Dono da Esportes da Sorte se entrega à Polícia Civil de Pernambuco.
Empresário e esposa são investigados na Operação Integration
O dono da plataforma de apostas (bet) Esportes da Sorte,
Darwin Henrique da Silva Filho, e sua esposa, Maria Eduarda Quinto Filizola, se
entregaram à Polícia Civil de Pernambuco na manhã desta quinta-feira (5).
Operado pelo HSF Gaming, grupo com sede em Curaçao, um
paraíso fiscal caribenho, o site Esportes da Sorte é investigado no âmbito da
Operação Integration, deflagrada ontem (4), contra uma suposta organização
criminosa suspeita de movimentar quase R$ 3 bilhões obtidos com jogos ilegais e
lavagem de dinheiro.
O empresário e a esposa permanecem detidos, mas seus
advogados já recorreram ao Tribunal de Justiça de Pernambuco, solicitando que
os dois sejam autorizados a permanecer à disposição da Justiça em liberdade.
“Todos os questionamentos da polícia foram devidamente
respondidos e as dúvidas sobre as atividades da empresa Esporte da Sorte foram
sanadas, demonstrando-se a regularidade e a legalidade das atividades
profissionais”, argumentou o escritório Rigueira, Amorim, Caribé e Leitão, em
nota enviada a jornalistas.
Deflagrada pela Polícia Civil de Pernambuco, a Operação
Integration contou com o apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública e
da Interpol, além da participação de agentes das forças de segurança de Goiás,
Paraná, Paraíba e São Paulo, onde, ontem, foi cumprida parte dos 19 mandados
judiciais de prisão e 24 de busca e apreensão, incluindo a apreensão de
veículos de luxo, aeronaves e embarcações, além do bloqueio de bens.
Entre os investigados detidos estão a advogada pernambucana e
influenciadora digital Deolane Bezerra e sua mãe, Solange Bezerra, suspeitas de
integrar o suposto esquema ilícito. As duas passaram por audiência de custódia
e, por decisão da Justiça de Pernambuco, permanecem detidas em caráter
temporário.
A Polícia Civil não detalhou os indícios que justificaram a
prisão de Deolane e de sua mãe. Em uma mensagem divulgada em suas redes
sociais, a influenciadora disse ser alvo de uma injustiça e que está
“destruída” ao ver sua mãe “passando por tamanha humilhação”. “Estou sofrendo
uma grande injustiça. É notório o preconceito e a perseguição contra minha
pessoa e minha família, mas isso tudo servirá para provar, mais uma vez, para
todos vocês, que não pratico e nunca pratiquei crimes.”
Segundo os responsáveis pelas investigações iniciadas em
abril de 2023, há evidências de que “a organização criminosa” alvo da Operação
Integration movimentou, entre janeiro de 2019 e maio de 2023, mais de R$ 3
bilhões. Quase toda esta quantia provém de jogos ilegais. Ainda de acordo com
os investigadores, para “lavar” o dinheiro, ou seja, para encobrir a origem dos
valores ilícitos, incorporando-os ao patrimônio dos envolvidos, o grupo usava
várias empresas de eventos, publicidades, casas de câmbio e seguro.
“O dinheiro era lavado por meio de depósitos fracionados em
espécie, transações bancárias entre os investigados com o imediato saque do
montante, compra de veículos de luxo, aeronaves, embarcações, joias, relógio de
luxo, além da aquisição de centenas de imóveis”, destacou o Ministério da
Justiça e Segurança Pública, em nota.
Sem mencionar nomes, o delegado-geral da Polícia Civil de
Pernambuco, Renato Rocha, já tinha destacado, nesta quarta-feira, que bets e
outras empresas legalmente constituídas são suspeitas de integrar o esquema
apenas para tentar dar aparência lícita ao dinheiro ilegal.
“Estamos investigando uma organização criminosa que tem
origem através da atuação no campo dos jogos ilegais”, comentou Rocha. “A
organização criminosa também operava no ramo das bets, mas o crime de origem
diz respeito aos jogos não autorizados pela legislação. [Ou seja] as bets e
outras empresas eram utilizadas na lavagem do dinheiro oriundo deste ramo
ilegal de jogos”, acrescentou o delegado, antes de fazer uma ressalva contra as
bets em geral.
“Toda banca de jogo tem seu algoritmo benéfico à [própria]
banca. Sejam os jogos ilegais, sejam os jogos ilegais. Todos sabemos disso.
Alguns recebem um retorno [financeiro] pelas apostas, quando premiados, mas a
grande maioria das pessoas que apostam neste tipo de jogo de azar, seja ele
legal ou ilegal, tem prejuízo. É importante que a população saiba que a bet é
um jogo de azar e que a probabilidade de ela ganhar é menor que a dela perder”,
ponderou o delegado-geral.
Agência Brasil
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