Eleições municipais 2024: Dívidas dos municípios ameaçam reeleição de prefeitos, que podem se tornar "ficha suja".
Mesmo com o aumento do Fundo de Participação dos Municípios
(FPM) repassado às prefeituras em dezembro, boa parte dos executivos municipais
ainda enfrenta dívidas. De acordo com a Confederação Nacional de Municípios
(CNM), pelo menos 27% dos prefeitos terminaram o ano no vermelho. É o que
aponta o estudo feito pela entidade em dezembro, quando a
Confederação ouviu mais de 80% dos prefeitos brasileiros.
Tradicionalmente, em ano eleitoral, os rombos nas contas
públicas obrigam os próximos eleitos a herdarem dívidas e demandas da
população não atendidas pelos mandatários anteriores. Ao iniciar 2024, as
dívidas também podem dificultar a reeleição de muitos prefeitos ou, ainda,
atrapalhar a eleição dos candidatos apoiados por gestores municipais que
estiverem nesta situação.
“No aspecto político, se o prefeito tem boa popularidade,
possivelmente vai tentar a reeleição – independente de conseguir ou não honrar
com as contas públicas do município”, analisa o cientista político Valdir
Pucci, professor da Faculdade Republicana de Brasília.
Mas Pucci adverte que as dívidas contraídas pelos
municípios podem provocar o enquadramento dos prefeitos na Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF), fazendo com que eles se tornem "fica
suja".
“Agora, se a gente for olhar pelo aspecto fiscal da questão,
aí sim, eu acredito que os prefeitos possam, inclusive, evitar de se
candidatarem, justamente porque lá na frente eles terão que responder pela
LRF”, acrescenta o cientista político.
Risco de ficha suja
Para o presidente da Confederação Nacional de Municípios
(CNM), Paulo Ziulkoski, a grande preocupação dos prefeitos que se encontram no
vermelho deveria ser o risco de se tornarem ficha suja. O líder
municipalista afirmou recentemente à reportagem do Brasil 61, que
este risco existe e é eminente para muitos prefeitos, por causa do
endividamento de seus municípios.
“Há uma progressão quase contínua no déficit público, onde os
municípios arrecadam cada vez menos e continuam com a despesa aumentando
muito”, informa o líder nacional dos gestores. Segundo ele, “o custeio é o
principal elemento que detona essa crise e a despesa de pessoal”, avalia.
“É quase uma tempestade perfeita: cerca de 51 % dos
municípios do Brasil mostram claramente essa evolução negativa, a receita
caindo e a despesa aumentando”, revela Zilkoski, esclarecendo que milhares de
municípios não encontram solução, “porque não têm base de arrecadação”.
“A legislação é muito séria, [os prefeitos] vão ter as contas
rejeitadas, vão se tornar ficha suja, a maioria, se não olhar melhor essa
situação”, alerta o presidente da entidade. “Então, a tendência é aprofundar
esta crise”, conclui.
Fonte: Brasil 61 -
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