Estados e municípios terão plano de combate à violência contra mulher.
Lula sanciona lei e fala em "estatuto de bom
comportamento do homem"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta
segunda-feira (17), a lei que prevê a criação, por estados e municípios, de
planos de metas para o enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a
mulher. O texto condiciona o acesso a recursos federais relacionados à
segurança pública e aos direitos humanos à elaboração e atualização regular
desses documentos.
Além do plano de metas, os estados terão de criar uma rede
estadual de enfrentamento da violência contra a mulher e uma rede de
atendimento às vítimas. Essas redes poderão ser compostas pelos órgãos públicos
de segurança, saúde, justiça, assistência social, educação e direitos humanos e
por organizações da sociedade civil.
O texto determina que os planos de metas deverão conter, de
acordo com as competências constitucionais do estado ou do município, diversas
iniciativas, como a inclusão de disciplina específica de enfrentamento da
violência contra a mulher nos cursos regulares das instituições policiais e o
monitoramento e reeducação e acompanhamento psicossocial do agressor.
Os entes também devem assegurar a expansão das delegacias de
atendimento à mulher; ampliação dos horários de funcionamento dos institutos
médico-legais e dos serviços de atendimento à mulher em situação de violência;
e disponibilização de dispositivo móvel de segurança que viabilize a proteção
da integridade física da mulher.
Por fim, a nova lei determina que o Sistema Nacional de
Informações de Segurança Pública (Sinesp) armazene informações para auxiliar
nas políticas públicas de enfrentamento da violência contra a mulher. O Sinesp
já coleta dados para ajudar na execução de outras políticas.
Mais divulgação
Lula destacou a importância da divulgação das leis de
proteção às mulheres e lamentou o fato de que, após 18 anos da Lei Maria da
Penha, ainda exista esse tipo de violência. “A gente vai fazendo lei para
proteger a mulher, mas o homem continua solto”, destacou.
Segundo o presidente, se as mulheres souberem que existe a
lei e que ali há uma certa garantia para elas, começam a ter coragem de fazer a
denúncia. “Nós temos que divulgar, a pessoa tem que saber que tem uma lei,
porque, se deixar apenas com as pessoas que têm uma certa formação, que podem
procurar o advogado, as mulheres vão continuar sendo vítimas do mesmo jeito”,
acrescentou Lula, durante reunião privada no Palácio do Planalto.
O presidente falou também sobre a criação de um “estatuto de
bom comportamento do homem” e de fazer o tema constar no currículo da educação
básica. “Eu estou convencido: se a gente não discutir essas coisas lá fora, se
a gente não começar a pensar em formar um novo homem, uma nova mulher, isso
começa pelo ensino fundamental, isso começa pelo ensino médio. A escola é o
espaço para a gente tentar mostrar um alinhamento de comportamento do ser
humano”, disse.
A nova lei, aprovada pelo Congresso em maio, diz que os entes
federados deverão implementar a Lei 14.164/21, que determina a inclusão de
conteúdo sobre a prevenção da violência contra a mulher nos currículos da
educação básica e institui a Semana Escolar de Combate à Violência contra a
mulher.
“O cara que não tem caráter, o cara que levanta a mão para
bater na mulher, para atirar em uma mulher, para dar um soco na mulher, é
porque o cidadão não presta enquanto ser humano. Ele não presta, ele não está
bem formado. Então, é triste, no século 21, a gente estar discutindo uma coisa
dessa magnitude, com Constituição bem feita, com todas as leis aprovadas”,
destacou Lula em sua fala.
Agência Brasil
Nenhum comentário