Covid-19: nova variante XEC pode ser mais transmissível.
A nova variante XEC da
Covid-19, encontrada no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Santa Catarina, tem
maior potencial de transmissão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A
informação foi confirmada pela virologista Paola Resende, pesquisadora do Laboratório
de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do
Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
“A Organização Mundial de
Saúde elevou essa linhagem XEC para uma variante sob monitoramento devido ao
seu potencial de ser mais transmissível. Então rapidamente, em questão de
meses, ela ganhou diferentes continentes, diferentes países, chegando ao Brasil
e sendo detectado mais recentemente em três estados.”
A XEC foi identificada pela
primeira vez em junho de 2024, com um aumento de casos na Alemanha, e, desde
então, se espalhou rapidamente para 35 países da Europa, Américas, Ásia e
Oceania.
No Brasil, a nova variante
foi identificada após a decodificação de sequências genéticas de duas amostras
de swab nasal de pacientes diagnosticados com Covid-19 no Rio de Janeiro, em 26
de setembro e 7 de outubro. Depois, outros pesquisadores também identificaram a
linhagem XEC em amostras de pacientes de São Paulo, coletadas em agosto, e em
duas amostras de pacientes de Santa Catarina, coletadas em setembro.
Segundo a virologista Paola
Resende, ainda é preciso entender melhor como será o comportamento dessa
variante no Brasil.
“A princípio, não houve
aumento do número de casos, nem de casos graves, nesses três estados onde
essa variante já foi detectada. A Covid-19 continua sendo detectada, mas a
níveis que não geram alerta desse aumento. Nossa população tem um certo
background imunológico, uma memória imunológica, diferentemente de outras
populações ao redor do mundo. Por exemplo, aqui circulou altamente a variante
de preocupação Gama P.1, que em outras regiões do mundo não teve tanto
sucesso.”
Características da XEC
A nova linhagem XEC faz
parte da família Ômicron e pode ter surgido a partir da combinação genética de
outras cepas. Isso acontece quando um indivíduo é infectado por duas linhas
virais ao mesmo tempo. A infectologista Raquel Stucchi, consultora da Sociedade
Brasileira de Infectologia, explica como essa nova linhagem pode ter surgido.
“Sabemos que as variantes
vão surgindo de combinações de outras linhagens que existem e ela recombina
dois vírus da linhagem JN.1, que é a que estava circulando aqui entre nós e
também circulava no hemisfério norte.”
Segundo a infectologista
Raquel Stucchi, as vacinas que estão disponíveis atualmente para a população
são capazes de proteger contra a linhagem XEC. “A expectativa é que sim. Como
ela é derivada da variante JN.1, as vacinas que nós temos devem, sim, conferir
uma proteção também contra esta variante”, esclarece.
Segundo a virologista da
Fiocruz Paola Resende, apesar de ter maior capacidade de transmissão, “isso não
significa que é uma variante grave e também não significa que é uma variante
que escapa da resposta imune”.
A OMS possui um grupo
consultivo técnico para tratar sobre a imunização contra o coronavírus, que se
reúne duas vezes por ano. No último mês de abril, o grupo recomendou uma
reformulação das vacinas com base na linhagem JN.1. A próxima reunião deve
acontecer em dezembro.
Monitoramento
Apesar do alto potencial de
transmissibilidade da XEC, o monitoramento da Fiocruz mostra que a linhagem
JN.1 ainda predomina entre os casos no Brasil, desde o final do ano
passado.
A virologista da Fiocruz
Paola Resende reforça a importância de manter o monitoramento constante da
dinâmica das variantes do coronavírus.
“A vigilância genômica é uma
importante ferramenta para o monitoramento da circulação e emergência de novas
variantes e ela precisa continuar de forma homogênea no país. O Ministério da
Saúde tem um acordo com notas técnicas, manuais, guias de vigilância genômica,
que tem alguns critérios que elegem algumas amostras positivas para o
SARS-CoV-2 para serem sequenciadas dentro da rede nacional de sequenciamento
genômico.”
Segundo a especialista,
apesar dos esforços, ainda há muitos desafios na coleta de amostras de
infectados, “uma vez que os casos, em geral, são brandos e acabam não chegando
nos laboratórios centrais ou acabam sendo só testados por testes rápidos de
antígeno”.
O Guia de Vigilância
Genômica do SARS-CoV-2 do Ministério da Saúde está disponível no link.
Fonte: Brasil 61
Nenhum comentário