ELEIÇÕES 2024: prefeitos de 20 das 26 capitais poderão concorrer à reeleição.
Partidos do
"centrão" dominam as capitais brasileiras onde há prefeitos aptos ao
segundo mandato consecutivo.
Prefeitos de 20 das 26
capitais estaduais brasileiras vão poder concorrer à reeleição no pleito
marcado para outubro deste ano, aponta levantamento do Brasil 61. Na região
Sudeste, todos os quatro prefeitos de capitais que estão no cargo estão aptos
ao segundo mandato consecutivo. Nas regiões Sul e Centro-Oeste, apenas um
prefeito não poderá concorrer, enquanto no Norte e no Nordeste, somente dois
estão impedidos.
Apenas em Aracaju (SE),
Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Natal (RN), Palmas (TO) e Porto Velho (RO) não há
possibilidade de os atuais chefes do Executivo concorrerem novamente, pois os
gestores já estão no segundo mandato consecutivo. São eles: Edvaldo Nogueira
(PDT), Emanuel Pinheiro (MDB), Rafael Greca (PSD), Álvaro Dias (PSDB), Cinthia
Ribeiro (PSDB) e Hildon Chaves (União Brasil).
Segundo o cientista político
André Rosa, professor no Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), a
história da democracia brasileira mostra que os candidatos que estão no poder
costumam levar vantagem sobre os seus desafiantes e, assim, conquistar a
reeleição. "Dificilmente, você tira um candidato de uma reeleição",
explica.
Prefeitos do
"centrão" dominam capitais brasileiras
O levantamento feito pelo
Brasil 61 mostra que o PSD e o MDB são os partidos políticos que mais
predominam entre as siglas com prefeitos aptos à reeleição nas capitais, ambos
com quatro. Em seguida, vêm Republicanos, PP e PL, cada um com dois prefeitos
reelegíveis. Avante, PSOL, União Brasil, PSB, PDT e PRD, por sua vez, têm um
cada.
O recorte partidário aponta
que o chamado "centrão" — grupo de partidos sem clara orientação
ideológica e que compõem a base de governos à direita e à esquerda — domina as
capitais brasileiras onde há possibilidade de reeleição.
André Rosa afirma que a
força do centrão nas capitais é reflexo da diminuição da confiança dos
eleitores nos partidos à esquerda do espectro político-ideológico. "A
gente percebe, desde 2016, um prognóstico de que as prefeituras iriam diminuir.
Do PT, principalmente, muito em decorrência da Operação Lava Jato e do
impeachment da presidente Dilma Rousseff. É um conjunto de fatores que fizeram
com que a centro-esquerda perdesse espaço no poder público", avalia.
Segundo o cientista
político, a possível continuidade dos partidos de centro-direita à frente das
grandes capitais brasileiras será importante na corrida presidencial de 2026,
devido à influência dos prefeitos desses municípios no debate eleitoral.
Confira os prefeitos que
poderão se candidatar à reeleição em 2024
SUL
Sebastião Melo (MDB) – Porto
Alegre (RS)
Topazio Neto (PSD)—
Florianópolis (SC) *
SUDESTE
Ricardo Nunes (MDB) — São
Paulo (SP)
Eduardo Paes (PSD) — Rio de
Janeiro (RJ)
Fuad Noman (PSD) — Belo
Horizonte (MG) *
Lorenzo Pazolini
(Republicanos) — Vitória (ES)
CENTRO-OESTE
Adriane Lopes (PP) —
Campo Grande (MS) *
Rogério Cruz (Republicanos)
— Goiânia (GO) **
NORTE
Tião Bocalom (PL) — Rio
Branco (AC)
David Almeida (Avante) —
Manaus (AM)
Edmilson Rodrigues (PSOL) —
Belém (PA)
Arthur Henrique (MDB) — Boa
Vista (RR)
Antônio Furlan (MDB) —
Macapá (AP)
NORDESTE
Bruno Reis (União Brasil) —
Salvador (BA)
João Henrique Caldas (PL) —
Maceió (AL)
João Henrique Campos (PSB) —
Recife (PE)
Cícero Lucena (PP) — João
Pessoa (PB)
José Sarto (PDT) — Fortaleza
(CE)
Dr. Pessoa (PRD) — Teresina
(PI)
Eduardo Braide (PSD) — São
Luís (MA)
* Tornaram-se prefeitos após
os titulares renunciarem para concorrer ao governo estadual.
** Tornou-se prefeito após a
morte do titular.
Reeleição em discussão
A possibilidade de reeleição
para os cargos de presidente, governador e prefeito foi adotada pelo Brasil em
1997, durante o mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. De lá para
cá, FHC, Lula e Dilma emplacaram dois mandatos consecutivos. Bolsonaro foi a
exceção.
Nos últimos meses, têm
crescido no Congresso Nacional um movimento pelo fim da reeleição para os
cargos do Executivo federal, estadual e municipal. O movimento conta com a
simpatia do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tenta pautar
uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para tratar do assunto.
Especialista em Direito
Eleitoral e mestre em Direito Constitucional pela Universidade de São Paulo
(USP), Antonio Carlos de Freitas Jr. é favorável ao fim da reeleição. "Eu
vejo com muito bons olhos. A legislação criou a reeleição, mas não conseguiu
separar o candidato do governante. O governante ser candidato é muito desigual
no jogo eleitoral. Como o princípio maior do mundo eleitoral é o equilíbrio de
forças, desequilibrou muito. É sadio para o processo eleitoral que você não
tenha nenhum governante candidato", acredita.
Freitas Jr. defende o fim da
reeleição e a ampliação dos mandatos para o Executivo de quatro para cinco
anos. "Aumentar para cinco anos dá um tempo a mais para cada um colocar em
execução o seu programa de governo", diz.
O cientista político André
Rosa não concorda com o fim da possibilidade de presidentes, governadores e
prefeitos terem dois mandatos seguidos. "A reeleição no Brasil tem que
existir, porque eu não acredito que um mandato de cinco anos vai resolver um
problema em termos de gestão pública. É pouco tempo. A gente precisa partir do
princípio de que a gente inicia um projeto hoje e ele não vai se concretizar em
quatro, cinco anos", pontua.
Veja também: ELEIÇÕES
MUNICIPAIS: Restrições entram em vigor a partir deste sábado.
Fonte: Brasil 61 -
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