Governo anuncia R$ 5,5 bi para obras e novos campi universitários.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, nesta
segunda-feira (10), R$ 5,5 bilhões em recursos do Ministério da Educação (MEC)
para obras de infraestrutura para o ensino superior e a construção de dez novos
campi de universidades e de oito novos hospitais universitários federais. O
investimento integra o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Em reunião com reitores de universidades e institutos
federais, no Palácio do Planalto, Lula disse que a expansão universitária e de
institutos federais é essencial para desenvolver a aptidão produtiva das
localidades e afirmou que se preocupa em garantir que todos os jovens tenham
acesso à universidade.
“Não é possível você desenvolver as cidades periféricas, as
cidades médias e pequenas do interior do país, se você não tiver institutos
federais que possam, em função deste curso existir, você adaptar à realidade
local, para que você tenha capacidade de produzir um desenvolvimento regional”,
disse.
Lula ainda cobrou que o MEC tire do papel os 100 novos
institutos federais anunciados pelo governo. “Nós temos que começar a construir
os institutos que nós anunciamos. Se não tem terreno, nós vamos comprar o
terreno. Os reitores podem ir nos prefeitos e saber se tem prédio na cidade que
a gente pode colocar o instituto. O que a gente não pode é anunciar e, um ano
depois, não ter acontecido nada, com a desculpa de que não tem terreno, de que
é moroso, de que o projeto é demorado. Nós temos que fazer acontecer”,
ressaltou.
Orçamento
Essa é a segunda reunião pública do presidente Lula com
reitores neste mandato. Assim que assumiu, em janeiro do ano passado, o
presidente recebeu as autoridades no Palácio do Planalto e afirmou que a
educação sairia do obscurantismo.
Hoje, ele ouviu dos reitores a necessidade de melhorar o
orçamento do ensino público superior, que está em “situação crítica”. A reitora
da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Associação Nacional dos
Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Márcia
Abrahão, disse que, desde o encontro em janeiro de 2023, as entidades
representativas vêm dialogando com o governo sobre uma proposta de
financiamento permanente para as universidades.
Segundo Márcia Abrahão, apesar dos avanços realizados pelo
governo, o orçamento atual das universidades, de R$ 6,8 bilhões, é
insuficiente. “O valor defendido pela Andifes, de R$ 8,5 bilhões, nos
aproximaria ou nos aproximará, quem sabe, ainda temos um ano pela frente, do
orçamento de 2017, considerando a inflação. Esperamos que o orçamento de 2025
nos coloque em condições de atender o presente e planejar um futuro melhor”,
disse.
“Infelizmente, a situação crítica em que chegamos em função
dos anos de reduções orçamentárias exige um grande esforço nacional de
recuperação do que já temos, além de dar condições para as universidades mais
novas se estabelecerem adequadamente. Os desafios são crescentes”, acrescentou
Márcia, lembrando que as universidades têm desempenhado “papel fundamental”
para a preservação da democracia e “permanece firme” ao lado da sociedade
brasileira em situações extremas, como foi a pandemia de covid-19 e a recente
tragédia climática no Rio Grande do Sul.
Para o reitor do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) e do
Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional,
Científica e Tecnológica (Conif), Elias Monteiro, o plano nacional para
educação desapareceu nos últimos nove anos, com obstáculos como cortes
orçamentários significativos e desinvestimentos, tentativas de cerceamento da
autonomia institucional e descaracterização dos princípios democráticos.
“Permanecemos erguidos assim graças a determinação e
resiliência dos nossos dirigentes e de todos os servidores que acreditam que é
pela educação que ocorrem as significativas mudanças sociais e econômicas de
uma sociedade”, disse em discurso, listando problemas que ainda persistem.
“Nos defrontamos ainda, nos dias atuais, com alguns problemas
como a escassez de recurso para assistência estudantil, com a fome que persiste
entre nossos estudantes e com a ausência de transporte escolar. Temos que, dia
após dia, fazer a impossível escolha entre manter o funcionamento de um
programa para jovens portadores de deficiências ou fornecer energia, água,
segurança e limpeza para um dos nossos campi”, acrescentou.
