Mudança na regra do PIX deve atingir 1% de chaves ligadas a CPF. Decisões ainda não têm data para entrar em vigor.
As novas regras de uso do Pix devem afetar oito milhões de
chaves pix ligadas ao Cadastro de Pessoas Físicas (CPFs), informou nesta
quinta-feira (6), em Brasília, o chefe adjunto do Departamento de Competição e
de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central (BC), Breno Lobo. Hoje, o
BC publicou alterações nas regras do Pix para suspender as chaves de CPFs e do
Cadastro de Pessoas Jurídicas (CNPJs) que não estejam regulares na Receita
Federal.
Segundo o BC, a medida visa aprimorar a segurança das
transações e impedir a aplicação de golpes via Pix, utilizando nomes diferentes
daqueles armazenados na base de dados da Receita Federal. A norma determina que
o CPF com situação cadastral suspensa, cancelada, titular falecido e nula não
poderá ter chave Pix registrada na base de dados do BC.
Atualmente, o BC registra 836 milhões de chaves Pix
cadastradas, das quais 796 milhões são ligadas a pessoas físicas (CPFs). Desse
total, 99% estão em situação regular e apenas 1% - cerca de oito milhões -
apresentam problemas. Os dados são de fevereiro deste Breno Lobo informou ainda
que o BC identificou que a maior parte das inconsistências está relacionada a
problemas com a grafia de nomes e que a medida também vai ajudar a resolver
esse tipo de problema cadastral de pessoas físicas.
“No banco você só pode abrir uma conta com CPF e CNPJ válido;
por falhas nesse processo os bancos deixam passar nomes diferentes do CPF e do
CNPJ”, disse. “Meu nome é Breno e vamos dizer que o banco registre, na minha
conta, o nome Bruno, isso é um problema e o próprio banco tem mecanismos para
resolver”, explicou.
Além dos problemas com grafia de nomes, o Banco Central
também identificou irregularidades envolvendo CPFs de pessoas falecidas e que
ainda constam da base de dados cadastrais dos bancos. Na avaliação do BC, a
medida vai ajudar a resolver esse problema cadastral, já que esses CPFs têm
sido usados para aplicar golpes.
O diretor do BC reiterou que a medida não é voltada para
questões fiscais, mas para erros ou inconsistências cadastrais e foi tomada
após o BC identificar a utilização de chaves Pix vinculadas a nomes e CPFs que
não correspondiam ao registrado nas bases da Receita Federal.
“O que a gente quer impedir é que um fraudador registre
qualquer chave em qualquer banco com um nome diferente do que está [registrado]
na Receita Federal. Um exemplo é o fraudador que registra, por exemplo, o nome
de pagamentos IPVA com o CPF e outro nome cadastrado na Receita”, disse Lobo
durante entrevista, em Brasília, para explicar as mudanças. “Essa é a fraude
que a gente está querendo impedir”, reiterou.
Empresas
Em relação a empresas, a norma diz que o CNPJ com situação
cadastral suspensa, inapta, baixada e nula também não poderá ter chaves Pix
registradas na base de dados do Banco Central.
Atualmente, o BC tem registradas 39,8 milhões de chaves
vinculadas a CNPJs. Desse total, 95% estão com a situação regular, o restante -
cerca de dois milhões - apresenta problemas na comparação com a base de dados
da Receita. Desse total, 59% estão com o CNPJ inapto, 39% na situação de CNPJ
baixado, quando a empresa encerra suas atividades, e 2% estão com o CNPJ
suspenso.
Entre os problemas encontrados pelo BC estão CNPJ sem
validade, não cumprimento de obrigações legais, indícios de fraude e mais de
dois anos sem apresentar demonstrativos ou declaração contábil, o que, na
avaliação da autoridade monetária, configuraria uma situação que beira a
fraude.
Questionado se as regras de suspensão poderiam afetar
diretamente microempreendedores individuais (MEIs), que, muitas vezes, por não
contar com estrutura contábil adequada acabam atrasando a entrega de
declarações e ficam com pendências fiscais junto à Receita Federal, Lobo disse
que o BC está trabalhando com o órgão para minimizar a situação.
“A gente vai acompanhar junto à Receita Federal a situação do
MEI para que isso não aconteça. Operacionalmente, ainda não desenhamos a forma,
mas conversamos com a Receita para poder operacionalizar e não permitir que
situações fiscais interfiram no uso do Pix por parte dos MEIs”, acentuou.
Sem data para vigorar
As novas regras ainda não têm data para entrar em vigor.
Breno Lobo esclareceu ainda que toda chave Pix contém informações que ficam
vinculadas à chave, como CPF, CNPJ, nome do titular, nome fantasia, data de
abertura da conta na qual a chave está vinculada e data de criação da chave,
por exemplo.
A estimativa do BC é que - dentro de 30 dias - os bancos já
tenham limpado as informações fraudulentas ou incorretas de suas bases de
dados.
“A gente quer evitar o uso de empresas abertas com nomes para
legitimar golpes. {Pretendemos] dificultar a vida dos fraudadores e dos
golpistas na hora da aplicação de golpes”, finalizou.
Agência Brasil
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