NEGOCIATA ELEITORAL: Cidade brasileira tem eleitor que vendeu voto e foi para as urnas usando óculos-espião.
Mesária desconfia de óculos com microcâmera usado por vários eleitores na hora de votar
Em Ourilândia do Norte (PA), candidato a vereador tentou
garantir que votos comprados fossem realmente confirmados na urna.
Em uma cidade do Pará, Ourilândia do Norte, eleitores
venderam o seu voto e foram para as urnas com um óculos-espião, a fim de que
comprovassem que o voto vendido fosse realmente confirmado no vereador Edivaldo
Borges Gomes, o Irmão Edivaldo (MDB).
Os óculos, com uma microcâmera embutida, chamaram a atenção
de uma mesária. Mais de uma pessoa na mesma seção eleitoral entrou com o
objeto.
A mesária disse à polícia que, “em determinado momento,
observou um eleitor portando óculos com espessura extensa. E depois de alguns
instantes, uma adolescente estava com o mesmo objeto no bolso”.
Ela contou que abordou a eleitora e acionou os funcionários
da Justiça Eleitoral, que descobriram que os óculos possuíam uma câmera
acoplada.
A adolescente abordada declarou que uma pessoa desconhecida
ofereceu R$ 200 para que ela votasse no candidato a vereador Irmão Edivaldo. E
ela só receberia o valor caso comprovasse por meio das filmagens que votou no
candidato.
Irmão Edivaldo foi preso em flagrante e solto mediante
pagamento de fiança. Ele pode responder pelo crime de compra de votos e
associação criminosa. Cinco dias após ser reeleito, o político se defendeu das
acusações em uma sessão da Câmara de Vereadores.
DISPUTA MAIS ACIRRADA DO PAÍS TEM COMPRA DE VOTOS
Em Nova Olinda do Maranhão, os mais de 14 mil habitantes
viveram a disputa pela prefeitura mais acirrada em todo o país. Ary Menezes
(PP) foi eleito no primeiro turno com 50,01% dos votos válidos, e Thaymara
Amorim (PL) ficou em segundo lugar, com 49,99%. E a diferença entre os dois
candidatos foi de apenas dois votos.
Thaymara chegou a comemorar a vitória antes do fim da
apuração, que com 97% das urnas apuradas dava uma diferença de 100 votos a
favor dela. No entanto, o resultado final deu a vitória a Ary.
Depois da vitória, porém, alguns eleitores confessaram ter
vendido o voto em favor de Ary Menezes. E denunciaram que passaram a receber
ameaças e represálias.
Danilo Santos é um deles. Ele admitiu que foi procurado antes
da votação e aceitou vender o seu voto.
“Ary Menezes, com Ronildo, Cleo Barros, foram na minha casa,
entendeu? Pra gente fechar um compromisso”, revelou, citando Ronildo da
Farmácia (MDB), o vice, e Clecia Barros (Republicanos), aliada de Ary. Ele
revelou que o trio perguntou o que ele queria em troca do voto.
“Falei que era 1.500 telhas, 20 sacos de cimento e a madeira
da minha casa. Eles falaram para mim que se fosse só isso, já estava tudo
comprado. Que no outro dia era para eu ir buscar lá no galpão”, contou.
Danilo disse que não recebeu tudo o que foi prometido. E por
isso, mudou de ideia. E dois dias depois da eleição, um caminhão da prefeitura
retirou as telhas da casa dele.
Outra eleitora, a pescadora Luciane Souza Costa, também foi
ameaçada. Ela decidiu não votar em Ary e nem na vereadora indicada por ele
depois que o marido dela recebeu dinheiro pela compra do voto. Imagens gravadas
por Luciane mostram um homem, que tem o número do candidato a prefeito na
camisa, a ameaçando.
“Como eu não peguei o dinheiro, foi o meu marido que pegou, e
eu postei nos meus ‘Status’ dando apoio para a minha vereadora, me ameaçaram de
morte, eu, meu marido e minhas filhas. Que se a gente não votasse neles, eles
iam matara a gente”.
OUTRO LADO
Por nota, o prefeito eleito Ary Menezes disse que “a compra e
venda de votos compromete a democracia do pleito e deve ser apurada pela
justiça eleitoral", e se colocou à disposição para esclarecimentos.
Ronildo da Farmácia, o vice-prefeito eleito, negou as
acusações. “Eu dou a garantia que da minha parte e da parte do Ary, 100% de
certeza que não oferecemos dinheiro em troca de votos para ninguém. Fizemos uma
campanha limpa, está entendendo?”
A defesa de Clélia Barros disse em nota que “Clélia não tem
conhecimento sobre a captação ilícita de votos apontada na reportagem”, e que
“a cliente tem a vida pública pautada por honestidade, sempre respeitando os
pilares da democracia”.
Por Fantástico
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