Brasil registra 12 mortes por dengue em três semanas.
O Distrito Federal e Goiás já decretaram estado de emergência
por conta do aumento nos casos de dengue. O governo de Minas Gerais, que também
enfrenta um surto da doença, já declarou que também vai decretar a mesma
situação. A preocupação não é à toa, já que nas três primeiras semanas do ano,
foram confirmadas 12 mortes pela doença e mais de 120 mil casos prováveis. No
mesmo período do ano passado, foram contabilizadas 26 mortes e 44 mil casos
prováveis.
Além das mortes já confirmadas pelo Ministério da Saúde,
outras 85 ainda estão sendo investigadas. A preocupação nacional com o problema
tem um motivo maior, já que foi confirmada a circulação de quatro sorotipos da
dengue no país — entre eles, o sorotipo 3, que não circulava de forma
epidêmica no Brasil havia mais de 15 anos.
O infectologista Marcelo Daher explica que o perigo desse
novo sorotipo é a falta de imunidade da população, já que os vírus que
circulavam no Brasil nos últimos anos eram sorotipos 1 e 2.
“O vírus vai encontrar um número maior de pessoas mais
suscetíveis a doenças, sem imunidade — o que aumenta o risco de uma
epidemia da doença”.
Enfrentamento no DF
Nas três primeiras semanas do ano, o DF registrou 17.150
casos suspeitos de dengue — um aumento de 646% em relação ao mesmo período do
ano passado. Por causa desse aumento, o governador Ibaneis Rocha declarou
situação de emergência nesta quinta-feira (25). Além da expansão de casos da
dengue, o texto publicado no Diário Oficial cita o “risco de epidemia por
doenças transmitidas pelo [mosquito] Aedes aegypti”, o que inclui enfermidades
como zika e chikungunya, além da febre amarela.
Um dos casos confirmados foi o da professora Loane Perdigão,
moradora do Plano Piloto em Brasília. Ela conta que os primeiros sintomas que
sentiu foram no começo de janeiro: febre alta e dores muito intensas no
corpo. Quando o exame de sangue constatou a infecção e as plaquetas começaram a
cair, ela precisou ser hospitalizada. Ela contou ao Brasil 61 os incômodos
que a doença provoca:
“É algo que eu nunca tinha sentido, uma dor insuportável no
corpo todo, além do mal-estar.” Loane ainda faz um alerta. “Acredito que as
pessoas têm que se cuidar, passar repelente, ter cuidado com o lixo, com o
armazenamento da água. Se fizermos uma campanha boa, teremos uma redução dos
casos de dengue — é o autocuidado e o cuidar dos outros.”
Medidas adotadas em Goiás
Em Goiás, o estado de emergência foi decretado nesta sexta
(26) junto com a criação do Gabinete Contra a Dengue — após o estado
registrar 13.619 casos notificados e uma morte confirmada em 2024. Segundo o
governador Ronaldo Caiado, estratégias como a telemedicina devem ajudar no
combate à doença. A iniciativa foi feita em parceria com a Universidade de
Goiás, que disponibilizou a estrutura para que os médicos da secretaria de
Saúde do estado pudessem estar em contato direto com os médicos das cidades do
interior.
“Às vezes o médico está sem saber a dosagem correta para a
hidratação, muitos médicos acabam passando apenas 500ml de soro — por isso não
resolve nada. O paciente precisa ser hiper hidratado e o médico que está
na ponta tem o conhecimento específico e é capaz de responder a todas as
perguntas e preocupações do colega médico da outra ponta.”
Segundo o governador, que também é médico, a telemedicina é
capaz de dar não só agilidade ao tratamento como confiança ao profissional na
linha de frente.
Vacina
Segundo o Ministério da Saúde, a partir de fevereiro a
vacinação contra a dengue será feita em 521 municípios que foram selecionados
atendendo a três critérios:
👉municípios de grande porte — com mais de 100 mil
habitantes;
👉com alta transmissão de dengue no período 2023-2024;
👉cidades com maior predominância do sorotipo DENV-2.
No total, 16 estados e o Distrito Federal têm cidades que
preenchem os requisitos.
O público-alvo serão crianças e adolescentes de 10 a 14 anos,
já que essa é uma das faixas etárias que concentram maior número de
hospitalizações por dengue. De janeiro de 2019 a novembro de 2023, o grupo
respondeu por 16,4 mil hospitalizações, atrás apenas dos idosos, grupo para o
qual a vacina não foi autorizada.
Fonte: Brasil 61 -
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