Preço de alimentos é pedra no sapato do governo desde 2024 e Lula discute medidas para baixar custos.
O grupo de alimentação e bebidas foi responsável por um dos
maiores impactos sobre a inflação de 2024 com alta de 7,69% em 12 meses.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou
ministros para discutir, nesta sexta-feira (24), medidas governamentais que
possam contribuir para abaixar o preço dos alimentos.
A questão tem sido um ponto de preocupação e alerta no
governo federal desde o começo do ano passado, quando pesquisas de opinião
identificaram que o custo dos alimentos estava impactando negativamente na
avaliação do presidente.
Em março do ano passado, Lula fez uma reunião semelhante para
discutir o assunto. Mas, o problema persiste. A questão é, inclusive, um dos
principais desafios para a comunicação do governo, segundo o recém-empossado
ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Sidônio Palmeira.
Após o ministro da Casa Civil anunciar que faria uma
intervenção e ter que voltar atrás e explicar que isso não significaria mexer
artificialmente nos preços, o governo voltou a debater quais são as medidas que
podem ser tomadas.
Devem participar do encontro desta sexta os ministros da Casa
Civil, Rui Costa (PT); da Fazenda, Fernando Haddad (PT); da Agricultura e
Pecuária, Carlos Fávaro (PSD); do Desenvolvimento Agrário e Agricultura
Familiar, Paulo Teixeira (PT).
Inflação alta
A inflação do ano passado fechou 2024 acumulando alta de
4,83% e estourou o teto da meta previsto — o limite era 4,5%. O preço dos
alimentos e das bebidas puxou o indicador, dado que acumulou alta de 7,69% em
12 meses e contribuiu com 1,63 pontos percentuais para o índice do ano.
Na quinta-feira (23), os ministros Rui Costa, Carlos Fávaro,
Paulo Teixeira e o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda,
Guilherme Mello, também se reuniram para traçar as sugestões de ações a serem
apresentadas a Lula.
Desde as reuniões do ano passado, o governo diz que, entre os
fatores que elevaram o custo da comida estão os eventos climáticos extremos,
que atrapalharam a produção de alimentos do país, o que refletiu no aumento dos
preços.
A alta do dólar nos últimos meses também tem um impacto
significativo na inflação. Isso porque o índice tem afeta diretamente os valores
de produtos do Brasil, especialmente dos bens essenciais.
Quando a moeda norte-americana sobe, itens voltados para
exportação, importados ou que dependem de insumos internacionais, como
combustíveis, eletrônicos e alimentos, sofrem aumento.
Cobrança em reunião ministerial
Lula fez um lembrete aos ministros da importância de buscar a
diminuição dos preços dos alimentos na reunião ministerial realizada em 20 de
janeiro, na Granja do Torto.
“Se a gente trabalhou união e reconstrução, agora a gente vai
ter que trabalhar outra coisa importante: reconstrução, união e comida barata
na mesa do trabalhador, porque os alimentos estão caros na mesa do
trabalhador”, disse o presidente na parte de sua fala que foi transmitida.
“Todo ministro sabe que o alimento está caro. É uma tarefa
nossa garantir que o alimento chegue na mesa do povo trabalhador, da dona de
casa, na mesa do povo brasileiro, em condições compatíveis com o salário que
ele ganha”, completou.
A questão também é uma preocupação do ministro da Secom,
Sidônio Palmeira. O novo titular da pasta assumiu o cargo em 14 de janeiro com
o desafio de tentar azeitar o diálogo do governo com a população e fortalecer a
imagem digital do Planalto.
"Alguns preços de alimentos estão mais altos, e isso se
deve a vários fatores. Para a população mais simples, economia significa o
supermercado e a feira livre. O Ministério da Fazenda e outros setores do
governo estão trabalhando intensamente nessa questão", disse o ministro.
Lula disse para famílias cuidarem do orçamento
O presidente foi reeleito para este terceiro mandato tendo
como um dos principais motes de campanha a promessa de devolver a “picanha” e a
“cervejinha” à mesa da população mais pobre.
A frase foi uma forma que o político encontrou para dizer à
população que o custo de se alimentar cairia e que a capacidade de consumir
aumentaria.
Também em março de 2024, o presidente disse que as pessoas
"precisam ajudar a cuidar do próprio orçamento", ao comentar o
aumento do preço dos alimentos.
"Temos que ficar atentos aos preços dos alimentos.
Quando você produz demais e tem consumo de menos, o produto cai de preço, é
sazonal, é preciso que as pessoas ajudem a cuidar do seu próprio
orçamento", afirmou.
Ele também sugeriu que a população pesquisasse mais os preços
e evitasse comprar onde os produtos estivessem caros.
"Se você for num lugar comprar tomate e você perceber
que o tomate está caro, tem que se informar se não tem um lugar com o tomate
mais barato. Se for comprar um pé de alface e perceber que ele está caro, tem
que se ajudar, não é ajudar o governo, é se ajudar, e não comprar aquilo. Ou
seja, para que a gente possa, então, ter, no comportamento do povo, um
equilíbrio no orçamento familiar no que diz respeito ao alimento", disse.
À época, Lula declarou que o governo tem consciência sobre a
importância de ter um alimento mais barato, mas isso significa aumentar os
salários das pessoas.
Também em 2024, Lula se reuniu com setores da produção de
alimentos. O presidente se encontrou com empresários:
de fruticultura;
de proteína; e
da indústria alimentícia.
Por Pedro Henrique Gomes, g1 — Brasília
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