Influenciadores suspeitos de lavar dinheiro do narcotráfico são presos.
A Polícia Civil da Bahia deflagrou, nesta quinta-feira (5),
uma operação em conjunto com as forças de segurança do Ceará, do Espírito Santo
e de Goiás, contra uma suposta organização criminosa suspeita de promover rifas
ilegais para encobrir a origem ilícita de dinheiro obtido com o narcotráfico.
Ao menos 21 pessoas investigadas pelo Departamento de
Repressão e Combate à Corrupção ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro já
tinham sido presas até as 10h de hoje. Quatorze prisões foram efetuadas em
Salvador; cinco no estado de Goiás e uma no Ceará. Segundo a Polícia Civil
baiana, um dos alvos da ação resistiu à prisão, foi baleado e socorrido, mas
morreu devido aos ferimentos.
Entre os investigados detidos em caráter temporário, estão
dois influenciadores digitais baianos: José Roberto, conhecido nas redes
sociais pelo apelido Nanan Premiações, e Ramhon Dias. Acusados de integrar a
organização criminosa, os dois contabilizam cerca de 1,5 milhão de seguidores
nas redes sociais, entre os quais promovem rifas e sorteios de prêmios de
valor, incluindo veículos de luxo.
A Agência Brasil não conseguiu contato com José Roberto,
Ramhon Dias ou seus advogados, e permanece aberta para incluir seu
posicionamento no texto.
Além da cooperação das polícias civis de São Paulo, Paraíba,
Paraná e Goiás, a operação contou com a participação da Interpol e do
Ministério da Justiça e Segurança Pública. Em nota, o ministério destacou que,
segundo as investigações iniciadas em abril de 2023, os suspeitos movimentaram
cerca de R$ 3 bilhões provenientes de jogos ilegais, utilizando várias empresas
de eventos, publicidades, casas de câmbio e seguros para lavagem de dinheiro
realizada por meio de depósitos e transações bancárias.
“O dinheiro era lavado por meio de depósitos fracionados em
espécie, transações bancárias entre os investigados com o imediato saque do
montante, compra de veículos de luxo, aeronaves, embarcações, joias, relógio de
luxo, além da aquisição de centenas de imóveis”, acrescentou o ministério, na
mesma nota.
Operação Integration
A operação da Polícia Civil da Bahia foi deflagrada um dia
após a Polícia Civil de Pernambuco ter realizado a chamada Operação
Integration, que resultou na prisão da advogada pernambucana e também
influenciadora digital Deolane Bezerra; sua mãe, Solange Bezerra, e de outras
pessoas suspeitas de integrar um esquema de lavagem de dinheiro semelhante ao
investigado na Bahia, mas que também envolve o uso de plataformas de apostas
online – as chamadas bets – para “lavar” o dinheiro obtido com jogos ilegais.
“Estamos investigando uma organização criminosa que tem
origem através da atuação no campo dos jogos ilegais”, comentou, ontem (4), o
delegado-geral da Polícia Civil de Pernambuco, Renato Rocha, durante entrevista
coletiva. “A organização criminosa também operava no ramo das bets, mas o crime
de origem diz respeito aos jogos não autorizados pela legislação. [Ou seja] as
bets e outras empresas eram utilizadas na lavagem do dinheiro oriundo deste
ramo ilegal de jogos”, acrescentou o delegado, que alegou não poder fornecer
detalhes sobre as suspeitas que pesam contra cada empresa ou pessoa investigada
no âmbito da Operação Integration, incluindo Deolane Bezerra.
Em uma mensagem divulgada em suas redes sociais, a
influenciadora confirmou que foi detida e afirmou ser alvo de uma injustiça.
“Estou sofrendo uma grande injustiça. É notório o preconceito e a perseguição
contra minha pessoa e minha família, mas isso tudo servirá para provar, mais
uma vez, para todos vocês, que não pratico e nunca pratiquei crimes.”
Deolane e sua mãe passaram por audiência de custódia e, por
decisão da Justiça de Pernambuco, permanecerão detidas. A influenciadora está
presa em uma cela separada da Colônia Penal Feminina do Recife (Bom Pastor).
Agência Brasil
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