Bolsa Família: após beneficiários gastarem R$ 3 bi em apostas, governo cria GT para coibir uso do benefício em BETS.
Ministérios da Fazenda, Saúde e Casa Civil trabalham na
criação de propostas sobre uso dos benefícios sociais.
Depois que o Banco Central divulgou esta semana que
beneficiários do Bolsa Família gastaram no mês de agosto mais de R$ 3 bilhões
com apostas em BETS, o governo reagiu. Nesta sexta-feira (27), o Ministério do
Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) divulgou a
criação de um Grupo de Trabalho para apresentar, até a próxima
quarta-feira (2), uma proposta sobre uso de recursos do cartão Bolsa
Família.
No comunicado divulgado na página do ministério, o MDS
explica que o grupo formado entre a Rede Federal de Fiscalização do Bolsa
Família e do Cadastro Único vai trabalhar de forma integrada também com os
Ministérios da Fazenda, da Saúde e com a Casa Civil.
Segundo o ministro Wellington Dias, o projeto de lei que
regulamenta as BETS prevê que as medidas do Ministério da Fazenda vão demorar
seis meses para entrar em vigência após a publicação, o que só vai acontecer em
janeiro de 2025.
“Assim, estamos trabalhando alternativas. Uma delas é o
limite zero para o uso de benefício social como o Bolsa Família para jogos,
para BETS e o controle com base no CPF e a partir daí adotar as medidas
necessárias”, destaca Dias.
Gastos com BETS
Um relatório inédito do Banco Central divulgado nesta semana
mostra que beneficiários do Bolsa Família transferiram R$ 3 bilhões via pix às
empresas de apostas. Segundo o documento, a média gasta pelos beneficiários do
programa social com as apostas foi de R$ 100 no mês. Sobre o perfil desses
apostadores, 4 milhões são chefes de família e essas pessoas enviaram R$ 2
bilhões por PIX para as bets.
Para o economista-chefe da Análise Econômica, de São Paulo,
André Galhardo, a medida rápida do governo é acertada, já que o uso dos
benefícios em apostas pode ter consequências econômicas para a sociedade.
“Isso, do ponto de vista econômico, pode causar um problema
grave para o Brasil. Já se fala em aumento de inadimplência, inclusive pessoas
com baixo poder aquisitivo estão despendendo boa parte dos recursos para
apostar nesses jogos e têm perdido dinheiro nisso. O que acaba comprometendo
uma parcela da renda que seria destinada para quitar obrigações que haviam sido
feitas anteriormente.”
O documento do Banco Central mostra ainda que cerca de 24
milhões de pessoas físicas participaram de jogos de azar e apostas no Brasil,
fazendo pelo menos uma transferência via PIX para essas empresas durante o
período analisado.
Fonte: Brasil 61 –
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