Segundo Monteiro, “mesmo reconhecendo os avanços”, o atual
orçamento da rede federal de educação profissional, científica e tecnológica é
equivalente ao do ano de 2015, “período onde o número de unidades funcionando
representava aproximadamente 60% das existentes, sem contar os novos 100 campi
que farão partes da estrutura”.
Aos reitores, Lula afirmou que há “chance de ir buscar mais
dinheiro”, “se a gente conseguir aplicar rapidamente” o que já foi anunciado.
“Muitas vezes, o dinheiro aparece quando você tem um projeto que seja, sabe, um
projeto sabe incontestável. Não é discurso que faz dinheiro, é projeto”, disse
o presidente.
Obras e custeio
Os novos recursos, anunciados hoje, serão destinados para
melhorias na infraestrutura de 69 universidades federais e construção de dez
novos campi. Além disso, serão repassados recursos a 31 hospitais
universitários da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), sendo
oito novos.
Os novos campi de universidades serão construídos nas cidades
de São Gabriel da Cachoeira (AM); Rurópolis (PA); Cidade Ocidental (GO);
Baturité (CE); Estância (SE); Jequié (BA); Sertânia (PE); Ipatinga (MG); São
José do Rio Preto (SP); e Caxias do Sul (RS). De acordo com o governo, as
localidades foram escolhidas com o objetivo de ampliar a oferta de vagas da
educação superior em regiões com baixa cobertura de matrículas na rede pública.
Cada obra custará R$ 60 milhões, incluindo construção e
compra de equipamentos. A ampliação vai resultar em 28 mil novas vagas para
estudantes de graduação. Os campi oferecerão seis cursos, cada, para 2,8 mil
estudantes. Para isso, serão contratados 388 servidores por unidade.
Para consolidação da rede federal de educação superior, serão
repassados R$ 3,17 bilhões, destinados a 338 obras, das quais 223 serão
iniciadas, 95 retomadas e 20, que estão em andamento, concluídas. As obras
visam o fortalecimento da graduação - salas de aula, laboratórios, bibliotecas,
auditórios, estruturas acadêmicas e complexos esportivos e culturais - e a
assistência estudantil - refeitórios, moradias, equipamentos de saúde e centros
de convivência.
Para melhoria das condições e do funcionamento dos hospitais
universitários, neste ano, o governo federal vai garantir recursos adicionais
de R$ 250 milhões para as unidades da Rede Ebserh/MEC, totalizando R$ 1,75
bilhão. Oito hospitais serão construído e estão ligados às universidades
federais de Pelotas (RS), Juiz de Fora e Lavras (MG), Acre, Roraima, Rio de
Janeiro, São Paulo e Cariri (CE).
Além dos investimentos em obras, as universidades federais
serão beneficiadas com novos recursos orçamentários. De acordo com o MEC, no
mês passado, já foi feita recomposição do corte realizado no orçamento, no
valor de R$ 347 milhões, sendo R$ 242 milhões para as universidades e R$ R$ 105
milhões para os institutos federais.
Agora, haverá nova ampliação de R$ 400 milhões no orçamento
para custeio de despesas das instituições. A suplementação será de R$ 279
milhões para as universidades, que terão um total de R$ R$ 6,38 bilhões para
custeio após a ampliação do orçamento. Para os institutos, a ampliação é de R$
R$ 120,7 milhões, com orçamento para custeio chegando a R$ 2,72 bilhões.
Por fim, para garantir a permanência dos estudantes no ensino
superior, o MEC também está ampliando o Programa Bolsa Permanência (PBP) em 5,6
mil novas vagas, por meio de um aporte de mais R$ 35 milhões, o que deixa o
programa com um orçamento de R$ 233 milhões.
Com isso, todos os estudantes indígenas e quilombolas de
universidades e institutos federais passarão a ser atendidos pelo programa.
Atualmente, cerca de 13 mil alunos neste perfil fazem parte do PBP. A partir
deste ano, a cobertura ultrapassará 18 mil beneficiários. O valor da bolsa para
esse grupo de estudantes é de R$ 1,4 mil desde 2023.
Agência Brasil
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