor governo legitimamente
constituído; e emprego de medidas para impedir o livre exercício de direitos
políticos.
Eliziane Gama incluiu, também, o nome de diversos outros
militares, policiais rodoviários federais e integrantes da Polícia Militar do
Distrito Federal, além de diversos suspeitos de terem financiado ou
influenciado a tentativa de golpe de Estado, durante os atos do 8 de janeiro.
“A democracia foi atacada. Massas foram manipuladas com
discursos de ódio. Milicianos digitais foram empregados para disseminar o medo,
desqualificar adversários e promover ataques ao sistema eleitoral. Forças de
seguranças foram cooptadas. Tentou-se corromper, obstruir e anular as eleições.
E usam a liberdade de expressão para afogar a expressão”, afirmou Eliziane
Gama, durante a leitura do documento.
O relatório é encaminhado aos órgãos responsáveis pela apuração das responsabilidades.
Em sete horas de discussão, parlamentares manifestaram-se a
favor e contra os pedidos de indiciamento. Para os governistas, o relatório
traz explicações que antecederam os atos de 8 de janeiro e evidências de que
houve uma tentativa de instrumentalizar o Estado, cooptar militares para a
derrubada da democracia. A oposição, contrária ao relatório, argumentou que o
documento era parcial, tendencioso por não incluir na lista de indiciados
integrantes do governo federal, como o ex-chefe do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, que chegou a depor na CPI.
Antes de anunciar o resultado, o presidente da CPMI, Arthur
Maia (União-BA), fez um balanço dos trabalhos da comissão, que a questão foi
tratada com justiça e de forma imparcial e finalizou destacando que a CPMI não
teve o objetivo de descredibilizar as Forças Armadas. "Todos os deputados
e senadores que participaram dessa comissão querem o melhor para esse país e
são radicalmente contra o que aconteceu em 8 de janeiro deste ano", disse.
"Estamos encerrando sobretudo com esse sentimento: de valorização da nossa
democracia e de reconhecimento do papel do Parlamento para trazer essa
verdade”.
*Com informações da Agência Senado.
Via Agência Brasil
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