Secretaria de Saúde de Campina Grande afasta profissionais do Isea após denúncia de negligência médica contra gestante.
Segundo o pai da criança, a mãe teria recebido uma dose
excessiva de medicamento para induzir o parto. Bebê morreu e gestante perdeu o
útero.
A Secretaria de Saúde de Campina Grande decidiu, nesta
terça-feira (11), afastar os profissionais da maternidade Instituto de Saúde
Elpídio de Almeida (Isea) que atenderam uma gestante vítima de uma suposta
negligência médica. A mulher perdeu o útero e o bebê morreu.
Inicialmente, a secretaria informou que iria abrir uma
sindicância para apurar o caso. Algumas horas depois, ainda na noite desta
terça-feira (11), o órgão emitiu uma nota anunciando o afastamento dos
profissionais envolvidos, até que o caso seja apurado.
"O afastamento se faz necessário enquanto durar a
sindicância que investiga a ocorrência. A Secretaria de Saúde acrescenta que
toda a apuração será feita com o máximo rigor e os profissionais terão amplo
direito de defesa, no processo", diz a nota.
Entenda o caso
Um pai denunciou nas redes sociais que o filho morreu na
maternidade Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA), em Campina Grande,
após a mãe da criança receber uma superdosagem de um medicamento para induzir o
parto. Segundo ele, a complicação também levou à retirada do útero da gestante.
A Polícia Civil investiga o caso.
A Secretaria de Saúde de Campina Grande afirmou que abrirá
uma sindicância para apurar o parto do bebê no ISEA e que afastou de forma
cautelar os profissionais que atenderam a mulher.
O Conselho Regional de Medicina e o Ministério Público da
Paraíba informaram que só irão se manifestar após o recebimento de uma denúncia
formal.
Segundo o pai da criança, Jorge Elô, a mulher deu entrada na
unidade hospitalar no último dia 27 de fevereiro. Na manhã do dia seguinte,
exames indicaram a viabilidade de um parto vaginal, e a equipe médica iniciou a
indução com comprimidos intravaginais.
Naquele momento, souberam que o mesmo médico que realizava o
pré-natal particular da gestante estaria de plantão naquela noite no ISEA. Na
madrugada do dia 1º de março, o médico substituiu a medicação por uma
intravenosa, intensificando as contrações.
Por volta das 6h daquele dia, segundo relato do pai, duas
enfermeiras do hospital atenderam a mãe da criança. Uma constatou que a cabeça
do bebê já estava coroada, enquanto a outra aumentou a dosagem da medicação
sem, segundo ele, consultar o médico.
“Ela começou a vomitar e a tremer de frio. Ao procurarmos
ajuda, ouvimos que era ‘normal’. Desesperada, [a vítima] implorou para não
ficar sozinha, mas as profissionais a abandonaram, alegando ter outras
gestantes para atender. Nosso médico de confiança havia ido embora do plantão
sem sequer nos ver”, afirmou nas redes sociais.
Ainda de acordo com Jorge Elô, o trabalho de parto parou de
evoluir, e as profissionais teriam culpado Danielle por não ter “colaborado”. O
pai relatou que, minutos depois, elas teriam forçado a mulher a fazer força,
mas ela desmaiou e estava sem pulso. Nesse momento, a levaram às pressas para a
cirurgia.
Em entrevista à rádio CBN João Pessoa, o pai da criança
afirmou que, após sua esposa ser levada para a sala de cesárea, ficou sem
notícias sobre o que estava acontecendo. Quando finalmente entrou no local, viu
a equipe médica retirando o bebê já sem vida e segurando o útero da mãe. “O
médico me entregou o órgão para eu fazer a biópsia do útero e explicou que
nunca tinha visto um rompimento daquela forma", relatou.
"Eu estou revoltado, estou com muito ódio, mas, ao mesmo
tempo, estou tendo acolhimento de familiares e amigos. A retirada do útero dela
dificultou a realização desse sonho novamente. Eles fizeram algo muito grave
com a gente. Eu ainda não consegui viver meu luto e entender, sentir. O tempo
todo, estou tentando ser forte para cuidar dela, denunciar e conseguir
responsabilizar todo mundo envolvido", afirmou.
De acordo com o delegado Rafael Pedrosa, o caso está sendo
investigado pela Polícia Civil. A investigação avançará com o depoimento de
testemunhas e o resultado de laudos periciais, incluindo exames no corpo do
recém-nascido, exame toxicológico, exame de lesão corporal na mãe do bebê e
análise pericial do útero, que foi levado separadamente.
Por g1 PB
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