TCU: governo terá de ajustar Orçamento para desbloquear Pé-de-Meia.
Ministro Augusto Nardes reuniu-se com Haddad e Camilo Santana
A continuidade do programa Pé-de-Meia, que paga R$ 2 mil por
aluno de baixa renda do ensino médio, depende de o governo ajustar o Orçamento
em 2025, disse nesta segunda-feira (10) o ministro do Tribunal de Contas da
União (TCU), Augusto Nardes. Ele recebeu nesta segunda os ministros da Fazenda,
Fernando Haddad, e da Educação, Camilo Santana, para discutir o bloqueio de
quase metade dos recursos do programa para este ano.
“Estamos buscando um diálogo, a conversa é fundamental para
encontrar caminhos. É um programa importante para o país. O tribunal não é
contra o programa, o que nós queremos é que seja ajustado via Orçamento. Então,
nessa primeira conversa, foi estabelecido isso como ponto central”, declarou
Nardes. O ministro acrescentou que está ouvindo representantes do governo e do
Congresso para superar o impasse e manter o Pé-de-Meia.
Relator de um processo que pede a inclusão do Pé-de-Meia no
Orçamento de 2025, Nardes bloqueou, em 19 de janeiro, R$ 6 bilhões dos R$ 13
bilhões previstos para o programa neste ano. Três dias mais tarde, o plenário
do TCU manteve a decisão. A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu, e o TCU
pode analisar o recurso nesta semana.
A legislação que criou o Pé-de-Meia estabelece que o programa
seja financiado por meio do Fundo de Incentivo à Permanência no Ensino Médio
(Fipem), gerido pela Caixa Econômica Federal. O fundo pode ser abastecido tanto
com recursos do Orçamento do ano vigente como por meio do Fundo Garantidor de
Operações (FGO) e do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo
(Fgeduc).
Nardes acatou ação do subprocurador-geral Lucas Rocha
Furtado, do Ministério Público junto ao TCU (MPTCU), que alegava que os valores
utilizados para o crédito do programa estavam fora do Orçamento porque, ao não
passarem pela conta única do Tesouro Nacional, os recursos dos fundos burlavam
o limite de gastos do arcabouço fiscal, que restringe o crescimento dos gastos
a 70% do crescimento real (acima da inflação) da receita no ano anterior. A
área técnica do TCU manteve o alerta.
Ao retornar do encontro no fim da manhã, o ministro da
Fazenda, Fernando Haddad, disse ter levado uma série de considerações a Nardes
e defendido a legalidade do sistema de financiamento do Pé-de-Meia. “Nós
estamos procurando atender à área técnica do Tribunal, mas ao mesmo tempo
garantir a continuidade do programa que hoje atende 4 milhões de estudantes.
Nós levamos uma série de considerações para ele, ele vai processar internamente
e nos dar a devolutiva oportunamente”, afirmou Haddad.
O governo defende a inclusão do Pé-de-Meia no Orçamento de
2026. O TCU, no entanto, quer a inclusão já no Orçamento deste ano, que ainda
não foi votado pelo Congresso. Segundo Nardes, o TCU está negociando uma forma
de “modular” a decisão, ouvindo todos os ministérios e o Congresso.
Além de Haddad e Santana, o ministro do TCU se reunirá com os
novos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e do Senado, Davi
Alcolumbre. Ele também pretende conversar com parlamentares da situação e da
oposição.
Agência Brasil
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