Polícia considera ‘cigana’ a mandante do ‘crime do brigadeirão’: ‘Júlia tinha veneração por Suyany’, diz delegado.
‘Podemos falar com bastante segurança que há elementos nos
autos, muitos elementos indicativos, de que a Suyany seria a mandante e
arquiteta desse plano criminoso’, afirmou Marcos Buss. A defesa de Suyany nega.
O delegado Marcos Buss, da 25ª DP (Engenho Novo), declarou
nesta quarta-feira (5) que considera Suyany Breschak a mandante do “crime do
brigadeirão”. A jovem, que se apresenta como cigana, está presa desde o dia 29.
Júlia Cathermol, suspeita de ter matado Luiz Marcelo Antônio Ormond com o doce
envenenado, se entregou nesta terça-feira (4). A defesa de Suyany nega.
“Podemos falar com bastante segurança que há elementos nos
autos, muitos elementos indicativos, de que a Suyany seria a mandante e
arquiteta desse plano criminoso”, afirmou Buss.
“A Júlia tinha uma grande admiração, uma verdadeira veneração
pela Suyany”, destacou.
“O que está sendo confirmado por todos os elementos reunidos
até o momento, embora não saibamos explicar bem por quê, é que Júlia realmente
faria pagamentos mensais para Suyany”, detalhou o delegado.
“Essa relação já vinha se desenrolando há muito tempo. Suyany
tinha uma influência muito grande sobre Júlia. Júlia se sentia ameaçada e
entendia que poderia acontecer alguma coisa contra ela, como uma morte ou uma
doença”, lembrou o delegado.
“Essa crença transcendia esse plano e repousava em eventuais
poderes mágicos de Suyany. Júlia acreditava que Suyany tinha o poder sobre a
vida, sobre a morte, sobre a saúde das pessoas”, disse.
Buss afirmou ainda que Suyany instruiu Júlia a moer o Dimorf,
um remédio à base de morfina, e acrescentar no brigadeirão. “A própria Suyany
teria procurado informações sobre a aquisição de tal medicamento”, frisou.
Plano de afastamento
Buss também explicou sobre um suposto plano a fim de afastar
Júlia do então namorado, Jean, para que a psicóloga fosse morar com Ormond.
Segundo o delegado, Júlia teria dito a Jean que aceitou uma proposta para ser
babá, por 1 mês, dos filhos de uma tal de Natália.
Natália, de acordo com análises preliminares, é Suyany. A
“cigana” teria mandado fotos dos próprios filhos para Júlia, para que a
psicóloga as encaminhasse a Jean como prova do “serviço”. Por 1 mês como babá,
Júlia receberia R$ 11 mil.
“Pretendemos fazer uma comparação entre alguns áudios que
Júlia teria encaminhado a Jean. Quando Júlia teria ido residir com Jean, ela
mandou áudios de uma pessoa que se identificava como Natália. Essa pessoa teria
contratado os serviços de Júlia para funcionar como babá de seus filhos”,
explicou Buss.
“Nesse esquema, nessas mensagens, Júlia teria mandado para o
Jean fotografias dos filhos da Suyany, dando a entender, segundo a Júlia, que
Natalia seria Suyany.”
“Se ficar comprovado, mediante um exame de comparação das
vozes que ali aparecem, que efetivamente foi Suyany que mandou [as fotos e o
áudio], [teremos] elementos dessa participação [no crime], com auxílio
material”, detalhou Buss.
Por Rafael Nascimento, g1 Rio
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