Domingos e feriados sem comércio: portaria fere liberdade econômica, alegam entidades do setor.
Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do
Brasil classifica como retrocesso a Portaria nº 3.665/2023 e defende sua
revogação imediata para proteger empregos, pequenos negócios e o direito de
empreender
Uma portaria do Ministério do Trabalho e Emprego prestes a
entrar em vigor pode alterar profundamente as relações comerciais no Brasil e
afetar diretamente o setor que mais gera empregos no país: o comércio e
serviços. A Portaria nº 3.665/2023 impõe que o funcionamento de
estabelecimentos aos domingos e feriados dependa de negociação coletiva com
sindicatos, retirando a autorização automática para abrir nesses dias.
A medida preocupa empresários e trabalhadores, que veem nos
fins de semana e feriados os períodos de maior movimento e faturamento. Para o
setor produtivo, isso pode representar aumento dos custos trabalhistas, perda
de competitividade e impacto direto na geração de empregos, especialmente entre
pequenos e médios negócios que dependem do fluxo constante de clientes.
Entidade empresarial pede revogação imediata
A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do
Brasil (CACB) reagiu com veemência à imposição da Portaria e exige a revogação
imediata da norma. O presidente da entidade, Alfredo Cotait, a classifica como
um retrocesso que engessa a atividade comercial e interfere na autonomia de
milhões de trabalhadores que buscam ampliar sua renda atuando em horários
alternativos.
“É inadmissível que se imponha uma norma que restringe a
liberdade de empreender em um país com mais de 5,7 milhões de
microempreendedores individuais”, afirma Cotait. Ele também critica o impacto
sobre o consumidor, que terá menos opções de compra nos dias em que mais pode
consumir.
Segundo a especialista em direito e processo do trabalho,
Priscilla Pacheco, o setor produtivo tem demonstrado muita preocupação com os
impactos econômicos e operacionais dessa medida, especialmente para o comércio,
o varejo e o setor de serviços.
“A crítica principal é que exigir negociação coletiva em
todos os casos pode gerar insegurança jurídica, aumentar os custos e até
inviabilizar o funcionamento em datas estratégicas, como feriados prolongados e
datas comemorativas. Outro ponto recorrente é que a regra desconsidera as
diferenças regionais e a diversidade das negociações no país.
A especialista ainda destaca que em muitas regiões os
sindicatos estão pouco atuantes ou não estão nem abertos à negociação, “o que
pode paralisar empresas, mesmo quando há interesse em manter as atividades.”
Três adiamentos seguidos
A portaria, já adiada três vezes, está prevista para entrar
em vigor no dia 1º de julho. Uma nova reunião entre representantes do governo e
entidades empresariais será realizada na terça-feira, 3 de junho, no Ministério
do Trabalho. A CACB, que representa 2.300 associações comerciais em todo o
país, reforça que não se opõe ao diálogo, mas exige que qualquer regulação
respeite a liberdade econômica e a realidade empresarial brasileira.
“O Brasil precisa de mais liberdade para empreender, não de
novos entraves para quem trabalha”, conclui Cotait.
Fonte: Brasil 61 –
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