Governo federal vai pagar dois meses de salários a trabalhadores do RS.
Programa vai beneficiar mais de 430 mil pessoas no estado
O governo federal anunciou nesta quinta-feira (6) um programa
de manutenção do emprego que prevê o pagamento de dois meses de salário mínimo
a mais de 430.253 trabalhadores com carteira assinada de empresas do Rio Grande
do Sul afetadas diretamente pelas enchentes de maio. O anúncio foi feito pelo
ministro do Trabalho, Luiz Marinho, em Arroio do Meio, no Vale do Taquari,
durante a quarta visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao estado.
A medida abrange, de acordo com o ministro, trabalhadores em
regime CLT (326.086), estagiários (36.584), trabalhadores domésticos (40.363) e
pescadores artesanais (27.220). O programa deve pagar diretamente o salário aos
beneficiados e, como contrapartida, as empresas deverão manter os empregos por
mais dois meses, totalizando uma estabilidade de quatro meses.
"Nós vamos oferecer duas parcelas de um salário mínimo a
todos os trabalhadores formais do estado do Rio Grande do Sul que foram
atingidos na mancha [de inundação]. Não são todos os CNPJ dos municípios em
calamidade ou emergência, mas os atingidos pela mancha", enfatizou o
ministro, sobre o perfil das empresas que poderão aderir ao programa.
Para viabilizar a medida, o presidente Lula e o ministro do
Trabalho assinaram uma Medida Provisória (MP), que entra em vigor de forma
imediata, mas precisará ser aprovada pelo Congresso Nacional.
O ministro do Trabalho também informou que o governo vai
editar uma portaria para prorrogar a validade dos acordos coletivos de trabalho
entre empresas e sindicatos.
O anúncio do programa ocorre um dia depois que o governador
do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ter pedido ao presidente Lula a criação de
um programa de manutenção de empregos e complementação do salário, durante uma
reunião de ambos no Palácio do Planalto.
Outras medidas
Além da Medida Provisória que autoriza o pagamento de
salários por dois meses, o presidente Lula assinou outras duas MPs. Uma delas
amplia o número de cidades gaúchas beneficiadas com parcela extra do Fundo de
Participação dos Municípios (FPM), no total de R$ 124 milhões.
Já a outra MP, segundo o anúncio do governo, amplia a
quantidade de municípios que poderão cadastrar famílias beneficiárias do
Auxílio Reconstrução, pago em cota única no valor de R$ 5.100. Até o momento, o
apoio financeiro, conforme estimativas oficiais, já foi pago a cerca de 100 mil
famílias.
"Não basta anunciar, mas é preciso criar as condições
para que aquele dinheiro seja executado. Nossa missão é evitar que a burocracia
trate esse problema do Rio Grande do Sul como se a gente estivesse vivendo um
período de normalidade", afirmou Lula, em discurso a prefeitos da região
do Vale do Taquari.
Mais cedo, o presidente conversou com os moradores do bairro
Passo de Estrela, no município de Cruzeiro do Sul, um dos mais atingidos pelas
enchentes. Ele reiterou o compromisso de reconstruir a infraestrutura pública
das cidades e as casas perdidas pela catástrofe climática.
"Nós queremos ter alguns compromissos aqui, eu já disse
isso da primeira vez. O governo federal vai cuidar de recuperar todas as áreas
da saúde que tiveram problema, vai se responsabilizar de cuidar todas as
escolas que tiveram problema. E vai fazer com que todas as pessoas que perderam
suas casas tenham suas casinhas de volta para morar dignamente aqui no Rio
Grande do Sul", reforçou.
Habitações
O número parcial de habitações solicitadas pelas prefeituras,
até o momento, soma 40,5 mil unidades em áreas urbanas e 1.812 em áreas rurais,
de acordo com o ministro das Cidades, Jader Filho.
"Não há uma solução de habitação única para o RS. Vamos
ter quer fazer diversas soluções para atender as necessidades do que aconteceu
nos municípios", afirmou em discurso a prefeitos do Vale do Taquari. Uma
das medidas em andamento é a aquisição direta de imóveis novos e usados pelo
governo federal, através da Caixa Econômica Federal, que poderá pagar até R$
200 mil por unidade habitacional, mediante avaliação. Famílias com o maior
número de crianças e adolescentes terão prioridade na lista de entrega dos imóveis,
informou o ministro.
Saúde
Na área da saúde, o governo federal anunciou a habilitação de
799 leitos clínicos hospitalares, adultos e pediátricos, pelo período de seis
meses. Eles se somam a outros 120 leitos autorizados pelo Ministério da Saúde,
segundo a titular da pasta, Nísia Trindade. Os investimentos somam R$ 64,4
milhões.
"Estamos ampliando o teto de média e alta complexidade,
habilitando várias unidades de assistência, suporte técnico ao SAMU, centro de
assistência psicossocial, habilitação de hemodiálise", acrescentou. Ainda
de acordo com a ministra, a pasta fará o repasse de custeio na área de saúde
para 43 municípios.
Agência Brasil
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