15 estados brasileiros podem alcançar status livre de febre aftosa sem vacinação.
Mapa planeja apresentar um estudo à Organização Mundial de
Saúde Animal para reconhecimento internacional dos estados envolvidos como zona
livre de febre aftosa sem vacinação.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) está
coordenando um Estudo Soroepidemiológico para identificação de circulação viral
de febre aftosa, doença infecciosa que atinge alguns animais. Após a conclusão,
será levado para a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) o pleito de
reconhecimento internacional dos estados que compõem o bloco como zona livre de
febre aftosa sem vacinação.
O estudo será realizado em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Distrito Federal, Tocantins, Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais, Rio
de Janeiro, Bahia, Sergipe, Maranhão, Pará, Amapá e Roraima. Caso sejam
reconhecidos como zona livre de febre aftosa sem vacinação, esses estados ficam
aptos a exportar para países que exigem a certificação para comercialização de
produtos de origem animal.
Até o momento, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná,
Rondônia, Acre e parte do Amazonas e Mato Grosso são considerados zonas livres
de febre aftosa sem vacinação, com reconhecimento internacional.
Breno Welter, médico-veterinário e gerente do Programa
Estadual de Erradicação da Febre Aftosa, informa que no Brasil não há
registro da doença nos últimos anos, sendo que o último caso foi registrado em
1996.
Ele explica que a febre aftosa é causada por um vírus de
rápida multiplicação e é altamente contagiosa. Ele alerta que a febre aftosa
pode acometer criações inteiras. Entre os animais que podem ter a doença estão
os bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos, suínos, javalis
“[Sobre] os sintomas, temos o início da doença com lesões,
vesículas na região da cavidade oral, na teta das vacas, no espaço interdigital
dos cascos. E com essas lesões, essas vesículas se rompem formando aftas e
úlceras. Os animais têm uma dificuldade em se alimentar, ingerir água e com
isso eles começam a ter seborreia, salivação excessiva, dificuldade de
locomoção. Os animais ficam isolados dentro da população, porque eles têm uma
febre alta, eles têm toda essa sintomatologia”, informa.
O especialista destaca que, caso o produtor tenha suspeita da
doença na propriedade, deve comunicar rapidamente à Defesa Agropecuária
— que irá mandar médicos-veterinários capacitados até a propriedade para
fazer o diagnóstico.
Vacinação
Vacinação contra febre aftosa será suspensa no Amapá, Bahia,
Maranhão, Pará, Rio de Janeiro, Roraima e Sergipe a partir de abril deste ano.
Além disso, o Mapa proibiu o armazenamento, a comercialização
e o uso de vacinas contra a febre aftosa no Distrito Federal, Espírito Santo,
Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins.
De acordo com a pasta, estes estados realizaram a última
vacinação em novembro de 2022 e estão atualmente em processo de preparação para
modificar seu status para áreas livres de febre aftosa sem a necessidade de
vacinação.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de
Sindi, Orlando Procópio, dentro do Programa Nacional de Vigilância para Febre
Aftosa, a vacinação é um dos pontos mais importantes.
“A vacinação contra a febre aftosa é na realidade o dever de
casa do pecuarista, do criador. Então tudo começa com uma boa cobertura vacinal
e na sequência uma correta declaração do rebanho vacinado. Então este programa
Nacional de Vigilância, tem um caráter nacional, mas como o Brasil é um país de
um tamanho continental, esse programa acaba tendo status diferentes de acordo
com os estados,”, afirma.
Ele ressalta que os estados precisam da ajuda do Governo
Federal, porque é por meio dos Institutos de Defesa de cada estado, do poder de
organização, da capacidade de ter funcionários treinados e veículos para fazer
a vigilância, que o estado vai poder obter o status de livre de aftosa sem
vacinação.
Economia
Segundo os últimos dados divulgados pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2023, o rebanho bovino brasileiro
atingiu um novo recorde de 234,4 milhões de animais em 2022, registrando um
aumento de 4,3% em comparação com o ano anterior.
Breno Welter pontua que a febre aftosa também é responsável
por grandes perdas econômicas. “Principalmente em relação ao comércio, porque
ela restringe a movimentação de animais, de produtos de origem animal, tanto
por mercado interno como para o mercado externo exportação”, completa.
Fonte: Brasil 61 –
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