Ministério da Saúde lança nova estratégia para reduzir mortalidade materna na Paraíba.
Entre as inovações da Rede Alyne, está a necessidade de um
plano integrado entre a maternidade e a Saúde da Família – com qualificação das
equipes de Saúde da Família
Garantia de um cuidado integral à gestante para reduzir a
mortalidade materna e de bebês. Esse é o objetivo da Rede Alyne, novo programa
do Governo Federal, que reestrutura a antiga Rede Cegonha na rede pública de
saúde. Com a meta de reduzir a mortalidade materna em 25% até 2027, o novo
modelo homenageia Alyne Pimentel, que morreu grávida de seis meses por
desassistência no município de Belford Roxo (RJ) em 2002. O Brasil é o primeiro
caso no mundo de uma condenação em corte internacional por morte materna
evitável, reconhecida como violação de direitos humanos das mulheres a uma
maternidade segura.
Antes mesmo da condenação, em 2011, foi lançada a Rede
Cegonha, que ampliou o cuidado às mulheres durante a gestação e o parto, com
importantes resultados, que foram descontinuados nos últimos anos. A
mortalidade materna é um indicador crítico que reflete a qualidade da
assistência e o acesso aos serviços de saúde. O desmonte da rede dificultou o
acesso e elevou estes índices. Em termos absolutos, o número de mortes maternas
subiu para 3.030 em 2021, durante a pandemia de Covid-19, o que representa um crescimento
de 74% em relação a 2014, quando foram registradas 1.739 mortes, conforme dados
da Plataforma Integrada de Vigilância em Saúde (IVIS). Na Paraíba, o aumento
foi de 129%, com a quantidade de óbitos passando de 31 em 2014 para 71 em 2021.
Nesse cenário, o Ministério da Saúde agora firma um
compromisso de fortalecer a rede para enfrentar desafios históricos na
assistência à gestante e ao bebê, principalmente entre a população em situação
de maior vulnerabilidade social. Entre as inovações da Rede Alyne, está a
necessidade de um plano integrado entre a maternidade e a Saúde da Família –
com qualificação das equipes de Saúde da Família, na principal porta de entrada
do SUS – e, de forma inédita, a ampliação do Complexo Regulatório do SUS com equipe
especializada em obstetrícia. Dessa forma, o Ministério da Saúde integra a rede
de saúde para acabar com a peregrinação da gestante, como aconteceu com Alyne,
garantindo vagas para atendimento, com prioridade para a mulher que precisa de
suporte no deslocamento para a maternidade.
Na cerimônia de lançamento do programa, nesta quinta (12), em
Belford Roxo, a ministra Nísia Trindade destacou que a rede de saúde estará
mais fortalecida para brecar as mortes maternas e garantir o nascimento de
bebês saudáveis. “Vamos trabalhar com toda a rede de saúde, com estados e
municípios. Será firmado um pacto no Conselho da Federação, junto ao Governo
Federal, para que essa agenda seja de todo o Brasil”, disse. “O mais importante
agora para nós é que lutemos, juntos, para que não haja mais mortes maternas
por causas evitáveis”, acrescentou Nísia.
Já o presidente Lula, que prestigiou o evento ao lado da
primeira-dama Janja, celebrou a criação de mais uma iniciativa em defesa da
mulher brasileira. “Esse programa foi criado para que a mulher seja atendida
com decência e faça todos os exames necessários. Quero parabenizar a Nísia pelo
aperfeiçoamento do tratamento das mulheres desse país”, pontuou.
Redução da inequidade racial
A taxa de mortalidade entre mães pretas também aumentou
consideravelmente. Em 2022, a razão de mortalidade materna, que representa o
número de óbitos a cada 100 mil nascidos vivos, foi o dobro em relação ao
número geral. Em mulheres pretas, foi de 110,6. No Brasil todo, 57,7.
É por este motivo que o Governo Federal também busca reduzir
as mortes das mulheres pretas em 50% até 2027. O Brasil quer atingir o Objetivo
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) até
2030, com a marca de 30 óbitos por 100 mil nascidos vivos.
Mais recursos e integração da rede para o fim da peregrinação
da gestante
Para além das metas, a Rede Alyne configura uma estratégia
com ações concretas de mudança do cenário do atendimento em saúde para as
gestantes brasileiras. Para essa execução, em 2024, o Ministério da Saúde vai
investir R$ 400 milhões na rede. Em 2025, esse número chegará a R$ 1 bilhão.
Haverá um novo modelo de financiamento com a distribuição
mais equitativa dos recursos para reduzir desigualdade regionais e raciais. O
financiamento será por nascido vivo, por local de residência e município do
atendimento.
O Ministério da Saúde vai triplicar o repasse para estados e
municípios realizarem exames pré-natal: de R$55 para R$144 por gestante. Novos
exames serão incorporados na rede, além dos já contemplados na Rede Cegonha. O
pré-natal passará a ter testes rápidos para HTLV, hepatite B e hepatite C.
A expansão do orçamento também chega à atenção de média e
alta complexidade para a estruturação de equipes especializadas em atendimento
materno e infantil, com cobertura 24 horas, 7 dias da semana no Complexo
Regulador do SUS. A Rede Alyne traz um novo financiamento, para o fim da
peregrinação, com custeio mensal de R$ 50,5 mil para ambulâncias destinadas à
transferência de gestantes e recém-nascidos graves. Isso vai contribuir para a
diminuição dos atrasos de deslocamento em momentos críticos.
Novo PAC Saúde para expansão da rede de assistência
Por meio do Novo PAC Saúde também serão construídas 36 novas
maternidades e 30 novos Centros de Parto Normal, totalizando R$ 4,85 bilhões de
investimento na etapa de seleções, com prioridade para as regiões com piores
índices de mortalidade materna. Mais de 30 milhões de mulheres serão
diretamente beneficiadas.
O Ministério da Saúde busca mais do que evitar desfechos
trágicos. A ideia é promover experiências de cuidado integral para gestantes,
puérperas e bebês, com serviços que promovam segurança, acolhimento,
humanização e o fim da espera por atendimentos obstetrícios de urgência.
Autossuficiência da rede de bancos de leite
A rede de bancos de leite do Brasil, que já é referência
internacional, terá um sistema de incentivo ao aleitamento materno ainda mais
completo. O Ministério da Saúde vai investir R$ 41,9 milhões ao ano em um novo
repasse para aumentar a disponibilização de leite materno nas unidades
neonatais, além de um valor adicional para os bancos de leite que alcançarem
autossuficiência, atendendo a demanda das unidades neonatais de referência.
A Rede Alyne vai incentivar, ainda, o uso do método Canguru –
cujas evidências científicas comprovam impacto positivo em desfechos, como
infecção, amamentação e mortalidade – com aumento de valor para Unidades de
Cuidado Neonatal Canguru (UCINca) em 240%.
Para integrar os dados das gestantes, está previsto, ainda em
2024, o lançamento de uma versão eletrônica da Caderneta da Gestante por meio
do aplicativo “Meu SUS Digital”. Além de orientar com mais agilidade os
profissionais de saúde, a ferramenta também terá conteúdos informativos e
demais funções que evitem a ida das gestantes às maternidades ou Unidades
Básicas de Saúde (UBS) sem necessidade.
Fonte: Ministério da Saúde
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