PISO ENFERMAGEM: PEC sobre jornada de trabalho pode acabar com a carga horária de 44h semanais.
Segue em andamento no Senado Federal uma proposta que vincula
o Piso da Enfermagem a uma jornada máxima de 30 horas semanais de trabalho.
Os enfermeiros, auxiliares e técnicos em enfermagem estão
próximos de conseguir virar mais uma página de um capítulo que parece não ter
fim. Após atingir o número suficiente de assinaturas para iniciar o debate no
Congresso Nacional, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 19/2024), que
vincula o Piso da Enfermagem a uma jornada máxima de 30 horas semanais de
trabalho, segue em andamento no Senado Federal.
Segundo a advogada especialista em direito do trabalho,
Camila Andréa Braga, a apresentação da PEC é o passo inicial na abertura de um
processo legislativo.
“Agora vão ser feitos os estudos e as votações. Essa
apresentação do projeto pode ser considerada uma vitória pela mobilização,
porque houve uma mobilização da categoria para conseguir o número mínimo
necessário para que esse projeto fosse levado à discussão na casa”, explica.
Na opinião do presidente do Sindicato Profissional de
Auxiliares e Técnicos de Enfermagem de Pernambuco (Satempe), Francis Herbert,
esse resultado mostra que os profissionais da enfermagem estão cada vez mais
empenhados em cobrar o que vem sendo estabelecido para a categoria.
“Diferente de outras PECs, essa vincula a carga horária
mínima para que possamos ter direito ao recebimento do piso. A gente sabe hoje
que vivemos na saúde sem uma carga horária determinada. A CLT nos remete a 220
horas por mês”. Ele ainda continua:
“É muito cansativo. Inclusive, existem já relatos da
Organização Mundial da Saúde (OMS), relatos de órgãos que regulam a saúde de
trabalhadores. Precisamos manter uma condição para que possamos cuidar bem das
pessoas, tratar bem com segurança. E esta PEC nos dá a condição de
sobrevivermos e vivermos com muito mais dignidade”, avalia.
Valorização da categoria
Segundo o vice-presidente do Conselho Federal de Enfermagem
(Cofen) Daniel Menezes, vincular o piso salarial a uma carga de trabalho de 30
horas semanais já era a proposição inicial.
“O piso veio para corrigir as distorções. A proporcionalidade
de 30 horas faz com que os valores tenham um impacto mais positivo no
contracheque dos profissionais. As próprias diretrizes da Organização
Internacional do Trabalho, a OIT, ressalta que esses profissionais trabalhem no
máximo 30 horas semanais, especialmente pela necessidade de estar descansados,
para que não se trabalhem adoecidos e possam ter uma jornada de trabalho
digna”, aponta.
Entenda o impasse
Desde agosto de 2022, foram pautados recursos da categoria
contra uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, entre outras
implicações, obrigava os profissionais a cumprirem uma carga horária de
trabalho de 44 horas semanais para o recebimento do piso. E esse tem sido o
gargalo das negociações e reivindicações. Desta forma, o pagamento mensal seria
proporcional nos casos de contratos com carga horária menor — o STF definiu que
o piso nacional da enfermagem fosse pago aos trabalhadores do setor público
pelos estados e municípios na medida dos repasses federais.
A partir desse momento, os profissionais passaram a
reivindicar o pagamento do piso independente da carga horária. Lembrando que,
as diferenças entre as regras para o setor público em relação ao setor privado
dependeriam das negociações coletivas, conforme determinado pelo STF.
Com a PEC 19/2024, que o piso salarial dos enfermeiros,
técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e das parteiras teria com base
uma jornada máxima de trabalho de trinta horas semanais. A proposta é de
autoria da senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
Fonte: Brasil 61
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