'Dinheiro esquecido': clientes têm até quarta-feira para sacar R$ 8,6 bilhões no sistema do BC; entenda.
Prazo para resgatar recursos
vai até 16 de outubro. Após a data, valores serão incorporados ao Tesouro
Nacional. Ministério da Fazenda diz que medida não se trata de confisco e que
haverá 30 dias adicionais para contestação.
Os clientes que têm
"dinheiro esquecido" no Sistema de Valores a Receber (SVR) do Banco
Central do Brasil (BC) têm até a próxima quarta-feira (16) para sacar os
valores. (veja mais abaixo como fazer)
Segundo o BC, R$ 8,6 bilhões
estão disponíveis para resgate no SVR. O sistema permite consultar se pessoas
físicas (inclusive falecidas) e empresas deixaram valores para trás em bancos,
consórcios ou outras instituições.
O prazo de 30 dias para
resgate começou a valer em 16 de setembro, quando o presidente Lula (PT)
sancionou a Lei nº 14.973/2024, que trata da reoneração gradual da folha de
pagamentos de 17 setores da economia e de municípios até o fim de 2024.
O projeto, que já havia sido
aprovado pelo Congresso Nacional, estabelece que o dinheiro esquecido não
resgatado por pessoas físicas e jurídicas poderá ser incorporado pelo Tesouro
Nacional.
Em nota enviada ao g1, o
Ministério da Fazenda explicou que, além dos 30 dias para resgate após
publicação da lei, os clientes terão 30 dias para contestar o recolhimento dos
recursos pelo Tesouro, a contar da data de publicação de edital pela pasta.
"Apenas após o término
desse segundo prazo, e caso não haja manifestação daqueles que tenham direito
sobre os depósitos, os valores serão incorporados ao Tesouro Nacional",
disse o Ministério.
A Fazenda também reforçou
que, ainda assim, os interessados terão um prazo de seis meses para requerer
judicialmente o reconhecimento de seu direito aos depósitos.
"Logo, não há que se
falar em confisco", afirmou.
Caso não haja contestação do
recolhimento, os valores serão, então, incorporados de forma definitiva como
receita orçamentária primária, continuou a pasta, destacando que os recursos
serão considerados para fins de verificação do cumprimento da meta de resultado
primário.
Ainda segundo o Ministério
da Fazenda, a medida encontra precedentes no sistema jurídico brasileiro.
Uma única pessoa tem R$ 11,2
milhões esquecidos
De acordo com o Banco
Central, uma única pessoa tem R$ 11,2 milhões esquecidos no SVR.
Entre pessoas jurídicas, a
cifra mais alta disponível para resgate é de R$ 30,4 milhões.
O BC informou que, até o
momento, o maior saque de "dinheiro esquecido" feito por uma única
pessoa física foi de R$ 2,8 milhões. A bolada foi resgatada em julho de 2023,
após consulta no SVR.
Veja os maiores valores já
sacados por pessoas físicas:
O primeiro lugar resgatou R$
2,8 milhões, em julho de 2023;
O segundo valor mais alto
foi de R$ 1,6 milhão, em março de 2022;
Já a terceira maior cifra
foi de R$ 750 mil, em março de 2023.
Entre pessoas jurídicas,
esta é a lista:
O maior valor foi de R$ 3,3
milhões, resgatado em março de 2023;
O segundo maior, de R$ 1,9
milhão, em junho de 2023;
O terceiro, de R$ 610 mil,
em setembro de 2024.
Segundo o BC, 940.024
pessoas têm mais de R$ 1.000,01 para sacar. Além disso, 5,2 milhões de pessoas
têm entre R$ 100,01 e R$ 1.000 esquecidos.
A maior parcela de
beneficiários é de quem tem até R$ 10: estes são, ao todo, 33 milhões de
pessoas.
Os números, referentes ao
mês de agosto e atualizados pelo BC em 7 de outubro, consideram o total de
contas — uma pessoa pode ter mais de uma conta aberta com dinheiro esquecido.
(veja mais abaixo como consultar)
Confira a quantidade de
beneficiários por faixa de valores a receber:
Acima de R$ 1.000,01:
940.024 contas | 1,80% do total;
Entre R$ 100,01 e R$
1.000,00: 5.199.838 contas | 9,94% do total;
Entre R$ 10,01 e R$ 100,00:
13.100.665 contas | 25,05% do total;
Entre R$ 0,00 e R$ 10,00:
33.054.663 contas | 63,21% do total.
Como consultar o dinheiro
esquecido
O único site no qual é
possível fazer a consulta e saber como solicitar a devolução dos valores para
pessoas jurídicas ou físicas, incluindo falecidas, é o https://valoresareceber.bcb.gov.br.
Via sistema do Banco
Central, os valores só serão liberados para aqueles que fornecerem uma chave
PIX para a devolução.
Caso não tenha uma chave
cadastrada, é preciso entrar em contato com a instituição para combinar a forma
de recebimento. Outra opção é criar uma chave e retornar ao sistema para fazer
a solicitação.
No caso de valores a receber
de pessoas falecidas, é preciso ser herdeiro, testamentário, inventariante ou
representante legal para consultá-los. Também é necessário preencher um termo
de responsabilidade.
Após a consulta, é preciso
entrar em contato com as instituições nas quais há valores a receber e
verificar os procedimentos.
Dicas para não cair em
golpes
A primeira dica do Banco
Central para não cair em golpes é não clicar em links suspeitos enviados por
e-mail, SMS, WhatsApp ou Telegram.
A instituição informa que
não envia links, nem entra em contato com ninguém para tratar sobre valores a
receber ou para confirmar dados pessoais.
"Somente a instituição
que aparece na consulta aos valores a receber que pode contatar seu cliente,
principalmente no caso de pedido de resgate de valores sem indicar uma chave
PIX. Mas ela nunca irá pedir os dados pessoais ou sua senha", diz o BC.
Além disso, a instituição
orienta a não fazer qualquer tipo de pagamento para ter acesso aos valores.
Também reforça que não existe a opção de receber algum valor pelo uso de
cartões de crédito.
Por André Catto, g1
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