El Niño pode continuar atuando de março a maio, aponta OMM.
Especialistas explicam o que é o fenômeno e quais seus
impactos no Brasil.
Segundo o último relatório El Niño/La Niña, elaborado pela
Organização Meteorológica Mundial (OMM), há 60% de chance do atual episódio de
El Niño continue atuando de março a maio. Ainda há 80% de probabilidade de
condições neutras (nenhum fenômeno) entre abril e junho. Dessa forma, as
condições características do fenômeno podem continuar, de forma reduzida, com
temperaturas acima da média.
A meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia,
Inmet, Andrea Ramos explica que o El Niño é um fenômeno climático natural,
associado ao aquecimento da superfície do Oceano Pacífico. “O oceano fica 0,5
graus mais elevado, por mais de um mês e quando a atmosfera responde a esse
calor. O fenômeno não tem um período de duração definido, podendo persistir até
dois anos ou mais.”
A meteorologista ressalta que para determinar que o El Niño
está em curso, é preciso haver persistência na alteração das temperaturas do
Oceano Pacífico, por cinco ou seis meses de registro.
Impactos
Segundo a meteorologista, durante o El Niño, as chuvas ficam
com volumes acima da média na região Sul, podendo se estender para estados como
São Paulo e Mato Grosso do Sul. No Norte, Nordeste e nas regiões equatoriais
(que estão mais próximas do Equador), ocorre a diminuição de chuvas,
favorecendo condições climáticas mais secas que o normal.
Além disso, ela aponta que durante o início do fenômeno, as
temperaturas ficam mais elevadas, como aconteceu em 2023, com as ondas de
calor.
Agronegócio
Para Luciana Lara, advogada especialista em Direito Ambiental
e membro da Comissão Nacional de Mudanças Climáticas do Conselho Federal da
OAB, o El Niño ocorre em “praticamente” todas as regiões brasileiras, afetando,
inclusive, o agronegócio.
“Essas consequências climáticas, tanto a falta de chuva
quanto o excesso de chuva traz um desequilíbrio para cadeia produtiva do
agronegócio brasileiro. Uma vez que as estimativas não são alcançadas, em
decorrência desses efeitos provocados por esse fenômeno climático natural, nós
temos estimado diversos prejuízos no segmento”, aponta.
A advogada destaca que essa é uma pauta discutida anualmente
pela Conferência das Nações Unidas, onde se tem essa preocupação com o
agronegócio no nível mundial.
Andrea Ramos aponta que uma das culturas que mais “sofre” com
a ausência de chuva e é uma das mais afetadas pelo El Niño é a soja. De acordo
com ela, com a estiagem, a semeadura atrasa, prolongando e dificultando o ciclo
de formação na lavoura.
“Já o alto índice de chuva, com volumes acima da média, pode
afetar o ciclo normal da safra e dificuldade colheita, além de criar ambiente
para proliferação de algumas doenças e pragas. Nos cultivos de inverno como
trigo, cevada, aveia e outros que sofrem com excesso de umidade”, explica.
O Paraná foi um dos estados prejudicados pelo El Niño.
Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura
e do Abastecimento, as perdas chegaram a um valor preliminar de R$ 2,5 bilhões
em 2023.
Fonte: Brasil 61 –
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